Olha bem lá para cima. (disse ele apontando para as estrelas, já mais calmo)
E tu não percebes (disse ela, num tom gelado mais gelado que o sul da patagónia) é precisamente por olhar lá para cima, sempre, que quero fazer isto. As estrelas existem porque os meus olhos as vêm. (deixou-se cair no sofá e suspirou) Eu estou a olhar lá para cima
Desiludes-me. (disse ele virando-se de costas para a janela, cabisbaixo e de mãos nos bolsos).
Há uma coisa que eu não consigo perceber (disse ele ironicamente, olhando para ele de soslaio). Para que queres tu aquilo tudo?
E tu pensas e queres pouco! Qual o problema de se querer tudo? (levantou-se num salto e dirigiu-se apressadamente para a porta. Não queria que a visse quase a chorar. A desilusão dele tinha entrado na pele e começava a arder.)
Espera, por favor! (disse ele dominando a sua irritação, arrependendo-se da brutidão das suas palavras)
Alphaville, que te parece? (perguntou ele, levantando a tampa do seu gira-discos?)
Do you really want to live forever?
(…)
É só isso que tens para me dizer? (pergunta ela com um ar cansado) Ao menos serve-me um café, que tenho de continuar a trabalhar (baixou os olhos sobre a secretária, tentando organizar a pilha de papel que se acumulava)
Teria muito mais para te dizer... Mas não me parece que estejas com muita vontade de me ouvir... (responde ele, cansado do peso destes dias, dirigindo-se à porta levemente irritado com o tom autoritário dela)
Já agora aproveita para ouvir a nova música dos Zero 7, a ver se melhora o teu mau humor! (deixando o seu iPod no sofá junto à porta)
Yes, we can, imagine it if we can.
(...)
Olá (disse ela sorridente, enquanto pousava a mala de viagem). Voltei. Acabei o trabalho e vim a correr para te pedir desculpa.
Bons olhos te vejam! (disse ele com ironia sem tirar a cabeça do jornal)
How could you do this to me?
Vá lá, não amues, estava a brincar! (disse ele levantando-se). Correu tudo bem?
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Tasmanices XXXIV
Um dos "tios" amigo (por sinal o futuro sogro. eheheh) fez anos. Como é muito guloso sugeri à Diaba que fizessemos bombons como prenda:
Diaba- Boa ideia, Mãe, fazemos bombons com alcool!
(Acho que tenho de parar com as jantaradas lá em casa... se o sr. do refugio a ouve ainda me tira a miúda!)
Diaba- Boa ideia, Mãe, fazemos bombons com alcool!
(Acho que tenho de parar com as jantaradas lá em casa... se o sr. do refugio a ouve ainda me tira a miúda!)
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Open
Tenho a certeza que te vi ontem à noite. Eras tu que esperavas no cruzamento, enquanto eu limpava os vidros do embaciado preso durante anos por esperar que da boca aberta saísse o teu nome. Mas quando cheguei era apenas a sombra de um rapaz que vendia castanhas. Parecia maior porque estava em cima de um degrau.
Não há som que nos valha neste silêncio que pusemos no meio de nós!
Podíamos ser uma estrada aberta, sem meta à vista ou definida. Simplesmente a rolar.
Às vezes acontece-me. Vejo-te em cada espaço e até te sonho. Como ontem à noite. E no meio desta loucura insana do que poderíamos ser, houvesse espaço para nos colarmos um ao outro, i’m in the mood for love, e não quero arriscar enganar-me ao usar a lista telefónica. Podes, por favor dizer-me o teu nome?
Não há som que nos valha neste silêncio que pusemos no meio de nós!
Podíamos ser uma estrada aberta, sem meta à vista ou definida. Simplesmente a rolar.
Às vezes acontece-me. Vejo-te em cada espaço e até te sonho. Como ontem à noite. E no meio desta loucura insana do que poderíamos ser, houvesse espaço para nos colarmos um ao outro, i’m in the mood for love, e não quero arriscar enganar-me ao usar a lista telefónica. Podes, por favor dizer-me o teu nome?
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
...
De sempre ouvir falar o Teu nome, habituei-me a questionar a Tua Existência. E acredito, seja o Teu nome qual for. Acredito que há Qualquer Coisa.
