Estou em tolerância zero! Sem paciência nem disponibilidade para tentar entender tudo. Para tentar encontrar razões nos outros, como faço todos os dias. Não quero palavrinhas que são piores que palavrões nas delicadezas avançadas para que não se veja a brutalidade escondida.
Por isso não me cobrem empréstimos que eu não assinei para contrair. Já paguei os meus.
Não virem as frases contra mim, puxando sentimento, para que me vejam de joelhos a pedir desculpa. Os joelhos já não dobram e as desculpas já não são as minhas que são devidas. Eu já me culpei para depois aprender a desculpar.
Não me me peçam para acreditar nos sons que já passaram porque essa religião eu já não professo e tornei-me agnóstica.
Não sou cruz de salvação nem pedra que justifique o fundo da água. Resolvam-se que eu tambem me resolvi.
Se não conseguirem sozinhos aconselho psiquiatras, psicologos, psicoterapeutas. Eles sim, não eu que essa não é a minha formação.
Por isso aviso, estou em tolerância zero e quem passar em incumprimento das minhas leis, é multado!
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Composição
Gostava de escrever um texto genial, brutal, fatal. Com linhas bem delineadas e frases cheias de vontades, de verdades. Um texto que conseguisse dizer tudo em concordâncias gramaticais, figuras de estilo, metáforas alinhadas em paragráfos bem pontuados.
Um texto que dissesse a verdade universal, se ela existisse, que revelasse a fórmula certa, fórmula química ou de pura alquimia. Que fosse um fio condutor de uma qualquer electricidade que iluminaria o meu mundo. O mundo de quem o lesse.
Queria dizer tudo o que está aqui, para a frente, para trás. Que parasse no momento exacto para ser dito e escrito. Aqui em palavras que se leriam em repeat sempre que da verdade, verdadeira, se tratasse.
Aproveitar ao máximo todas as letras que alinhadas de diversas formas fariam palavras diferentes mas cheias de um só sentido.
Sem ditados populares, escritos de outros, teorias sem validade prática que mais não servem do que me tentar convencer. Porque as palavras que eu quero são as minhas. Queria pô-las aqui, publicadas, aproveitadas ao máximo do seu sumo. Queria que elas viessem ter comigo, como se de uma letra de uma canção se tratasse "baby, i've been waiting for you, don't run away now, we got nothing to lose"
Mas não sei quais são, e por mais que tente, não as conheço. Como também não me conheço.
Um texto que dissesse a verdade universal, se ela existisse, que revelasse a fórmula certa, fórmula química ou de pura alquimia. Que fosse um fio condutor de uma qualquer electricidade que iluminaria o meu mundo. O mundo de quem o lesse.
Queria dizer tudo o que está aqui, para a frente, para trás. Que parasse no momento exacto para ser dito e escrito. Aqui em palavras que se leriam em repeat sempre que da verdade, verdadeira, se tratasse.
Aproveitar ao máximo todas as letras que alinhadas de diversas formas fariam palavras diferentes mas cheias de um só sentido.
Sem ditados populares, escritos de outros, teorias sem validade prática que mais não servem do que me tentar convencer. Porque as palavras que eu quero são as minhas. Queria pô-las aqui, publicadas, aproveitadas ao máximo do seu sumo. Queria que elas viessem ter comigo, como se de uma letra de uma canção se tratasse "baby, i've been waiting for you, don't run away now, we got nothing to lose"
Mas não sei quais são, e por mais que tente, não as conheço. Como também não me conheço.
O meu
Amanhã faria dois meses. Faria, mas já não faz, porque já o fui buscar!
Tinha saudades! Estava a fazer-me falta as minhas marcas no assento!
Já o tenho! Já o tenho! O meu carro já está arranjadinho, lavadinho e a sorrir para a sua dona!
Tinha saudades! Estava a fazer-me falta as minhas marcas no assento!
Já o tenho! Já o tenho! O meu carro já está arranjadinho, lavadinho e a sorrir para a sua dona!
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Estendal
Apetecia-me pendurar roupa.
Abrir um estendal, vermelho que vermelho é cor forte. Abrir um estendal ao sol e ir pendurando roupa. Tirar, do grande alguidar que serviu de cama quando a máquina de lavar parou as rotações e as bolas de sabão, peça por peça. Primeiro as grandes. Sacudir, esticar por um lado, esticar por outro, alisar, para depois pendurar. Olhar para as molas e escolher a cor que combinará com a cor da peça.
A seguir as peças pequenas, arrumadinhas entre os espaços que as grandes deixaram. Estende-las em puzzle cheio de cor, tapando buracos.
Depois, despia a roupa que tinha vestida. Delicadamente. Primeiro a camisola com os braços puxados para cima, esticados para tocar no céu.
Com uma ligeira flexão da coluna, tirar as calças, primeiro uma perna, depois outra, num movimento pausado, quase de strip tease roçando o varão do estendal. Pegava na roupa e estendia-a e depois esperava que o sol me fosse aquecendo e libertasse o perfume do amaciador de roupa. Tudo com cheiro a roupa lavada.
Da rua poderiam ver a roupa, estendida em cores, imaculada, sem nódoas ou restos de vida agarrados e uma rapariga em lingerie, sem fardas.
Abrir um estendal, vermelho que vermelho é cor forte. Abrir um estendal ao sol e ir pendurando roupa. Tirar, do grande alguidar que serviu de cama quando a máquina de lavar parou as rotações e as bolas de sabão, peça por peça. Primeiro as grandes. Sacudir, esticar por um lado, esticar por outro, alisar, para depois pendurar. Olhar para as molas e escolher a cor que combinará com a cor da peça.
A seguir as peças pequenas, arrumadinhas entre os espaços que as grandes deixaram. Estende-las em puzzle cheio de cor, tapando buracos.
Depois, despia a roupa que tinha vestida. Delicadamente. Primeiro a camisola com os braços puxados para cima, esticados para tocar no céu.
