segunda-feira, 8 de março de 2010

Painel

É sexta-feira, final do dia e tu não estás aqui. Na fila do trânsito, os carros levam dois que contam dia-a-dia entre risos e listas de compras.
Eu vou sozinha. Eu, o volante e a música. Um corpo inteiro e uma ausência.
Transporto comigo um desperdício enorme, mau aproveitamento de tudo o que esta na mala.
Uma tabuleta, à beira da estrada, indica uma saída que evito ver, por só me cheirar a gasolina queimada e a minha boca ter perdido a memória dos gritos lindíssimos que se dão de prazer.
Dizem que só se acredita por medo, eu digo que só se acredita porque se conheceu ou sentiu.
É sexta-feira, final do dia e quem sabe amanhã não haverá um salto para o espaço que falta para o amor com o teu nome, ainda que inexistente.

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