Mas pergunto-me constantemente “Porque?”.
Procuro-Te em todo o lado, Procuro-Te dentro de mim.
Tento sempre lembrar-me da história das pegadas na areia quando Questionado por só haver um par de pegadas na areia, nos momentos mais difíceis, Tu respondes “foi exactamente aí que EU, nos braços...te carreguei.". E repito vezes sem conta a oração em que peço serenidade para aceitar o que não posso mudar.
Mesmo assim, pergunto-me constantemente “Porque?”.
Sei que se sair de mim e olhar à volta tenho muito pelo que agradecer. E agradeço todos os dias a sorte que tenho. Mas não é pela Tua existência nem pelos Teus ditos ou mandamentos, é pela existência de tanto sol nos que me acompanham.
Mas há alturas em que isso não me acalma.
Se da boca do teu filho saiu “quem nunca pecou que atire a primeira pedra.” Se da Vossa família se fala em palavras como Amor, Perdão, Compaixão e Compreensão. Se dos Teus mandamentos se fez Lei Viva no “não roubarás nem matarás”. Se o Decálogo é princípio orientador de vida, acredite-se em Ti ou não. Se de tudo isto sai a crença que o bom sairá sempre vitorioso, e aos crentes será dada a paz, porque insistes em por à prova quem da Tua palavra faz alimento? Testas, como a Abrãao, se há uma verdadeira fé? Sabes que sim. Que do Teu nome ela faz grito.
Estás apenas ocupado com o resto do mundo? Não tens tempo? Não vês como os olhos choram e o coração mirra?
Porque? Porque?
Se Existes mostra-te. Ela, de Ti não duvida. Ela, de Ti, faz acção. Ela, de Ti merece todo o colo.
E eu, no meio disto tudo, continuo a falar Contigo, sejas Tu quem fores, por ela.
Mas pergunto-me constantemente “Porque?”.
Procuro-Te em todo o lado, Procuro-Te dentro de mim.
Tento sempre lembrar-me da história das pegadas na areia quando Questionado por só haver um par de pegadas na areia, nos momentos mais difíceis, Tu respondes “foi exactamente aí que EU, nos braços...te carreguei.". E repito vezes sem conta a oração em que peço serenidade para aceitar o que não posso mudar.
Mesmo assim, pergunto-me constantemente “Porque?”.
Sei que se sair de mim e olhar à volta tenho muito pelo que agradecer. E agradeço todos os dias a sorte que tenho. Mas não é pela Tua existência nem pelos Teus ditos ou mandamentos, é pela existência de tanto sol nos que me acompanham.
Mas há alturas em que isso não me acalma.
Se da boca do teu filho saiu “quem nunca pecou que atire a primeira pedra.” Se da Vossa família se fala em palavras como Amor, Perdão, Compaixão e Compreensão. Se dos Teus mandamentos se fez Lei Viva no “não roubarás nem matarás”. Se o Decálogo é princípio orientador de vida, acredite-se em Ti ou não. Se de tudo isto sai a crença que o bom sairá sempre vitorioso, e aos crentes será dada a paz, porque insistes em por à prova quem da Tua palavra faz alimento? Testas, como a Abrãao, se há uma verdadeira fé? Sabes que sim. Que do Teu nome ela faz grito.
Estás apenas ocupado com o resto do mundo? Não tens tempo? Não vês como os olhos choram e o coração mirra?
Porque? Porque?
Se Existes mostra-te. Ela, de Ti não duvida. Ela, de Ti, faz acção. Ela, de Ti merece todo o colo.
E eu, no meio disto tudo, continuo a falar Contigo, sejas Tu quem fores, por ela.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
One of these days
Espreito nas gavetas. Espreito atrás da porta. Espreito nos bolsos e até dentro de mim. Mas não encontro. Já tive na minha mão, mas perdia-a e não encontro.
Sento-me e espero. Espero mais um bocadinho.
Não sei onde está, mas sento-me e espero. Talvez consiga lembrar-me de todos os passos dados e de todas as palavras feitas e então voltar a ter.
Mas por agora só outra vez aquela sensação que sobe da boca do estômago e se aninha na garganta, bloqueando-a ao ponto de nem ar passar. Aquela sensação que não é aflitiva, que não é destruidora e que nem sequer é fácil de explicar. Aquela sensação em forma de desejo profundo, de ansiar estar no fim e tranquila. De tudo estar bem e alinhado.