Com uma ligeira flexão da coluna, tirar as calças, primeiro uma perna, depois outra, num movimento pausado, quase de strip tease roçando o varão do estendal. Pegava na roupa e estendia-a e depois esperava que o sol me fosse aquecendo e libertasse o perfume do amaciador de roupa. Tudo com cheiro a roupa lavada.
Da rua poderiam ver a roupa, estendida em cores, imaculada, sem nódoas ou restos de vida agarrados e uma rapariga em lingerie, sem fardas.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Luta
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Porte pago
Podia ser bonita. Não sabia. Da primeira vez que a viu não percebeu. Não se lembrava qual tinha sido o seu primeiro pensamento. Nem o último, interessasse para o que interessasse. Mas lembrava-se do riso, sincero de boca aberta. Das pequenas palavras, da gaguez que veio com rubor. Não se lembrava do primeiro pensamento, mas lembrava-se do segundo, de pensar que os cabelos eram negros e convidativos, que pareciam amarras, fortes. Que tinha ondas onde o tempo não fazia espera. Que lhe apeteceu dizer que parecia uma casa, larga e acolhedora, convidativa a entrar e sentar.
Depois disso, lembrava-se de a ver vir, calmamente, de todas as vezes que vinha sem ser convidada, entrando no seu tempo que tudo prometeu esquecer,ou mudar, diziam os ditados, mas que nunca mais vinha tornar o presente em frutos vermelhos que escorressem sumo.
Ela vinha, enroscada como animal com as pálpebras docemente adormecidas. Podia ser ali. Ou em qualquer outro sitio do mundo. Ele não se lembrava. O mais certo era querer escapar para qualquer parte longe do perigo. Longe do rasgo no tecido que não mais voltaria a ter a mesma trama.
Ela vinha como uma sombra que mexia em qualquer coisa, que acompanhava, mas o mais certo era estar sozinho e ele não se lembrava de como ela era. A não ser os cabelos negros e a boca aberta.
Houve um dia, que para espanto do silêncio, ela disse “Vem ter comigo. Que eu não espero mais no lugar da distancia das coisas”.
Estranho o pensamento que caiu. Somos pedras, mudas, imóveis. Estranha essa viagem que não tinha começado, foram outros e outros a acabarão.
Então ela foi embora.
Quando ele chegou, já era tarde demais. Agora lembrava-se de tudo. Da brancura da pele, da seda do toque, do primeiro pensamento “És tão bela!”
Do amor sombra. Do espaço entre as coisas e as vontades. Agora vazio.
De que falariam hoje os animais escondidos aos seus olhos?
Depois disso, lembrava-se de a ver vir, calmamente, de todas as vezes que vinha sem ser convidada, entrando no seu tempo que tudo prometeu esquecer,ou mudar, diziam os ditados, mas que nunca mais vinha tornar o presente em frutos vermelhos que escorressem sumo.
Ela vinha, enroscada como animal com as pálpebras docemente adormecidas. Podia ser ali. Ou em qualquer outro sitio do mundo. Ele não se lembrava. O mais certo era querer escapar para qualquer parte longe do perigo. Longe do rasgo no tecido que não mais voltaria a ter a mesma trama.
Ela vinha como uma sombra que mexia em qualquer coisa, que acompanhava, mas o mais certo era estar sozinho e ele não se lembrava de como ela era. A não ser os cabelos negros e a boca aberta.
Houve um dia, que para espanto do silêncio, ela disse “Vem ter comigo. Que eu não espero mais no lugar da distancia das coisas”.
Estranho o pensamento que caiu. Somos pedras, mudas, imóveis. Estranha essa viagem que não tinha começado, foram outros e outros a acabarão.
Então ela foi embora.
Quando ele chegou, já era tarde demais. Agora lembrava-se de tudo. Da brancura da pele, da seda do toque, do primeiro pensamento “És tão bela!”
Do amor sombra. Do espaço entre as coisas e as vontades. Agora vazio.
De que falariam hoje os animais escondidos aos seus olhos?
domingo, 24 de maio de 2009
Amiguinhas :)
São 09H15 e a televisão já está a bombar com a treta dos desenhos animados! Odeio-vos!
Acordei com a sensação que estou num barco ( conheces este baloiçar Miss Lion?)e na contagem feita para arrumações a razão aparece em duas e meia tinto contra uma branco. Odeio-vos! A ti Momentos, a ti Miss Lion e a ti $$$$.
Ainda mais vos odeio porque é por isto que a vossa pele vai ser sempre melhor que a minha! Se voces fossem amigas de verdade, davam-me um L'Prairie e contratavam uma baby sitter para acordar e ver a porcaria dos desenhos animados!
Pronto!!!! Já vos disse o que tinha a dizer. Agora vou lavar a loiça! Odeio-vos!
P.S - Alguma de voces me explica porque raio há cabelos da Barbie espalhados por todo o lado?
Acordei com a sensação que estou num barco ( conheces este baloiçar Miss Lion?)e na contagem feita para arrumações a razão aparece em duas e meia tinto contra uma branco. Odeio-vos! A ti Momentos, a ti Miss Lion e a ti $$$$.
Ainda mais vos odeio porque é por isto que a vossa pele vai ser sempre melhor que a minha! Se voces fossem amigas de verdade, davam-me um L'Prairie e contratavam uma baby sitter para acordar e ver a porcaria dos desenhos animados!
Pronto!!!! Já vos disse o que tinha a dizer. Agora vou lavar a loiça! Odeio-vos!
P.S - Alguma de voces me explica porque raio há cabelos da Barbie espalhados por todo o lado?
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Cinco Sentidos
Voar com as asas dadas pela visão. O primeiro murro. O que os olhos trazem em neblinas confusas, convexas de um qualquer ponto de fixação. A luz que expande dos olhos negros em pequenos projectores apontados ao nascer depois de uma qualquer morte. Sem filtros, mas com cor. As imagens retidas na retina, derretidas em lagos que se dão ao desconhecido. O que vem, em flashback, de volta à memória dos olhos sempre que a paisagem quer uma outra cor.
