sábado, 7 de novembro de 2009

Café

Tinha muitas saudades de mim, mas nenhuma vontade de me ver, e quando lhe perguntei porque, disse-me que não conseguia, porque se me visse ia querer mais, ia querer ver-me todos os dias e isso era imposível porque eu não me mostrava.
E era verdade. Não que não gostasse dela, afinal tinha-lhe telefonado,mas era como um bom livro que se colecciona e se volta de vez em quando para ler uma passagem em especial, porque se sabe que é bom.
Ela falava sobre o erro crasso que tinha cometido ao apaixonar-se naquela tarde de primavera e eu lembrava-me dos seus pequenos seios que apertava enquanto lhe desapertava a blusa. Era engraçada, de um modo quase pueril quando ria genuiamente e muito alto. Gostava das pernas, especialmente de as ter à volta, apertando-me, nuas e depiladas. Havia qualquer coisa de calmante à sua volta.
"Porque sempre te mostrei, mas nunca te disse e é isto, gosto demasiado de ti e hoje é dia de te dizer a verdade para te perder de vez em mim." Desligou.
Seja como for, nunca tinha pensado em apaixonar-me por ela e agora já era tarde demais. Levantei-me, bebi um copo de água e liguei a máquina de café. Já estava a ficar de noite e apetecia-me ver o filme que tinha alugado. Talvez telefone à Lídia.

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