E o que não encontro hoje, final do dia, é a pequena força que me acompanha e que me faz sempre andar o tanto que falta até ao fim.
Tou certa que amanhã a encontrarei arrumada numa qualquer prateleira onde ainda não espreitei.
Sento-me e espero. Espero mais um bocadinho.
Não sei onde está, mas sento-me e espero. Talvez consiga lembrar-me de todos os passos dados e de todas as palavras feitas e então voltar a ter.
Mas por agora só outra vez aquela sensação que sobe da boca do estômago e se aninha na garganta, bloqueando-a ao ponto de nem ar passar. Aquela sensação que não é aflitiva, que não é destruidora e que nem sequer é fácil de explicar. Aquela sensação em forma de desejo profundo, de ansiar estar no fim e tranquila. De tudo estar bem e alinhado.
E o que não encontro hoje, final do dia, é a pequena força que me acompanha e que me faz sempre andar o tanto que falta até ao fim.
Tou certa que amanhã a encontrarei arrumada numa qualquer prateleira onde ainda não espreitei.
Saldo
O saldo da semana fica neste estado lastimoso:
- a luz no final do túnel afinal era uma p**a de uma estação de comboios, todos tipo tgv a passarem a alta velocidade. Consegui suspender a respiração e ficar, paradinha no meio deles. Só por isso não me deitaram abaixo...Mas fizeram abanar muito, muito, muito.
- cinquenta horas (muitas extra) de trabalho em quatro dias
- Diaba a chorar ao telefone a pedir para eu ir para casa e o meu coração completamente partido
- pés e pernas feitos papa
- três novos cabelos brancos, mesmo à frente
Respirar, inspirar e lembrar-me que também houve uma surpresa bonita, lembrar-me que há os bons amigos de sempre que fazem "voltar a casa", inundar de sentimento quando a Diaba diz "Amo-te Mãe. De todas as mães que eu podia ter, tu és a que eu queria.".
Só para que nunca duvide que sim, que a vida vale a pena ser vivida!
- a luz no final do túnel afinal era uma p**a de uma estação de comboios, todos tipo tgv a passarem a alta velocidade. Consegui suspender a respiração e ficar, paradinha no meio deles. Só por isso não me deitaram abaixo...Mas fizeram abanar muito, muito, muito.
- cinquenta horas (muitas extra) de trabalho em quatro dias
- Diaba a chorar ao telefone a pedir para eu ir para casa e o meu coração completamente partido
- pés e pernas feitos papa
- três novos cabelos brancos, mesmo à frente
Respirar, inspirar e lembrar-me que também houve uma surpresa bonita, lembrar-me que há os bons amigos de sempre que fazem "voltar a casa", inundar de sentimento quando a Diaba diz "Amo-te Mãe. De todas as mães que eu podia ter, tu és a que eu queria.".
Só para que nunca duvide que sim, que a vida vale a pena ser vivida!
sábado, 21 de novembro de 2009
Uma nascente que acabou no mar
Se fosse música, era a última nota ouvida. Se fosse livro era o ponto final. Mas não, é uma sensação e por isso a dificuldade de descrever. Há coisas que não têm termos certos. Têm um monte de frases emaranhadas a tentar acertar com a direcção ou descrever o estranho sabor que sobe da boca do estômago e que faz desejar que fosse o fim, A última coisa. Em paz, num olhar para trás cheio de calor porque está tudo (bem) feito. É isso. Esse desejo.
Tasmanices XXXIII
Ao nosso lado mora o M com dois anos e meio e a M com nove meses. O M fica lá em casa de vez em quando, janta, brinca e é uma alegria. Depois d euma noite normal com jantar e cantares e brincadeiras, o M vem a correr atrás de mim, cai, bate com o sobrolho numa quina e fica com genero de hematoma em formato bola de golfe! Foi um susto de todo o tamanho. Depois disto tudo, quando deitei a Diaba e falamos sobre o sucedido:
Diaba- Ó Mãe eu acho que se não houvesse a palavra correr, não caíamos e não nos aleijávamos!