Voar com as asas dadas pela audição. Sons que se cruzam em melodias, operetas, trombones que anunciam uma chegada de qualquer coisa. A música da voz, da nossa, da vossa, delicadamente dedilhando poemas de amor, juras ou rasgos, vociferando palavrões de raiva e de dor. Ouvir, misturar, deglutir frases feitas, provérbios de sábia secular. Um pedido, uma resposta.
Voar com as asas dadas pelo olfacto. A terra molhada das primeiras chuvas de um qualquer perfume caro em gostas meticulosamente medidas para que não se gaste naquele momento. Um cheiro que trás outro no reconhecimento do que rodeia e do que fala quando o nariz se franze. Refogado ou lavado. Cheira bem em Lisboa ou nas capitais que o cérebro inventa quando invadido.
Voar com as asas dadas pelo paladar. Na língua onde as papilas enlouquecem do doce no principio que se transforma em amargo na direcção da garganta. Por onde começa a digestão do que sente quando o gosto se confunde com o Gosto e tudo é açúcar transformado depois de mastigado. Azedo do limão que obrigam a beber em esponjas directas à boca num dia qualquer em que a chuva se transforma em mar salgado.
Voar pelas asas dadas pelo tacto. Mãos nas mãos, dadas pela rua. Trabalhos suaves de bordado a ponto cheio. Pegar no mundo e deixá-lo escorrer ou agarrar até se confundir com a pele que o leu. Pontas dos dedos que tocam os corpúsculos sensoriais e avisam o cérebro para que os músculos se retraiam ou relaxem.
Manter o equilíbrio pelas asas dadas pelos sentidos e o par que não se faz . Sobra um que louco, solitário se atira para a frente fazendo com que o centro de gravidade se mova e o universo deixe de estar ali e se escape dos pés que não se conseguem agarrar mas já não faz mal porque as asas lançaram em voo e o chão não é lugar seguro.
Voar com as asas dadas pela audição. Sons que se cruzam em melodias, operetas, trombones que anunciam uma chegada de qualquer coisa. A música da voz, da nossa, da vossa, delicadamente dedilhando poemas de amor, juras ou rasgos, vociferando palavrões de raiva e de dor. Ouvir, misturar, deglutir frases feitas, provérbios de sábia secular. Um pedido, uma resposta.
Voar com as asas dadas pelo olfacto. A terra molhada das primeiras chuvas de um qualquer perfume caro em gostas meticulosamente medidas para que não se gaste naquele momento. Um cheiro que trás outro no reconhecimento do que rodeia e do que fala quando o nariz se franze. Refogado ou lavado. Cheira bem em Lisboa ou nas capitais que o cérebro inventa quando invadido.
Voar com as asas dadas pelo paladar. Na língua onde as papilas enlouquecem do doce no principio que se transforma em amargo na direcção da garganta. Por onde começa a digestão do que sente quando o gosto se confunde com o Gosto e tudo é açúcar transformado depois de mastigado. Azedo do limão que obrigam a beber em esponjas directas à boca num dia qualquer em que a chuva se transforma em mar salgado.
Voar pelas asas dadas pelo tacto. Mãos nas mãos, dadas pela rua. Trabalhos suaves de bordado a ponto cheio. Pegar no mundo e deixá-lo escorrer ou agarrar até se confundir com a pele que o leu. Pontas dos dedos que tocam os corpúsculos sensoriais e avisam o cérebro para que os músculos se retraiam ou relaxem.
Manter o equilíbrio pelas asas dadas pelos sentidos e o par que não se faz . Sobra um que louco, solitário se atira para a frente fazendo com que o centro de gravidade se mova e o universo deixe de estar ali e se escape dos pés que não se conseguem agarrar mas já não faz mal porque as asas lançaram em voo e o chão não é lugar seguro.
Cartão
Da Margem podia-se ver o infinito do mar, ao fundo. Finito na linha que cruzava o horizonte e que fazia parar o caudal, suave, na foz verde com rebordos de espuma branca.
Um gole de vinho, um cigarro acesso e no meio do fumo em espiral, o outro lado, com uma encosta qualquer, vulgar, sem nada que prenda os olhos. “ Por vezes, só temos de aceitar que é assim” .
Um gole de vinho e um cheiro, a fazer recordar outro. Perto ou distante. Memórias. Cheiros no ar, antes de entardecer.
“Deseja mais alguma coisa?” Muitos desejos. Silenciosos. Em bicos de pés para não fazer barulho. “É a conta. Obrigada”
Um gole de vinho, um cigarro acesso e no meio do fumo em espiral, o outro lado, com uma encosta qualquer, vulgar, sem nada que prenda os olhos. “ Por vezes, só temos de aceitar que é assim” .
Um gole de vinho e um cheiro, a fazer recordar outro. Perto ou distante. Memórias. Cheiros no ar, antes de entardecer.
“Deseja mais alguma coisa?” Muitos desejos. Silenciosos. Em bicos de pés para não fazer barulho. “É a conta. Obrigada”
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Mentira ou ilusão assassina
" Naquele momento, porém, e mesmo depois da revelação da não paixão, Tomás se assegurava: seria possível. Teria de ser possível. Porque o amor dele seria suficiente para os dois, como um prato farto num restaurante. Suficiente para alimentar duas pessoas, um desejo em dobro capaz de arcar com o peso de dois destinos, inclusive, e irmaná-los."
Adriana Lisboa, Sinfonia em Branco
Adriana Lisboa, Sinfonia em Branco
Verdade ou o principio mecânico
"Tomás disse perdi a capacidade (...) aquela capacidade, ele continuou, que eu tinha(...) de ser fexível, de ser maleável(...).
Se é que isso é uma questão de capacidade, sugeriu Clarisse. Talvez seja uma questão de vontade, voce sabe, tudo isso apaixonar-se, não se apaixonar. Desistir. Ou sobreviver."
