Lulu estava na ponte. A luz do candeeiro fazia reflexo nas águas escuras que passavam. Escuras como Lulu.
Lulu estava na ponte e podia jurar que aquela água já ali tinha passado. Não podia ser, diziam que a mesma água nunca passa debaixo da ponte, mas Lulu juraria a pés juntos que aquela água já ali tinha passado.
Lulu estava na ponte e pensava se saltava ou não. Vamos que saltava e em vez de ser arrastada para longe, voltava à mesma ponte. Isso, ela não queria. Não previra ir até aquela ponte, mas quando deu por isso já lá estava ou não estava. Não sabia bem. Ainda não tinha decidido.
Era constante esta indecisão, esta incerteza. Quando estava perto, tudo era claro, quando estava longe, tudo era perguntas numa qualquer noite escura por onde não queria ir.
Lulu estava na ponte. Subiu para o beiral e olhou outra vez para baixo. Teve a certeza, aquela água já ali tinha passado. Recordava perfeitamente aquele ponto de luz que brilhava no fundo. Só naquele fundo e em mais nenhum. Era aquele ponto de luz que a atraía e a fazia querer saltar. Ir para longe na cama de limos. Mas não aguentava pensar que se saltasse voltaria aquela ponte, como a água.
Lulu estava na ponte a abrir os braços para se poder ouvir.
sábado, 18 de abril de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário