Nunca me consegui esconder nos arbustos,
Aqueles pequenos e frondosos que enchem os parques infantis.
Nunca me consegui esconder porque
Sempre achei ter tamanho a mais e o cabelo ficava de fora
Hoje, se a infância voltasse, tentaria
Vestir um fato de joaninha, com bolinhas pintalgadas
Para que em qualquer folha me escondesse
E visse o mundo em todos os parques infantis.
Nunca me consegui esconder atrás das árvores
Aqueles plátanos gigantes que estão nos pátios das secundárias
Nunca me consegui esconder porque os galhos atrapalhavam
E na realidade não distingo plátanos de amoreiras
Hoje, se tivesse 16 anos, tentaria
Reconhecer as folhas que os distinguem
Como entendida em botânica
E afastaria os galhos para que tivesse uma visão ampla
Nunca me consegui esconder atrás de mim própria
Os olhos caem sempre que os tento virar
e quando dou por isso, reflectem
a expressão da boca e de todo o corpo.
Hoje, se conseguisse parar o tempo
Tocava a memória que à boca me chega
Com raízes profundas em forma de coração
Porque “só te sonhar me morro de aflição”. *
* AL Berto
quinta-feira, 18 de junho de 2009
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