Adriana Lisboa, Sinfonia em Branco
Se é que isso é uma questão de capacidade, sugeriu Clarisse. Talvez seja uma questão de vontade, voce sabe, tudo isso apaixonar-se, não se apaixonar. Desistir. Ou sobreviver."
Adriana Lisboa, Sinfonia em Branco
terça-feira, 19 de maio de 2009
A quatro mãos
Desde pequeninas...o sonho. A ilusão do romance, do tal! Reconhecer ao primeiro olhar. O primeiro olhar, o primeiro momento, o primeiro beijo, os "primeiros". E de quem é a culpa???? A culpa dos contos-de-fada contados à noite, das histórias "era uma vez... e viveram felizes para sempre", da vontade de acreditar e da esperança injectada.
A culpa é dos filmes, do amor à filme, do amor cheio, fácil. Do guião que acaba sempre com o bouquet atirado. Do amor à serie "How i meet your Mother". Com copo de vinho a degustar.
A culpa é da vontade de querer mais, da certeza (?) de se merecer mais. Da vontade de questionar e da mania de se achar que não se é padrão, que não se quer amores "clichés".
A culpa é de querer dizer um nome falso mas mesmo assim ser descoberta no meio de bolos. A culpa é de querer esperar o momento e saborea-lo porque a seguir vem outro. A culpa é da loucura de uma noite que arranca todas as outras no amor que está a vir.
A culpa é dos muros criados à força de projectos a viver e conquistas a saborear. A culpa é dos sonhos a voar a solo, da vontade escondida de não se sentir nada e guardar em redoma o desejo de se querer sentir tudo. A culpa é do medo da luz vir a expor a insegurança e preferir ficar em terra.
A culpa é do sangue que corre, corre sempre em direcção a uma foz onde desejo, amor, calor se transforma numa só lava.
A culpa é de atirar para a frente a vontade porque se tem sete vidas como os gatos e há que gastá-las todas, se necessário for, para o amor que vem ai. Para o tal.
A culpa é de querer partilhar a casa de banho com o fio dental a tirar todas as resistências à intimidade profunda.
A culpa é do fechar os olhos e decidir mergulhar. E que se lixe. Porque apetece e o desejo explode. A culpa é de saber que há momentos eternos mesmo que escorram entre os dedos. A culpa é da dor que se sente depois. Do amanhecer de nevoeiro que se adensou. A culpa é do reerguer o corpo e limpar a praia para continuar a caminhar e a procurar.
A culpa é do sabor, novo sempre novo, sem corantes nem conservantes mas com hidratos de carbono que são açucares depois de engolidos.
A culpa é dos contos de fadas, das series e dos amores à filme, numa qualquer terça feira partilhada à frente do visor.
A culpa, - desculpa -, é do sentir os ponteiros a passar. Mais um gole.
A culpa é dos filmes, do amor à filme, do amor cheio, fácil. Do guião que acaba sempre com o bouquet atirado. Do amor à serie "How i meet your Mother". Com copo de vinho a degustar.
A culpa é da vontade de querer mais, da certeza (?) de se merecer mais. Da vontade de questionar e da mania de se achar que não se é padrão, que não se quer amores "clichés".
A culpa é de querer dizer um nome falso mas mesmo assim ser descoberta no meio de bolos. A culpa é de querer esperar o momento e saborea-lo porque a seguir vem outro. A culpa é da loucura de uma noite que arranca todas as outras no amor que está a vir.
A culpa é dos muros criados à força de projectos a viver e conquistas a saborear. A culpa é dos sonhos a voar a solo, da vontade escondida de não se sentir nada e guardar em redoma o desejo de se querer sentir tudo. A culpa é do medo da luz vir a expor a insegurança e preferir ficar em terra.
A culpa é do sangue que corre, corre sempre em direcção a uma foz onde desejo, amor, calor se transforma numa só lava.
A culpa é de atirar para a frente a vontade porque se tem sete vidas como os gatos e há que gastá-las todas, se necessário for, para o amor que vem ai. Para o tal.
A culpa é de querer partilhar a casa de banho com o fio dental a tirar todas as resistências à intimidade profunda.
A culpa é do fechar os olhos e decidir mergulhar. E que se lixe. Porque apetece e o desejo explode. A culpa é de saber que há momentos eternos mesmo que escorram entre os dedos. A culpa é da dor que se sente depois. Do amanhecer de nevoeiro que se adensou. A culpa é do reerguer o corpo e limpar a praia para continuar a caminhar e a procurar.
A culpa é do sabor, novo sempre novo, sem corantes nem conservantes mas com hidratos de carbono que são açucares depois de engolidos.
A culpa é dos contos de fadas, das series e dos amores à filme, numa qualquer terça feira partilhada à frente do visor.
A culpa, - desculpa -, é do sentir os ponteiros a passar. Mais um gole.
Ai que a cabeça tá tão velhinha!
Entrei no carro e após diversas tentativas de andar para a frente, incluindo pontos de embraiagem feitos com travão de mão, descobri que a razão para não avançar era unicamente porque tinha engatada a marcha atrás!
Depois desta aventura resolvi beber café antes de me fazer à estrada. Vim embora sem pagar e tive de voltar atrás!
Outra vez no carro, comecei a conduzir em piloto automático, como de costume, e quando dei por mim estava à porta de casa dos meus pais em vez de ter virado alegramente para a estrada que me conduz ao trabalho!
Estou a tentar escrever um e-mail de trabalho e tá dificil porque não me consigo lembrar do nome das coisas!
Isto hoje promete...
Depois desta aventura resolvi beber café antes de me fazer à estrada. Vim embora sem pagar e tive de voltar atrás!
Outra vez no carro, comecei a conduzir em piloto automático, como de costume, e quando dei por mim estava à porta de casa dos meus pais em vez de ter virado alegramente para a estrada que me conduz ao trabalho!
Estou a tentar escrever um e-mail de trabalho e tá dificil porque não me consigo lembrar do nome das coisas!
