"Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."
Alexandre O' Neil
Ouvi este maravilhoso poema cantado em forma de fado.
Foi sábado, final de tarde que me fez andar pelas ruas de Alfama. Entardecer, envolto em paz dada pelas saudades que se tem, que se matam, que se sentem. Paz dada pela presença.
Ouvir palavras cantadas, magnificamente acompanhadas, por aquela voz que já não ouvia a algum tempo. Saudades tambem desse tempo feliz, despreocupado, em que jogavamos no meio da areia e o tempo escorria dos dedos.
Fechar os olhos, sentir e ouvir... sorrir. Ao meu colo, o grande amor (em tom babado declaro como me emociono e me deslumbro com o pequeno ser que me acompanha em tudo e que tira prazer de tudo...seja fado numa sala escura, seja opera a olhar para um tecto trabalhado, sejam as princesas que são do mundo dela!), ao meu lado um amor de vida, dentro de mim todos os que me acompanham.
Porque há palavras que nos beijam como se tivessem boca cantada, palavras dedilhadas pelos dedos da noite que entra de mansinho.
Fechem os olhos e experimentem!
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