sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Viagem

Final do dia e o reencontro com um amigo que entre as novidades me fala da filha que tem quase um ano. Problemas de parto e negligência médica fazem com que ainda nem a cabeça sustenha. Mas, diz ele, não há nada melhor que chegar a casa, encostar a cara à sua boquinha e receber beijinhos e risinhos de uma bebé que, diz ele, é perfeita.
E eu vim a correr, pé no acelerador, para estar com a minha. A Diaba estava mais que “melada”.Choramingas, dizia para eu ficar ao pé dela e não ir fazer jantar. Fiquei. Ficámos. Enroscadas no sofá, ela fez-me a pulseira que está no meu pulso e bate no teclado e eu fiz uma para ela, em tons de azul, que era o “acessório que lhe faltava”.
E rimo-nos muito. Ela ri com os olhos cheios de luz e eu transbordo, porque este é um sentimento maior que eu!
Como o do meu Pai, que é o melhor do mundo. Que me empresta o carro enquanto o meu está na oficina para que a “menina” não tenha de se levantar mais cedo e ir de transportes. Que, discretamente, deixa no meio dos documentos uma nota dobrada, não vá a “menina” , a meio caminho dos quarenta, ficar parada e sem dinheiro e precisar de alguma coisa.
Como o da minha Mãe, que é a maior estrutura de família. O pilar que nos sustenta a todos e, hoje, repete com a minha filha os mesmos gestos que tinha comigo e com a minha irmã. Como se o tempo não tivesse passado e os ossos não estivessem mais frágeis e rir e beijar fosse sempre tão simples.
Como estes pequenos gestos transversais a quem encontrou na vida um amor que ultrapassa o peito e vive em todo o lado. Os beijos, os risos, os cuidados.

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