Isto hoje promete...
segunda-feira, 18 de maio de 2009
" Direito" de resposta
Para ti que escreveste um texto só para os meus olhos. Com o que eu digo, com o que tu sentes. Eu compreendo, percebo e identifico profundamente. No meio das diferenças há muitas semelhanças. Também lhe conheci o sabor e também quero ter de volta o fogo.
A minha verdade não é mais verdadeira que a tua. É apenas diferente.
O equilíbrio? Sempre precário, sempre na fronteira.
No meio de todas as minhas teorias da batata, que conheces bem, o que te digo é que a realidade não tem nada a ver e que as teorias não me servem de nada, mas eu sou pé pesado, acelero em frente, mas também, por isso, capoto nas curvas e estripo-me toda, de formas que nem o INEM consegue salvar.
Não há formula certa é a única coisa que sei.
Um beijo
A minha verdade não é mais verdadeira que a tua. É apenas diferente.
O equilíbrio? Sempre precário, sempre na fronteira.
No meio de todas as minhas teorias da batata, que conheces bem, o que te digo é que a realidade não tem nada a ver e que as teorias não me servem de nada, mas eu sou pé pesado, acelero em frente, mas também, por isso, capoto nas curvas e estripo-me toda, de formas que nem o INEM consegue salvar.
Não há formula certa é a única coisa que sei.
Um beijo
domingo, 17 de maio de 2009
Mezinhas caseiras
É um remédio infalível contra a neura. Discuto com o paizão até ao limite da loucura. Gritamos um com o outro, muito, até a cabeça estalar com o som. Cada um sai de rompante e soltam-se as lágrimas descontroladas, como se tivesse outra vez dez anos. Depois voltamos, falamos com calma, compreendemos-nos bem porque as cabeças funcionam da mesma maneira. Falamos e falamos e dizemos um ao outro que o amor nunca é posto em causa. Assim. Sinceros. Desde sempre. Após estes anos todos continua a ser remédio infalível para a neura! Se sou mimada? Muito! Somos os dois. É uma questão de feitio!
P.S- Acho que é por isto que lido tão mal com o não falar...
P.S- Acho que é por isto que lido tão mal com o não falar...
sábado, 16 de maio de 2009
Arquivos X
De maneira que é assim, vou deixar-te.
Vou deixar-te ir, vou deixar-me ficar. Vou deixar-te. Já está decidido.
Primeiro vou tomar um banho. Quente, de imersão, com muita espuma. Vou passar um exfoliante para te tirar da primeira camada de pele. É essencial a limpeza. Começa por aqui, na pele, que a tua pele não me pertence, nunca pertenceu e eu devolvo-a à água para que se escoe.
De maneira que é assim, vou deixar-te. Talvez compre roupa nova, para que nunca me tenha vestido para que me pudesses despir a seguir. Ah, e mudar de perfume. É isso! Porque os cheiros se confundiam, o teu e o meu, e o meu não se cola à minha pele sozinho.
Parece-me um bom plano, começar por fora.
Não sei ainda o que faço ao sentimento. Se o guardo na gaveta das fotografias que não temos, se junto à camisola de lã que já não uso porque a temperatura está mais amena e o calor não justifica a gola.
Não sei ainda o que faça ao rebuliço que se gerou, onde antes havia a indeferença, mas talvez um chá de camomila ajude a acalmar a febre de te esperar sempre, em todos os espaços e de todas as formas. Ao deitar vou, também, beber leite com canela. Dizem que provoca bom sono e eu não quero sonhar contigo, já me chega que me invadas os pensamentos sem pedir licença em todos os minutos que estou acordada.
Vou substituir-te por uma almofada na cama. Só para que no principio não sinta tanta falta do calor que me provocavas a dormir. É melhor por mais um cobertor.
De maneira que é assim, vou deixar-te. Não que alguma vez te tenha tido. És demasiado escorregadio para isso e esta coisa do nós não existe quando um não quer e tu puseste demasiada força no não querer, por isso sou só eu e eu vou deixar-te.
Ainda não sei como te vou dizer. Por sms e depois desligo o telemovel para que não haja qualquer hipotese de ficar presa no visor à espera da tua fala?
Vou a tua casa e digo-te, sem passar o beiral da porta, e depois fujo a correr para que não te veja os olhos?
Ainda não sei como te vou dizer, mas vou deixar-te. Levo comigo o segredo de querer muito ouvir-te dizer que tu não me deixas, ainda que saiba que isso é mentira e que é por isso que vou deixar-te.
Vou deixar-te ir, vou deixar-me ficar. Vou deixar-te. Já está decidido.
Primeiro vou tomar um banho. Quente, de imersão, com muita espuma. Vou passar um exfoliante para te tirar da primeira camada de pele. É essencial a limpeza. Começa por aqui, na pele, que a tua pele não me pertence, nunca pertenceu e eu devolvo-a à água para que se escoe.
De maneira que é assim, vou deixar-te. Talvez compre roupa nova, para que nunca me tenha vestido para que me pudesses despir a seguir. Ah, e mudar de perfume. É isso! Porque os cheiros se confundiam, o teu e o meu, e o meu não se cola à minha pele sozinho.
Parece-me um bom plano, começar por fora.
Não sei ainda o que faço ao sentimento. Se o guardo na gaveta das fotografias que não temos, se junto à camisola de lã que já não uso porque a temperatura está mais amena e o calor não justifica a gola.
Não sei ainda o que faça ao rebuliço que se gerou, onde antes havia a indeferença, mas talvez um chá de camomila ajude a acalmar a febre de te esperar sempre, em todos os espaços e de todas as formas. Ao deitar vou, também, beber leite com canela. Dizem que provoca bom sono e eu não quero sonhar contigo, já me chega que me invadas os pensamentos sem pedir licença em todos os minutos que estou acordada.
Vou substituir-te por uma almofada na cama. Só para que no principio não sinta tanta falta do calor que me provocavas a dormir. É melhor por mais um cobertor.