(Era bom filha, que o poder das palavras fosse assim. Bastaria banir algumas e o mundo era bem melhor :) )
Diaba- Ó Mãe eu acho que se não houvesse a palavra correr, não caíamos e não nos aleijávamos!
(Era bom filha, que o poder das palavras fosse assim. Bastaria banir algumas e o mundo era bem melhor :) )
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Holofote
Porque é da esperança que falo. Que devia sentir ou não sentir, já não sei bem. Que se note que ela, a esperança, deve cumprir a sua missão de nos fazer acreditar no melhor e conformarmo-nos enquanto esse dia, que é o tal prometido, não chega. E no meio disto tudo fazer de cada dia como se fosse o único, como se atrás não houvesse nada e tudo fosse só a frente.
Missão cumprida, não missão impossível.
Podia ser inútil, mas é plena de si, por isso queria continuar a sentir esperança, cheia e forte como um holofote a apontar o dia. O tal que virá.
Missão cumprida, não missão impossível.
Podia ser inútil, mas é plena de si, por isso queria continuar a sentir esperança, cheia e forte como um holofote a apontar o dia. O tal que virá.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Cartas da Tasmania
Meu amor, escrevo para que um dia te possa mostrar o que se passa cá dentro. Não espero que hoje o compreendas, afinal só tens cinco anos, mas quem sabe quando fores mais velha olharás estas palavras e talvez um sorriso te assome aos lábios.
Balanço muito entre o que acho que devo fazer para te educar e o tentar respeitar-te sempre como ser. Tu és uma pessoa, não uma continuação do que eu sou, e por isso a minha vontade não tem de estar sempre a imperar sobre a tua. Mas também tens cinco anos e as decisões que dizes escolher só podem ser moderadas pelos teus curtos anos.
Eu tento explicar-te, tento mostar-te os vários pontos de uma mesma questão. O que para ti é um jogo divertido, o pegar num papel e por os prós e os contras de um dilema, para mim é uma forma de te fazer pensar, porque acredito piamente que qualquer decisão deve ser posta assim.
Ontem, embora na tua tabela tivesses cinco prós e um contra, o teu medo fazia-te querer optar pelo contra e explicaste-me muito bem esse medo. Eu percebi, mas não podia aceitar que ficasses e não aproveitasses o que sabiamos, as duas, que ia ser bom.
Soube-te a violência gratutita quando te peguei ao colo e te obriguei a enfrentar. Custa-me tanto ou mais que a ti, quando os teus olhos marejados se viram para mim e da tua boca sai um "és má", mas entende, de ti não posso nunca desistir. Sim, atirei-te para a frente, é verdade, mas não te atirei sozinha, fui ao teu lado.
Era mais fácil aceitar o teu medo, aconchegar-te a mim e passarmos a tarde juntas, mas o mais fácil nem sempre é o melhor e eu morro de medo do dia em que não estarei para te ajudar a enfrentar medos ou do dia em que nem sequer saberei quais são.
Também eu morro de medo, morro de medo desses dias e morro de medo de não te conseguir mostrar que medos todos temos, mas se sabemos quais são devemos pegar neles e soprá-los para longe. Viver é assim, e para ti o que desejo é que vivas, muito, muito e não que apenas passes por cá.
Sei que o percebeste muito bem quando no principio da noite te sentaste ao meu lado e disseste "É normal termos medo, mas afinal correu tudo bem e foi divertido. Ainda bem que fui."
Estarei sempre, sempre ao teu lado. Amo-te de uma forma incontrolável e por te amar tanto é que não posso nunca desistir de ti. Percebes? Um beijo grande da Mãe.
Balanço muito entre o que acho que devo fazer para te educar e o tentar respeitar-te sempre como ser. Tu és uma pessoa, não uma continuação do que eu sou, e por isso a minha vontade não tem de estar sempre a imperar sobre a tua. Mas também tens cinco anos e as decisões que dizes escolher só podem ser moderadas pelos teus curtos anos.
Eu tento explicar-te, tento mostar-te os vários pontos de uma mesma questão. O que para ti é um jogo divertido, o pegar num papel e por os prós e os contras de um dilema, para mim é uma forma de te fazer pensar, porque acredito piamente que qualquer decisão deve ser posta assim.
