tu habitavas os dias como se o tempo te pertencesse
ratificavas com o teu esgar secreto
os meus membros sobre o teu peito
os meus gestos
a minha inteira existência
eras nesse tempo a própria perífrase da vida
dizer-te, o teu nome violento,
era o mesmo que afirmar:
a minha vida (e depois
por aí fora sobre tudo o que quisesse)
para além de ti, quero eu dizer,
sem a tua presença de água nos olhos
era nessa altura impensável
encarar a sucessão das horas
a possibilidade sequer
de haver respiração
ou pensamento
mas depois deixaste de habitar os dias
(daí, em parte, estas palavras)
e eu sigo (mal) existindo
e respirando, ainda que a custo
depois da angústia,
a perplexidade
João Miguel Henriques
Também a memória é algum conhecimento
Lumme Editor
terça-feira, 6 de abril de 2010
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