De maneira que é assim, vou deixar-te. Não que alguma vez te tenha tido. És demasiado escorregadio para isso e esta coisa do nós não existe quando um não quer e tu puseste demasiada força no não querer, por isso sou só eu e eu vou deixar-te.
Ainda não sei como te vou dizer. Por sms e depois desligo o telemovel para que não haja qualquer hipotese de ficar presa no visor à espera da tua fala?
Vou a tua casa e digo-te, sem passar o beiral da porta, e depois fujo a correr para que não te veja os olhos?
Ainda não sei como te vou dizer, mas vou deixar-te. Levo comigo o segredo de querer muito ouvir-te dizer que tu não me deixas, ainda que saiba que isso é mentira e que é por isso que vou deixar-te.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Inhaling
Em miúda, com totós a baloiçar pensava no fogo dos dias, artificio a ribombar e explosões de cores, esferas, direitas à retina onde ficariam a descer até à tomada terra. Os totós permanecem You couldn´t be more wrong, darling! mas os sinais estão confusos Olha, faz só aquilo que te digo e ninguém sairá magoado, não chegues tão próximo do fogo que queima as asas e depois cais como Ícaro. Então o que faço com o dia que nasceu? Não estás a ouvir? Deixa-me acabar…Ouvir? Quero a leveza da promessa da aurora, quero as amoras quentes do dia de Verão, os pés enterrados na areia Não faças movimentos bruscos e ninguém sairá magoado, faz o que te digo Quero dançar em saltos loucos, atirar-me contra os ombros que riem na mesma batida, encher a minha boca de água fresca para depois depositar num beijo molhado a quem mo vier roubar faz o que te digo e don´t came any closer aproximar-me do abismo e olhar para ele desafiando-o com risos loucos, porque dali já vim em subida de recreio, ainda que faça doer o mundo a alegria de o abrir pela boca faz o que te digo, rende-te nessa guerra levantar lenços brancos metidos em mim até raiar pela boca o soluço que parta toda a cara em dois desfazendo as rugas em pele limpa Estás a misturar tudo, faz o que eu te digo e pára andar até cruzar tudo e amar como se aprendesse de toda a morte o nascimento, ingénuo, puro, a acreditar, a acreditar na vida toda que está para vir e que levará aos desejos de bolos de sonhos em postos longínquos Faz só o que te digo, fica quieta, e ninguém sairá magoado E quando tudo parecer perfeito ir mais além apanhando boleia na onda do respirar do mundo És louca e louca fechar sempre a porta atrás.
Tasmanices XXII
De vez em quando (pronto, quase todos os dias...) fazemos momentos de trocas de mimos. Hoje:
Diaba - Gosto mais de ti do que das flores do jardim.
Mãe- Gosto mais de ti do que do cheiro de terra molhada na Primavera
Diaba - Gosto mais de ti do que do meu dente que está a abanar....
(errr,isto é um elogio, certo???)
Sempre fiel à sua luta contra o sono, a desculpa de hoje era sobre como não podia ir para o quarto:
Diaba - Ó Mãe, mas eu estou um bocado confusa e depois não me vou sentir bem no meu quarto!
(Que?????????????????? Confusa?????????????? Ai que a miuda vai começar com crises de identidade...)
Diaba - Gosto mais de ti do que das flores do jardim.
Mãe- Gosto mais de ti do que do cheiro de terra molhada na Primavera
Diaba - Gosto mais de ti do que do meu dente que está a abanar....
(errr,isto é um elogio, certo???)
Sempre fiel à sua luta contra o sono, a desculpa de hoje era sobre como não podia ir para o quarto:
Diaba - Ó Mãe, mas eu estou um bocado confusa e depois não me vou sentir bem no meu quarto!
(Que?????????????????? Confusa?????????????? Ai que a miuda vai começar com crises de identidade...)
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Pois, mas é assim
Tenho um amigo que diz sempre que não decidir é uma forma de decidir. Que é o mesmo que dizer que a vida se resolve. Sozinha.
O mesmo que dizer que se ficarmos sentados tudo vai acontecer.
É uma maneira de ver as coisas. Conheço muita gente assim.
Muitas vezes também me apetecia ser assim. A vida resolve-se, não há nada que o tempo não faça passar ou fazer ver de outra maneira e tretas que tais.
Muitas vezes também queria ficar quieta no meu canto, não ter de fazer, não ter de decidir, não ter de andar, não ter de, não ter de….
Mas não sou.
Já experimentei fechar as portas e sentar-me quietinha à espera do dia em que a vida se resolveu. Mas depois, o estar quieta vira inquietação, o formigueiro começa a crescer e enlouqueço com o nada.
Já tive alturas em que equacionei, e muito, o ser assim. Acalmei e fiquei à espera que a vida se resolvesse sozinha, que o tal tempo fizesse tudo ficar melhor, mas no meio de todo o negro que por ali passava e que me fazia equacionar, descobri ( e essa foi a grande descoberta) e aceitei (me) que não sou assim, e que por mais que tudo, às vezes, esteja em carne viva e ao contrário, eu decido, faço, vou e dou. Mesmo sabendo que há probabilidades de errar e fazer tudo mal, ou sair tudo mal porque nem tudo está nas minhas mãos. Porque por mais que na minha cabeça ouça, mas para onde vais tu, rapariga d’um raio, volta aqui que ainda te vais magoar outra vez, e a trabalheira que isso dá, rapariga d’um raio que tem bichos carpinteiros e já lhe tá a dar os nervos na pernas, não consigo não ter opinião e não dar cartas em tudo na minha vida.
E porquê isto hoje? Porque interiormente tomei uma decisão.
É o que temos como prato do dia.
O mesmo que dizer que se ficarmos sentados tudo vai acontecer.
É uma maneira de ver as coisas. Conheço muita gente assim.
Muitas vezes também me apetecia ser assim. A vida resolve-se, não há nada que o tempo não faça passar ou fazer ver de outra maneira e tretas que tais.