Ontem, embora na tua tabela tivesses cinco prós e um contra, o teu medo fazia-te querer optar pelo contra e explicaste-me muito bem esse medo. Eu percebi, mas não podia aceitar que ficasses e não aproveitasses o que sabiamos, as duas, que ia ser bom.
Soube-te a violência gratutita quando te peguei ao colo e te obriguei a enfrentar. Custa-me tanto ou mais que a ti, quando os teus olhos marejados se viram para mim e da tua boca sai um "és má", mas entende, de ti não posso nunca desistir. Sim, atirei-te para a frente, é verdade, mas não te atirei sozinha, fui ao teu lado.
Era mais fácil aceitar o teu medo, aconchegar-te a mim e passarmos a tarde juntas, mas o mais fácil nem sempre é o melhor e eu morro de medo do dia em que não estarei para te ajudar a enfrentar medos ou do dia em que nem sequer saberei quais são.
Também eu morro de medo, morro de medo desses dias e morro de medo de não te conseguir mostrar que medos todos temos, mas se sabemos quais são devemos pegar neles e soprá-los para longe. Viver é assim, e para ti o que desejo é que vivas, muito, muito e não que apenas passes por cá.
Sei que o percebeste muito bem quando no principio da noite te sentaste ao meu lado e disseste "É normal termos medo, mas afinal correu tudo bem e foi divertido. Ainda bem que fui."
Estarei sempre, sempre ao teu lado. Amo-te de uma forma incontrolável e por te amar tanto é que não posso nunca desistir de ti. Percebes? Um beijo grande da Mãe.
Tasmanices XXXII
Sábado à noite foi dia de concerto. Para a Mãe, Pavilhão Atlântico, para a Diaba, Gare do Oriente. Quando nos voltamos a encontrar, no meio da chuva, mão dada, enquanto se trocavamos impressões:
Mãe- Quando fores maior, vamos a um grande concerto as duas.
Diaba(apertando mais a minha mão) - Ó Mãe, quando for maior vais ser velha e não vamos gostar da mesma música!
(Não sei se me incomoda mais estares sempre a falar da minha velhice se achares que não nos vamos entender na música...)
A modos que uma private tasmanice
Domigo à tarde, à saída de um supermercado, chovia.
Diaba- Mãe, temos de mandar uma mensagem às meninas e dizer que estamos em perigo. A chuva está em posição de ataque!
(Alterno entre achar que vocês lhe fazem bem, porque aguçam a ironia, e achar que vocês lhe fazem mal por temer pela sanidade mental da miúda! Miss Lion, ela jurou à tia que a ti tinha mesmo mandado a mensagem!)
A meio da tarde do Domingo, a Diaba estava com um dos seus ataques pré birratórios em que fala em tom choroso.
Mãe- Bolas, Diaba, fala lá como deve ser. Tu não és bebé, não tens cinco anos!
Diaba (abrindo muito os olhos de espanto)- Ó Mãe, mas eu tenho cinco anos sim!
(Errrrr, pois miúda, pois tens... foi um desvaneio da Mãe)
Mãe- Quando fores maior, vamos a um grande concerto as duas.
Diaba(apertando mais a minha mão) - Ó Mãe, quando for maior vais ser velha e não vamos gostar da mesma música!
(Não sei se me incomoda mais estares sempre a falar da minha velhice se achares que não nos vamos entender na música...)
A modos que uma private tasmanice
Domigo à tarde, à saída de um supermercado, chovia.
Diaba- Mãe, temos de mandar uma mensagem às meninas e dizer que estamos em perigo. A chuva está em posição de ataque!
(Alterno entre achar que vocês lhe fazem bem, porque aguçam a ironia, e achar que vocês lhe fazem mal por temer pela sanidade mental da miúda! Miss Lion, ela jurou à tia que a ti tinha mesmo mandado a mensagem!)
A meio da tarde do Domingo, a Diaba estava com um dos seus ataques pré birratórios em que fala em tom choroso.
Mãe- Bolas, Diaba, fala lá como deve ser. Tu não és bebé, não tens cinco anos!
Diaba (abrindo muito os olhos de espanto)- Ó Mãe, mas eu tenho cinco anos sim!
