Chama-se B. N.
Foi a minha primeira paixão. Paixão nos termos básicos em que a reconheço hoje, com muito fogo a queimar cá dentro e uma vontade incrível de correr.
Foi a minha primeira paixão. Éramos jovens, eu um pouco mais jovem que ele… tão jovens que gostar dele valeu-me grandes castigos parentais!
Não nos separávamos. Nem quando nas aulas nos obrigavam a carteiras separadas e o tempo enchia-se a escrever bilhetes que passávamos, às vezes presos nos atacadores dos ténis, pernas esticadas para o outro.
Os nossos pais foram chamados ao Conselho Directivo e no ano a seguir separaram-nos de turma.
Não fazia mal. Encontrávamo-nos nas esquinas, nos caminhos, na janela dele. Qualquer lado.
Fomos crescendo, mudámos de escola, mudámos de mundos, mas continuamos a partilhar a janela dele como porta de entrada para um outro mundo, nosso. Connosco o Leão, cão rafeiro de grande porte, que, satisfeito, saltava pela janela para logo correr para dentro de casa atrás de nós.
Foi ele que me mostrou erva e pastilhas. Explicou-me o que eram e o que provocavam. Acho que foi por isso que nunca tive curiosidade em experimentar. Ele já me tinha mostrado.
Foi com ele que aprendi a gostar de andar de mota. Era louco a acelerar e muitas vezes os capacetes foram substituídos por bonés, para podermos falar melhor enquanto andávamos. Inconscientes? Sim, mas de uma simplicidade que não se voltou a repetir.
Passaram muitos anos desde que nos vimos pela última vez. Muitos.
Hoje ele encontrou-me virtualmente e ainda não parámos de falar. E continua a ser tão simples! Hoje parece que estou no sétimo ano, no primeiro dia de aulas, parece que o vi entrar e pensei “ É pá, este gajo é novo na escola! Quero conhece-lo!”
E isto é o que o mundo virtual, as redes sociais, têm de bom. Voltar a encontrar
Só não consigo dedicar-me à agricultura…falta-me o cheiro a terra nas mãos!
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