Não me perguntes porque, mas hoje lembrei-me de ti mais do que no resto de todos os dias que já passaram. Não sei se foram as maçãs, bravo de esmolfe, as nossas preferidas, que vi já à venda, encaixotadas, bonitinhas e perfumadas, à espera que as roubemos, a correr, para as comer debaixo da ponte.
Deve ser porque também é tempo de morangos, arranjados com um bocadinho de açúcar, ou simples, dados à boca num jogo com vendas, um jogo para sobressair todos os outros sentidos.
É de certeza, pela praia, ao entardecer, cheia de gente que não incomodava a sacudir areia para cima porque estavam num perímetro exterior a nós.
É de certeza da hora em que (te) escrevo. A hora em que todos os trabalhos acabavam connosco num abraço com desejos de cama e de mesa, nessa bipolaridade que é o gostar tanto, tanto que o alimento somos nós, e as sedes são saciadas num qualquer repuxo à entrada do jardim.
No verão dá-me esta moleza, letargia, levemente embalada, como um passeio de cacilheiro, mão dada em frente ao sol. No Verão lembro-me da chegada, de surpresa, de um beijo nos meus lábios, repetido para que saia bem, um beijo à cinema, sem o nervoso miudinho que atrapalha as cabeças ao juntarem-se. Sem ainda saber que seria sempre à cinema.
No Verão lembro-me da partida. Naquela estrada, em qualquer estrada. Da partida.
Curiosas singularidades do Verão, embalado por lembranças difusas de felicidade e lágrimas.
terça-feira, 23 de junho de 2009
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1 comentário:
No Verão, no Inverno... todo o ano!
É de certeza da hora em que te respondo, essa hora que me fazia sair de casa para abraços desnivelados de comboio, com os mesmos desejos do dia anterior.
Enfim, mais palavras tirariam encanto a todas as singularidades. Fica a memória desse tempo que passou, sem lágrimas, só com felicidade.
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