quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Roubado" na Trama

"Por que razão haveria de abrir os olhos,
se o que me rodeia já está dentro de mim.

Em vão perco o que em vão procuro.
Olhando sem olhar,
tocando sem tocar, ouvindo
sem que até mim chegue já som algum,
imóvel,
igual a uma pedra.

Pouco a pouco,
o oculto e o visível transformam-se num só
como o rio
e a sua sombra.

(E o silêncio
é escutar o coração de um anjo.)

Ponho à prova o presente:
o seu ponto de chegada sem chegada.

Pergunto-me quem sou,
quem és,
quem somos.

De pé , em frente ao abismo do silêncio,
começa outra noite.

"Caixa Negra" - Josep M Rodríguez

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