Tenho vontade de viajar... ou pelo menos sair da Lisboa que amo, nem que seja só um dia.
Tenho por Lisboa amor,o primeiro amor. Gosto do seu jeito de menina escondida que balança os pés no rio, de mulher vadia e ordinária, da sua luz reflectida em cada estendal. Tenho-lhe amor, mas por vezes preciso mesmo de sair daqui.
Adoro viajar, abrir os olhos e ver, decepcionar-me ou deslumbrar-me. Pode ser só ali ao lado... dois passos ao lado e já tudo é diferente.
Gosto de sair e da sensação confortável de voltar (cheia de qualquer coisa), quase como os namorados que com a distância sentem saudade e a vontade imensa de cair nos braços um do outro
"Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos
van marcando mi retorno.
Son las mismas que alumbraron
con sus pálidos reflejos
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso
siempre se vuelve
al primer amor.
La vieja calle
donde me cobijo
tuya es su vida
tuyo es su querer.
Bajo el burlón
mirar de las estrellas
que con indiferencia
hoy me ven volver.
Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir
que es un soplo la vida
que veinte años no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.
Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que pobladas de recuerdos
encadenen mi soñar.
Pero el viajero que huye
tarde o temprano
detiene su andar.
Y aunque el olvido
que todo destruye
haya matado mi vieja ilusión,
guardo escondida
una esperanza humilde
que es toda la fortuna
de mi corazón.
Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien."
terça-feira, 29 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
O quanto podemos amar
Novas palavras e novos conceitos : Poliamor.
Descreve as relações interpessoais amorosas que recusam a monogamia como principio ou necessidade. "Defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com várias (os) parceiras (os) simultaneamente."
Não tem a ver com ser poligamico, que implica um contrato com mais que uma pessoa, nem swing que apenas visa a troca de parceiros sexuais. Vai mais além, permite aquilo que se chama "gostar de duas pessoas".
Acho bem! Parece-me um movimento ao qual me poderia juntar, sim porque já é um movimento organizado! Como movimento existe há 20 anos nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, e em 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional de Poliamor.
Entendo o conceito perfeitamente. Entendo-o desde o dia (long time...) que percebi dolorosamente, que não há principes encantados e que podemos descobrir as qualidades que gostamos e com que nos identificamos em várias pessoas, mas muito dificilmente todas elas numa só pessoa.
A grande questão que me assalta é como se consegue gerir isto. É tão profundamente enraízada esta condição de quase dono dos outros com quem temos relações amorosas, que volto a perguntar, como se gere?
Como se consegue não sentir ciúmes, não se cair na tentação de pensar "se calhar ele gosta mais dela do que de mim...", sei lá, este tipo de parvoices típico dos sentimentos apaixonados?
A existência do Poliamor significará uma evolução de mentalidades? Significará que as pessoas que o praticam conseguiram atingir um tal grau de confiança em si e nos outros que os permite "navegar" calmamente no amor?
A sério que não sei. Mas sei que se conseguissemos todos ser praticantes do Poliamor, a taxa de divorcios descia em flecha!
Por mim, consigo ver-me perfeita e claramente envolvida em amores responsáveis e duradouros com o Brad Pitt e George Cloney ou o Jude law e o Johnny Deep ao mesmo tempo. :)
P.s - Nem a proposito, que tal ler "Uma Questão de Fé" http://instantesdecisivos.wordpress.com/
Descreve as relações interpessoais amorosas que recusam a monogamia como principio ou necessidade. "Defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com várias (os) parceiras (os) simultaneamente."
Não tem a ver com ser poligamico, que implica um contrato com mais que uma pessoa, nem swing que apenas visa a troca de parceiros sexuais. Vai mais além, permite aquilo que se chama "gostar de duas pessoas".
Acho bem! Parece-me um movimento ao qual me poderia juntar, sim porque já é um movimento organizado! Como movimento existe há 20 anos nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, e em 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional de Poliamor.
Entendo o conceito perfeitamente. Entendo-o desde o dia (long time...) que percebi dolorosamente, que não há principes encantados e que podemos descobrir as qualidades que gostamos e com que nos identificamos em várias pessoas, mas muito dificilmente todas elas numa só pessoa.
A grande questão que me assalta é como se consegue gerir isto. É tão profundamente enraízada esta condição de quase dono dos outros com quem temos relações amorosas, que volto a perguntar, como se gere?
Como se consegue não sentir ciúmes, não se cair na tentação de pensar "se calhar ele gosta mais dela do que de mim...", sei lá, este tipo de parvoices típico dos sentimentos apaixonados?
A existência do Poliamor significará uma evolução de mentalidades? Significará que as pessoas que o praticam conseguiram atingir um tal grau de confiança em si e nos outros que os permite "navegar" calmamente no amor?
A sério que não sei. Mas sei que se conseguissemos todos ser praticantes do Poliamor, a taxa de divorcios descia em flecha!
Por mim, consigo ver-me perfeita e claramente envolvida em amores responsáveis e duradouros com o Brad Pitt e George Cloney ou o Jude law e o Johnny Deep ao mesmo tempo. :)
P.s - Nem a proposito, que tal ler "Uma Questão de Fé" http://instantesdecisivos.wordpress.com/
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Angola 74
Há livros que tocam..Ontem li um deles. Li "Retornados, Um amor nunca se esquece" do Julio Magalhães e li-o todo ontem à noite. Não que seja uma grande obra literária merecedora de um Nobel, pelo contrário é uma escrita normal, simples, quase a raiar o bilhete que se escreve em casa. A questão não foi a "grandeza" da escrita, foi o tema. A minha irmã também tinha lido o livro numa noite e a minha mãe em dois dias, mas elas têm um fraquinho pelo Júlio homem :)Nasci em Julho de 1974 no dia em que mataram o taxista em Luanda e que deu inicio aos confrontos civis raciais, pautados por emboscadas nos musseques e destruição cega de raiva. Foi das primeiras coisas que ouvi dizer à minha mãe " nasceste com os tiros e por isso és assim, nervosinha." :). Não tenho recordações de Angola, a não ser aquelas que foram construídas pelos (poucos) comentários dos meus pais. Não se falava em casa sobre Angola, acho que doía demais, que se optou por embalar as recordações naquelas grandes malas de latão tão características da época. Restava o frigorifico, que se tinha salvo no meio dos tiros, e que ainda hoje teima em funcionar e nos lembrar da nossa história.Viemos, creio que, em Setembro de 1975, de férias. Depois das filhas devidamente acomodadas na famíla que se apertava para dar espaço aos que vinham (eram 3 os filhos que voltavam à terra), os meus pais voltaram a Luanda. Creio que no fundo, bem no fundo, ainda havia um pouco de esperança que até ao anunciado dia 11 de Novembro as coisas melhorassem. Tantos que, como os meus pais, não acreditavam que era o fim, que Angola tinha sido "entregue" no meio de manobras politicas defendidas por Mário Soares, Agostinho Neto e Álvaro Cunhal. Também defendo que a descolonização tinha de ser feita. Não fazia sentido no panorama internacional e desde 61, com a "entrega" da India o "orgulhosamente sós" já não cabia neste país pequenino, mas a grande questão foi como isso foi feito e como o vazio ficou nos milhões que foram obrigados a voltar a um pais colonizador que não estava pronto para nos receber, porque ele próprio estava em mudança descontrolada. "Retornados" ouvi eu tanta vez...com o passar do tempo a resposta construida pronta na ponta da língua "retornado é quem retorna, eu nasci em Angola e vim para Portugal".Não consigo explicar o que senti ao ler o livro. Saltaram tantas memórias que não posso ter...O cheiro de Luanda e sua baía, a alegre descontracção de um pais que era mais livre e evoluído no pensamento e na forma de se viver que o seu próprio colonizador. A ponte aerea, os milhares à espera no aeroporto, e eu ao colo da minha mae dentro de um avião, a minha irmã ao colo do meu pai que olha lá para fora para o sonho de vida que já não cabe ali. A obrigação de recomeçar no meio do nada, do vazio que fica no depois.Lá em casa, voltou-se a falar de Angola, livremente e com alguma alegria quando a minha irmã voltou a Luanda pela primeira vez. Fiquei a conhecer a Cuca, a marginal, os pires de camarões que se davam nos cafés com a cerveja, como aqui dão tremoços. Tudo o que ontem o livro me fez recordar... o calor, a felicidade, o sonho, o vazio.A primeira vez que aterrou em Luanda, a minha irmã diz que chorou durante 45 minutos sem conseguir explicar porque. Também eu chorei ontem a ler, as memorias que não posso ter. Foi estranho e tão bom. Sou Angola, nas minhas veias corre esse calor (diz a minha mãe).
terça-feira, 22 de abril de 2008
Fénix
"Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar."
Ser de novo. Recomeçar! Sem medos nem lamentos. Acreditar.
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar."
Ser de novo. Recomeçar! Sem medos nem lamentos. Acreditar.
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