segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sentidos obrigatórios

Nem tudo tem de fazer sentido. Como gostar das borboletas e querer ser flor para que poisem, mas aquilo que mais se ama nas borboletas ser, precisamente, a liberdade do bater das asas. Que provoca um qualquer tornado, acaso, um caos. Contradição. Porque se a agarrar ela perde a cor das asas, mas se a largar sente-se a falta
Nem tudo tem de fazer sentido. Às vezes é melhor parar de o tentar fazer ou perceber. Como o bem e o mal na mesma fonte, quente e fria, em choques térmicos. Como as palavras que vem da esquerda quando na realidade queríamos que viessem da direita, porque fazia mais sentido, e era o sentido que se queria, como uma questão de prioridade definida no Código da Estrada.
Nada dirá mais do que o que nos diz nada. Assim, sem fazer sentido. Para não ser percebido nem tentado ser.
Nem tudo tem de fazer sentido. Às vezes é só o que é, acontece, incorpóreo, sem metafísicas, explicações rebuscadas. Como o coração que salta e julga-se capaz e quer, mas fica sem ver ou a ver o que faz e a imaginar o que não fez.

“És mesmo tu quando pensas que és outra coisa
E tu pensas que não, mas tu és mesmo bom a ser sempre
Quem és
Daí o teu motivo ser inapagável
Daí o teu desejo ser incontornável
O prazer é tão maleável
Daí o seu valor ser inestimável”*

Nem tudo tem de fazer sentido, como a trovoada em tempo de ser Verão.

*Manuel Cruz

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