Muitas vezes também queria ficar quieta no meu canto, não ter de fazer, não ter de decidir, não ter de andar, não ter de, não ter de….
Mas não sou.
Já experimentei fechar as portas e sentar-me quietinha à espera do dia em que a vida se resolveu. Mas depois, o estar quieta vira inquietação, o formigueiro começa a crescer e enlouqueço com o nada.
Já tive alturas em que equacionei, e muito, o ser assim. Acalmei e fiquei à espera que a vida se resolvesse sozinha, que o tal tempo fizesse tudo ficar melhor, mas no meio de todo o negro que por ali passava e que me fazia equacionar, descobri ( e essa foi a grande descoberta) e aceitei (me) que não sou assim, e que por mais que tudo, às vezes, esteja em carne viva e ao contrário, eu decido, faço, vou e dou. Mesmo sabendo que há probabilidades de errar e fazer tudo mal, ou sair tudo mal porque nem tudo está nas minhas mãos. Porque por mais que na minha cabeça ouça, mas para onde vais tu, rapariga d’um raio, volta aqui que ainda te vais magoar outra vez, e a trabalheira que isso dá, rapariga d’um raio que tem bichos carpinteiros e já lhe tá a dar os nervos na pernas, não consigo não ter opinião e não dar cartas em tudo na minha vida.
E porquê isto hoje? Porque interiormente tomei uma decisão.
É o que temos como prato do dia.
Arquivos IX
O FIO DO ARAME
O fio do arame. Atravessar para o outro lado. O lado que é melhor. Respirar fundo e avançar, tremula. Os primeiros passos, olhar fixo no outro lado, o lado melhor. Escorregar e cair. Sem rede, presa por nada, suspensa. Voltar ao arame. O medo paralisa por instantes. Andar quase a correr, depressa, para atravessar de vez para o outro lado. O lado que pode ser melhor.
O fio do arame. Atravessar para o outro lado. O lado que é melhor. Respirar fundo e avançar, tremula. Os primeiros passos, olhar fixo no outro lado, o lado melhor. Escorregar e cair. Sem rede, presa por nada, suspensa. Voltar ao arame. O medo paralisa por instantes. Andar quase a correr, depressa, para atravessar de vez para o outro lado. O lado que pode ser melhor.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Arquivo VIII
Posso fechar os olhos, ou fixar o meu olhar com muita atenção a cada detalhe de outro que ali esteja, mas é o teu que sei de cor. Se soubesse desenhar, poderia fazer traço por traço, perfeito e sem hesitação, a linha das tuas sobrancelhas revoltas, o desenho amendoado dos teus olhos. Se fosse escultura, não haveria necessidade de qualquer cinzel para escavar as tuas maçãs do rosto ou o contorno dos teus lábios. Se eu fechar os olhos, ou fixar o meu olhar num outro qualquer consigo ver a barba semeada com pequenos pelos, os mesmo que me arranham nos dias ou noites em que já começam a despontar com mais rapidez.
Tentei, tentei esquecer-te (ou lembrar-te!) noutro corpo. Quis que os beijos de outra boca me queimassem como os teus, que os dedos me tocassem e me tirassem a pele, quis substituir-te no perfume, no riso e no toque de outro homem. Mas é o teu que conheço.
Posso fechar os olhos, ou fixar o meu olhar noutro qualquer de cada vez que tento o meu melhor para que a nitidez desapareça e dê lugar ao nevoeiro que precede o tempo fosco que fique ali.
Posso fechar os olhos, ou fixar o meu olhar noutro qualquer mas é o teu olhar que sei de cor. Só não sei porque não foi o meu o suficiente.
Tentei, tentei esquecer-te (ou lembrar-te!) noutro corpo. Quis que os beijos de outra boca me queimassem como os teus, que os dedos me tocassem e me tirassem a pele, quis substituir-te no perfume, no riso e no toque de outro homem. Mas é o teu que conheço.
Posso fechar os olhos, ou fixar o meu olhar noutro qualquer de cada vez que tento o meu melhor para que a nitidez desapareça e dê lugar ao nevoeiro que precede o tempo fosco que fique ali.
Posso fechar os olhos, ou fixar o meu olhar noutro qualquer mas é o teu olhar que sei de cor. Só não sei porque não foi o meu o suficiente.
domingo, 10 de maio de 2009
Pensamento do dia
O consumo moderado de morangoskas faz doer os glúteos e os posteriores da coxa. Mais vale o consumo excessivo porque faz esquecer a dor localizada :)
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Longas
“As mulheres fazem longas-metragens. Os homens também.” Acredito que sim.
As mulheres elaboram calmamente ou em fogo, a sinopse de todo o filme, projectando cada detalhe. Ilusão.
Os homens também.
As mulheres não gostam de estar vazias de sentimentos e em cada cena procuram a desculpa que serve de argumento para o próximo episódio, take banal que rodeiam de flores e folhas que imaginam sobre as mamas quando o amante surge no nevoeiro, só para elas.
Os homens também?
As mulheres, de uma qualquer luz, projectam a sombra dos dias de amanhã, quando o interruptor que se carrega dispara uma qualquer lâmpada fluorescente comprada a dois na nova superfície comercial em que o casalinho de fato de treino espera pela arrastadeira do final do dia.
As mulheres fazem longas-metragens sempre que o desejo do controlo da mente, descontracção do aprender a respirar calmamente, cai de joelhos perante qualquer chama onde advinham fogo que as vai queimar de humildade e remorsos ao dizer tudo aguentar num amor, por amor, numa vida sem argumento, desacostumada e fora do tempo do outro.
E os homens?
As mulheres fazem longas-metragens, mesmo quando o subsídio tantas vezes prometido, falha e não se pode mais filmar cenas de mão dada numa qualquer tela, com o actor da moda que enlouquece com aquele beijo preso pela cintura e dobrado atrás. As mulheres voltam e voltam a fazer longas-metragens sempre à espera.
