quarta-feira, 27 de maio de 2009

Estendal

Apetecia-me pendurar roupa.
Abrir um estendal, vermelho que vermelho é cor forte. Abrir um estendal ao sol e ir pendurando roupa. Tirar, do grande alguidar que serviu de cama quando a máquina de lavar parou as rotações e as bolas de sabão, peça por peça. Primeiro as grandes. Sacudir, esticar por um lado, esticar por outro, alisar, para depois pendurar. Olhar para as molas e escolher a cor que combinará com a cor da peça.
A seguir as peças pequenas, arrumadinhas entre os espaços que as grandes deixaram. Estende-las em puzzle cheio de cor, tapando buracos.
Depois, despia a roupa que tinha vestida. Delicadamente. Primeiro a camisola com os braços puxados para cima, esticados para tocar no céu.
Com uma ligeira flexão da coluna, tirar as calças, primeiro uma perna, depois outra, num movimento pausado, quase de strip tease roçando o varão do estendal. Pegava na roupa e estendia-a e depois esperava que o sol me fosse aquecendo e libertasse o perfume do amaciador de roupa. Tudo com cheiro a roupa lavada.
Da rua poderiam ver a roupa, estendida em cores, imaculada, sem nódoas ou restos de vida agarrados e uma rapariga em lingerie, sem fardas.

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