quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma especie de Tasmanice

A Diaba estava num daqueles dias em que “cabra” com tudo (expressão que basicamente define aquela neura que faz refilar com tudo, tudo).
Nos dias em que está assim, em que dispara em todas as direcções, geralmente aconteceu alguma coisa. Quando já estava na cama e depois de muita insistência minha, com falinhas mansas, lá veio tudo. Lágrimas e lágrimas, palavras que quase não se percebiam e um mundo de emoção daquele corpinho.
Finalmente contou a história. A Educadora da Diaba instituiu um género de jogo em que no final do dia os que se portaram bem têm direito a uma surpresa (um bombom, um rebuçado…). Ontem só uma coleguinha ganhou a surpresa. Foi a primeira vez que a Diaba não ganhou. Até aqui tudo mais ou menos bem. O grande problema foi que a Diaba achou que foi injusto, que merecia ganhar porque se portou muito bem, comeu tudo, fez os trabalhos, não fez barulhos. Doía-lhe a injustiça. Doía-lhe muito. E já não é a primeira vez que lhe dói, ela já disse não querer ir para a escola porque os outros portavam-se mal e a educadora ficava chateada e ela que se portava bem, não estava para aturar aquilo todos os dias (isto eram palavras dela).
Falámos muito sobre isto. Eu acho e defendo (mais uma teoria da batata) que a conversa também se educa. Também é necessário estimular o falar sobre tudo o que vai cá dentro e por isso tento sempre que ela diga o que pensa. E por isso, também, falámos na necessidade de ela falar com a Educadora sempre que sentir que é injusto.
Estas conversas revolvem-me as entranhas. Nunca sei exactamente o que dizer ou o que fazer e o que isso irá projectar no futuro. Nunca sei se a ajudo a aceitar que há muitas e recorrentes injustiças, se a estimulo a revoltar-se. Basicamente nunca sei o que ando a fazer…e isso mete-me muito medo. Mesmo muito.
Mas sei que continuo a achar bem, muito bem, estimular as conversas, mesmo que sejam difíceis. Estimulá-la a tê-las também, mesmo que a ela lhe custe. Mas também só tem cinco anos…
O resultado disto tudo foi um acordar bem disposto, cantorias até ao colégio, de mão dada, para falarmos as duas com a Educadora. A Educadora não estava, portanto combinei com a Diaba que no dia a seguir faríamos a mesma coisa e recebi em troca uns braços apertados no pescoço e um “Obrigada Mãe. És a melhor Mãe que eu podia ter.”

P.S- Não sei se sou, meu Amor, mas amo-te muito e tento fazer o meu melhor. Todos os dias. Mesmo não sabendo o que ando a fazer.

2 comentários:

Momentos disse...

Tu tinhas de me colocar sal nos olhos... tu gostas...
Mesmo que não saibas o que andas a fazer, mesmo que caminhes em terrenos irregulares, estou certa que nenhum Pai/Mãe, consciente, tenha certezas acerca do seu desempenho. Fazem apenas o melhor que sabem, dão o melhor que têm e mantêm, qualquer que seja o momento, o amor que lhes transborda do peito. Os teus pais tiveram certamente essas incertezas, e, olha, o resultado está à vista e é tão bonito... Eu gosto.

beijo doce

Anónimo disse...

ela tem muita sorte mesmo
por te ter como mãe
uma mãe extraordinária que não baixa os braços...que não desite..
que vai até aonde tem que ir paar a sua emnina ficar bem..falar..partilhar...renovar a sua alminha e o seu coraçaozinho ficar tranquilo...
não sabes o eu andas a fazer? ainda bem é sinal de quereres sempre mais...o melhor...e ela é linda como a mãe...N