Lembro-me de estar num grupo onde só conhecia uma pessoa e desse grupo andar a passear por montanhas. Lembro-me de um certo formigueiro a olhar para alguém que não reconheço a cara, que não deslumbro os contornos. Era uma mancha difusa. Um estranho, o Estranho. Lembro-me da correspondência do olhar desengonçado e arrastado, do riso leve e atirado para todos os lados, da atenção que o Estranho me dava. Lembro-me da urgência do crescer do desejo entre nós e o diminuir do espaço até eu e o Estranho não aguentarmos mais e dos milímetros fazermos tábua rasa, enquanto nos despíamos com línguas cruzadas nas bocas que pareciam só uma. A pressa que nos fez enfiar num poliban e correr a cortina sobre nós e o momento. Uma pressa que levou o Estranho mais rápido e mais longe. E no fim, sangue.
Poderia Freud explicar? No meio do querer entrelaçar pernas, vontades e vidas, de acordar lado a lado nas manhãs, será que aparece a insensatez de mostrar o medo que cada vez sangra mais? Poderia Freud explicar?
Foi um sonho.
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