(Errrrr, pois miúda, pois tens... foi um desvaneio da Mãe)
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Crença
Este blog está em modo ansiedade extrema. Já roeu unhas, dedos e só se consegue ver a ponta do cotovelo.
Este blog continua a acreditar. Muito. Foi acompanhado por sol, o caminho todo da segunda circular e isso tem de significar alguma coisa de bom!
Este blog continua a acreditar. Muito. Foi acompanhado por sol, o caminho todo da segunda circular e isso tem de significar alguma coisa de bom!
terça-feira, 10 de novembro de 2009
De joelhos, como se fosse uma oração
Pergunto constantemente, e de mim o que queres, afinal?
Tens tudo o que acontece no segredo entre as coisas, no espaço entre as palavras, no momento preciso da acção, a respiração em todo o circuito de inspira-expira.
Escrevo como se fosse um contrato, cheio de cláusulas que garantam a verdade com que assino.
Nada disto perturba a harmonia e eu dou-te o melhor. Basta que respondas, e de mim o que queres, afinal?
Tens tudo o que acontece no segredo entre as coisas, no espaço entre as palavras, no momento preciso da acção, a respiração em todo o circuito de inspira-expira.
Escrevo como se fosse um contrato, cheio de cláusulas que garantam a verdade com que assino.
Nada disto perturba a harmonia e eu dou-te o melhor. Basta que respondas, e de mim o que queres, afinal?
Por favor!
Parece que a luz ao fundo do túnel, desta vez não é um comboio! Parece! Estou quase a partir os dedos de tantas figas fazer! Tomara, oxalá, assim seja, Deus queira, patas de coelho e ferraduras penduradas!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Encontros
Já comecei este post três vezes e três vezes apaguei a primeira linha. Não sei bem porque, porque na realidade só queria dizer que hoje o telefone tocou e do outro lado me disseram "está aqui fulano tal, que queria falar consigo" e eu, que já não tenho memória para tanto, fui à entrada para rir com vontade porque lá estava alguém que já não via desde 2000. Nove anos! E foi um momento giro trocarmos nove anos de vidas e filhos e mudanças em trinta minutos. Trocámos, também, contactos para que não se passem mais nove anos.
E isto deixou-me uma ponta saudosista, mas das boas! Bolas, que giro que foi.
E isto deixou-me uma ponta saudosista, mas das boas! Bolas, que giro que foi.
Destaques da temporada
Os dias vão passando e já é quase final do ano. Passou depressa, talvez demasiado depressa este ano que já é quase fim.
O Natal já está por ai, nas superfícies comerciais com músicas irritantes a tocar ininterruptamente, como o ano que passou depressa demais. Parece que não houve tempo para aproveitar os momentos de deleite, quando se deram corpo por eles já tinham passado.
São outros lugares que tornam da distância o impossível e era tão bom não ter calendários e os dias serem o que quisermos. Completamente trocados e hoje apetecia-me que fosse aniversário. Estaria um calor tímido a começar e o início do jardim a ficar verde. Estaria um daqueles dias de sol, com óculos escuros na esplanada do costume a pedir uma coisa qualquer que fosse o pretexto para ver gente a mexer por ali.
Sobretudo, estaria a leveza do corpo a descobrir mais um tempo na vontade urgente de ser qualquer coisa nossa.
No meio do calendário, afinal, foram pequenos passos dados ao lado e no espaço onde estou agora não vejo quem passa, quem entra e quem sai e é quase o mesmo Natal.
O Natal já está por ai, nas superfícies comerciais com músicas irritantes a tocar ininterruptamente, como o ano que passou depressa demais. Parece que não houve tempo para aproveitar os momentos de deleite, quando se deram corpo por eles já tinham passado.
São outros lugares que tornam da distância o impossível e era tão bom não ter calendários e os dias serem o que quisermos. Completamente trocados e hoje apetecia-me que fosse aniversário. Estaria um calor tímido a começar e o início do jardim a ficar verde. Estaria um daqueles dias de sol, com óculos escuros na esplanada do costume a pedir uma coisa qualquer que fosse o pretexto para ver gente a mexer por ali.
Sobretudo, estaria a leveza do corpo a descobrir mais um tempo na vontade urgente de ser qualquer coisa nossa.
