sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cartas da Tasmania

Disseste que querias ter asas. E eu ri-me muito e disse-te que já tinhas.
- Não, não, asas a sério. Para poder voar e tocar no céu.
E eu continuava a rir, o riso a transbordar por todo o lado, porque já não cabia em mim.
- É dessas que eu falo também, filha, as asas de verdade. Que tens quando fechas os olhos e podes estar em todo o lado, em qualquer sítio a tocar qualquer coisa.
E tu outra vez, que querias voar e depois a rir também, com os olhos, a brilhar.
Deitamo-nos as duas, olhos fechados e eu a dizer-te o que via.
Foi a tua vez. Que estavas num campo cheio de flores e duas eram cor-de-rosa e quando se abriram, saímos nós, feitas fadas e voávamos por todo o lado.
Dei-te a mão e ainda de olhos fechados disse que te amava. Deste-me a mão e disseste que sou o teu mundo.
Deitadas, barriga para cima, olhos fechados e mão dada. O céu está mesmo aqui.

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