E os homens, também? Acredito que sim
As mulheres elaboram calmamente ou em fogo, a sinopse de todo o filme, projectando cada detalhe. Ilusão.
Os homens também.
As mulheres não gostam de estar vazias de sentimentos e em cada cena procuram a desculpa que serve de argumento para o próximo episódio, take banal que rodeiam de flores e folhas que imaginam sobre as mamas quando o amante surge no nevoeiro, só para elas.
Os homens também?
As mulheres, de uma qualquer luz, projectam a sombra dos dias de amanhã, quando o interruptor que se carrega dispara uma qualquer lâmpada fluorescente comprada a dois na nova superfície comercial em que o casalinho de fato de treino espera pela arrastadeira do final do dia.
As mulheres fazem longas-metragens sempre que o desejo do controlo da mente, descontracção do aprender a respirar calmamente, cai de joelhos perante qualquer chama onde advinham fogo que as vai queimar de humildade e remorsos ao dizer tudo aguentar num amor, por amor, numa vida sem argumento, desacostumada e fora do tempo do outro.
E os homens?
As mulheres fazem longas-metragens, mesmo quando o subsídio tantas vezes prometido, falha e não se pode mais filmar cenas de mão dada numa qualquer tela, com o actor da moda que enlouquece com aquele beijo preso pela cintura e dobrado atrás. As mulheres voltam e voltam a fazer longas-metragens sempre à espera.
E os homens, também? Acredito que sim
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Infusão
Um sonhou. Muito. Na imensidão do bem que queria.
O outro também, talvez. Tanto faz, podia ser.
Um brincou com casinhas de cerca branca, grandes janelas
abertas a um qualquer dia no ano 2050, por onde entrava o sol
Que já era laranja por causa do buraco do ozono.
O outro nem por isso. Tanto faz, podia ser, ou não.
Um perguntou “ficas comigo para sempre?”
O outro virou, pela primeira vez, a cabeça na direcção da voz
e foi-se embora. Não era alimento para sonhos!
O outro também, talvez. Tanto faz, podia ser.
Um brincou com casinhas de cerca branca, grandes janelas
abertas a um qualquer dia no ano 2050, por onde entrava o sol
Que já era laranja por causa do buraco do ozono.
O outro nem por isso. Tanto faz, podia ser, ou não.
Um perguntou “ficas comigo para sempre?”
O outro virou, pela primeira vez, a cabeça na direcção da voz
e foi-se embora. Não era alimento para sonhos!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Atlântico
Poderia dizer-se que é do egoísmo puro que se gosta. Do egoísmo que nos prende as pernas mas para onde queres tu ir se eu estou aqui? Docemente envolto nas carícias cavalheiras. Repetição, Progressão, Relação.
Poderia dizer-se que o que se gosta é de uma relação reflexiva em pequenos fica aqui porque eu quero-te onde o tempo do início é igual a todo o outro tempo barrado nas torradas com café da manhã.
Poderia dizer-se que se gosta do servir lentamente qualquer regresso que leva a uma viagem mais longa, veleiros em mares calmos ou de tempestades de corais que parecem estrelas que caíram chegaste e eu estou aqui.
Poderia dizer-se que no relógio os ponteiros giram num outro tempo tinha saudades tuas enquanto te esperava demasiado longo para que o coração não se sobressalte todos os dias em minutos de caracol arrastado a querer ser chita em corrida.
Poderia dizer-se que o que se gosta é da razão que se invoca, ciente, pensante é em ti que eu penso sempre demonstrações científicas que combinam os átomos que não actuam sobre a força da gravidade.
Poderia dizer-se que os aviões combatem os fogos em água que lhe atiram nada me queima mais do que tu nas florestas de um assombramento.
Poderia dizer-se que é do todo, revolto, faca e alguidar, que se gosta, nós os dois fazemos guerra e amor quando da calma do sol vem a queimadura em terceiro grau.
Poderia dizer-se que o que se gosta somos um no outro…
Poderia dizer-se que o que se gosta é de uma relação reflexiva em pequenos fica aqui porque eu quero-te onde o tempo do início é igual a todo o outro tempo barrado nas torradas com café da manhã.
Poderia dizer-se que se gosta do servir lentamente qualquer regresso que leva a uma viagem mais longa, veleiros em mares calmos ou de tempestades de corais que parecem estrelas que caíram chegaste e eu estou aqui.
Poderia dizer-se que no relógio os ponteiros giram num outro tempo tinha saudades tuas enquanto te esperava demasiado longo para que o coração não se sobressalte todos os dias em minutos de caracol arrastado a querer ser chita em corrida.
Poderia dizer-se que o que se gosta é da razão que se invoca, ciente, pensante é em ti que eu penso sempre demonstrações científicas que combinam os átomos que não actuam sobre a força da gravidade.
Poderia dizer-se que os aviões combatem os fogos em água que lhe atiram nada me queima mais do que tu nas florestas de um assombramento.
Poderia dizer-se que é do todo, revolto, faca e alguidar, que se gosta, nós os dois fazemos guerra e amor quando da calma do sol vem a queimadura em terceiro grau.
Poderia dizer-se que o que se gosta somos um no outro…
Borboletas e barras de sabão azul
Não é o caso de eu, ou nós, mulheres vulgares não termos história. Mulheres vulgares, simples, com nada de extraordinário, feito ou singularidade, para nosso pesar ou constrangimento. Nada acima do medíocre. Não é que não tenhamos história. Temos. O que acontece é que muitas vezes não sabemos contá-la, ou não queremos. São pontuadas de dia-a-dia vulgar com aventais e barras de sabão azul. Eu sei a minha, cheia do pecado das leis de todos os tribunais. Não é o caso de não ter história. É o caso de ter muitas histórias, entrecruzadas em emaranhados de teias de aranha que rodeiam, fragilmente como um casulo de onde irá sair uma borboleta. Porque sai sempre do casulo. Porque se esforça muito para sair. Para só viver um dia.
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