No meio do calendário, afinal, foram pequenos passos dados ao lado e no espaço onde estou agora não vejo quem passa, quem entra e quem sai e é quase o mesmo Natal.
sábado, 7 de novembro de 2009
Café
Tinha muitas saudades de mim, mas nenhuma vontade de me ver, e quando lhe perguntei porque, disse-me que não conseguia, porque se me visse ia querer mais, ia querer ver-me todos os dias e isso era imposível porque eu não me mostrava.
E era verdade. Não que não gostasse dela, afinal tinha-lhe telefonado,mas era como um bom livro que se colecciona e se volta de vez em quando para ler uma passagem em especial, porque se sabe que é bom.
Ela falava sobre o erro crasso que tinha cometido ao apaixonar-se naquela tarde de primavera e eu lembrava-me dos seus pequenos seios que apertava enquanto lhe desapertava a blusa. Era engraçada, de um modo quase pueril quando ria genuiamente e muito alto. Gostava das pernas, especialmente de as ter à volta, apertando-me, nuas e depiladas. Havia qualquer coisa de calmante à sua volta.
"Porque sempre te mostrei, mas nunca te disse e é isto, gosto demasiado de ti e hoje é dia de te dizer a verdade para te perder de vez em mim." Desligou.
Seja como for, nunca tinha pensado em apaixonar-me por ela e agora já era tarde demais. Levantei-me, bebi um copo de água e liguei a máquina de café. Já estava a ficar de noite e apetecia-me ver o filme que tinha alugado. Talvez telefone à Lídia.
E era verdade. Não que não gostasse dela, afinal tinha-lhe telefonado,mas era como um bom livro que se colecciona e se volta de vez em quando para ler uma passagem em especial, porque se sabe que é bom.
Ela falava sobre o erro crasso que tinha cometido ao apaixonar-se naquela tarde de primavera e eu lembrava-me dos seus pequenos seios que apertava enquanto lhe desapertava a blusa. Era engraçada, de um modo quase pueril quando ria genuiamente e muito alto. Gostava das pernas, especialmente de as ter à volta, apertando-me, nuas e depiladas. Havia qualquer coisa de calmante à sua volta.
"Porque sempre te mostrei, mas nunca te disse e é isto, gosto demasiado de ti e hoje é dia de te dizer a verdade para te perder de vez em mim." Desligou.
Seja como for, nunca tinha pensado em apaixonar-me por ela e agora já era tarde demais. Levantei-me, bebi um copo de água e liguei a máquina de café. Já estava a ficar de noite e apetecia-me ver o filme que tinha alugado. Talvez telefone à Lídia.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Hoje e sempre
Gostava, hoje, principalmente hoje, de te oferecer colo. De me oferecer o teu colo.
De juntos passarmos a mão na cabeça um do outro e dizermos “ Está tudo bem. Vai sempre estar tudo bem”.
Como se fossemos os dois cegos e os dois guias e dependêssemos sempre do colo um do outro.
Só assim. Simples. O conforto do calor do monte de erva fresca e fofa e na escada o beijo.
De juntos passarmos a mão na cabeça um do outro e dizermos “ Está tudo bem. Vai sempre estar tudo bem”.
Como se fossemos os dois cegos e os dois guias e dependêssemos sempre do colo um do outro.
Só assim. Simples. O conforto do calor do monte de erva fresca e fofa e na escada o beijo.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Cartas privadas
Foi no sonho que o voltou a ver. Assim que entrou no espaço, uma qualquer tenda daquelas de festividades, montadas em circo de vaidades, reconheceu-o, ainda de perfil, numa gargalhada. Ali estava, sorridente, mão dada com uma mulher qualquer, rápida, apanhada a meio de um caminho. Ao lado, a mãe, o pai e demais família que erguia copos aos amigos em brindes de celebração por mais qualquer coisa que tinha sido feita, alcançada, melhorada ou qualquer coisa assim que servisse para acalmar gargantas.
Em passos firmes dirigiu-se, entre sorrisos e beijinhos “olá, como está?” e surpreendeu-o de costas murmurando junto ao ouvido “bons olhos (os meus) te vejam (os teus).”
Na realidade queria dizer-lhe “os meus olhos continuam só teus” mas de cada vez que tentava soava-lhe a ridículo, o tom esganiçado de um só fôlego atropelado.
