quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Cartas da Tasmania

Tenho imenso orgulho em ti. Não é só o normal orgulho de Mãe “olha que giro o que o bebe faz” , é orgulho profundo pela maneira como apresentas com tanta clareza a tua pequena cabeça arrumada.
Como hoje quando a tua educadora me telefonou para confirmar tudo o que tu tinhas dito e me dizia com a voz embargada como era quase assustador a forma como te sentaste e contaste as mudanças que iam acontecer e como justificaste que tinha de ser assim.
Já falámos sobre isso, mas nada do que eu te tenha dito e nada do que tenhas perguntado vai fazer com que as minhas respostas te preparem para a falta.
Nos primeiros tempos até vai ser mais ou menos, nada de muito grave, mas também sei (como gostava de não o saber) que a determinada altura vai doer. Muito.
A saudade vai-te apertar, vai subir qualquer coisa que não sabes bem identificar e tapar-te a garganta. Ao ponto de nada passar e esse sufoco vai te fazer chorar. Chorar por parecer ser a única maneira de aliviar essa tristeza dura que vais sentir. Não vou dizer-te para não chorares, vou apenas abraçar-te pelo tempo que precisares.
Não tenho a pretensão de ocupar o que vai faltar. Não se pode. Sei bem demais que uma saudade é sempre uma saudade, a falta é sempre a falta. Não se ocupa, apenas se aprende a viver com ela. É neste aprender que vou estar sempre ao teu lado. A tentar fazer o meu melhor para que os teus olhos nunca deixem de sorrir.
Amo-te muito.
Um beijo da Mãe

1 comentário:

Anónimo disse...

E isso é mesmo o que ela mais vai precisar: os beijos e o amor da mãe. O resto, são tempestades que se atravessam para chegar à praia...