Ele virou-se e respondeu naquele jeito só seu de lhe falar sempre em piada ou ironia, mantendo um anti clímax propositado para se escudar da seriedade atrás de um qualquer dito.
E assim, aniquilava qualquer vontade dela, de lhe dizer, esgotando todas as maneiras, tecnologias mais avançadas, pombos com anilhas, sinais de todos os fumos em espirais respiradas pelos ares, bilhetes deixados como se fossem ao acaso, cartas seladas pelo ctt.
Não que ela não tentasse, mas como dizer o que o outro teimava em não querer ouvir? Deixava sempre o que era importante, como se qualquer declaração da sua parte fosse causadora de um cataclismo insuperável entre os dois, por ele nunca se dispor a ler as entrelinhas de qualquer das suas acções.
Vinha, então, outro gracejo, outra ironia e num bambolear ela afastou-se, certa de ter errado a deixa naquela peça improvisada no meio de um sonho. Pegou num copo e juntou-se ao brinde.
Foi assim que o voltou a ver.
Em passos firmes dirigiu-se, entre sorrisos e beijinhos “olá, como está?” e surpreendeu-o de costas murmurando junto ao ouvido “bons olhos (os meus) te vejam (os teus).”
Na realidade queria dizer-lhe “os meus olhos continuam só teus” mas de cada vez que tentava soava-lhe a ridículo, o tom esganiçado de um só fôlego atropelado.
Ele virou-se e respondeu naquele jeito só seu de lhe falar sempre em piada ou ironia, mantendo um anti clímax propositado para se escudar da seriedade atrás de um qualquer dito.
E assim, aniquilava qualquer vontade dela, de lhe dizer, esgotando todas as maneiras, tecnologias mais avançadas, pombos com anilhas, sinais de todos os fumos em espirais respiradas pelos ares, bilhetes deixados como se fossem ao acaso, cartas seladas pelo ctt.
Não que ela não tentasse, mas como dizer o que o outro teimava em não querer ouvir? Deixava sempre o que era importante, como se qualquer declaração da sua parte fosse causadora de um cataclismo insuperável entre os dois, por ele nunca se dispor a ler as entrelinhas de qualquer das suas acções.
Vinha, então, outro gracejo, outra ironia e num bambolear ela afastou-se, certa de ter errado a deixa naquela peça improvisada no meio de um sonho. Pegou num copo e juntou-se ao brinde.
Foi assim que o voltou a ver.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Programa
Miúdas, eu sei que ainda só é segunda- feira, mas podemos já ir pensado nisto: proximo fim de semana, fila ou rotunda??? :)
Tasmanices XXXI
Ontem, no telejornal, uma das notícias foi o aniversário da Hello Kitty. Quando ouviu que a "gatinha" fazia 35 anos:
Diaba- Enaaaa, mas que velha!
Mãe - Ó filha, mas essa é a minha idade também.
Diaba - Sim mãe, mas ela parece uma bebé, tu já não!
( Errrrr... era suposto isso ser um comentário para me sentir melhor???)
Diaba- Enaaaa, mas que velha!
Mãe - Ó filha, mas essa é a minha idade também.
Diaba - Sim mãe, mas ela parece uma bebé, tu já não!
( Errrrr... era suposto isso ser um comentário para me sentir melhor???)
domingo, 1 de novembro de 2009
Magnífico na Magna
Eram exactamente 00H17 quando voltou para o primeiro encore e cantou isto.
Ainda voltou para mais dois encores... a última música cantada deitado no chão com o público todo em pé.
Desde 1998 que tenho sempre o dia marcado para o ver e depois por qualquer coisa não posso. Desta vez nada me deteria. Esperei 11 anos e valeu todos os segundos.
A voz continua a ser arrebatadora,igual, intemporal e deixa-me sem palavras e sem folego.
Ainda voltou para mais dois encores... a última música cantada deitado no chão com o público todo em pé.
Desde 1998 que tenho sempre o dia marcado para o ver e depois por qualquer coisa não posso. Desta vez nada me deteria. Esperei 11 anos e valeu todos os segundos.
A voz continua a ser arrebatadora,igual, intemporal e deixa-me sem palavras e sem folego.
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