Na deambulação diária pelos blogs, vim dar aqui e aqui e lembrei-me de uma cena que presenciei ontem.
Quem frequenta um ginásio, sabe o que é o ambiente de balneário. Mulher nuas que se bamboleiam mais ou menos à vontade, entre cacifos, espelhos e bancos.
Peles jovens, peles flácidas. Cremes e mais cremes. Conhecemos as pessoas pelas tatuagens, pelos sinais, verrugas e estilo de depilação. Este é o ambiente de balneário e não há escapatória.
Ontem, depois da aula, lá foi a rotina do costume, despir a correr, meter-me no banho, vestir-me a correr. Estava eu no meio destas correrias quando reparo em duas miúdas, no princípio dos intes, que se despiam completamente enroladas nas toalhas. As duas! Uma delas, quando chegou à parte de tirar o soutien, andou um pouco até ao final do corredor e virou-se para a parede e entre segura toalha, abre colchete, segura toalha, lá tirou o dito. Virada para a parede, para que ninguém visse. E lá continuaram o strip-tease escondido, muito escondido.
Confesso que me faz um pouco de confusão. Se fossem senhoras dos sessentas, compreendia, mas duas jovens, cuja a roupa deixava antever que a gravidade ainda não tinha exercido o seu direito, a terem este tipo de comportamento choca-me. Tenho sempre esta sensação de que quem não sabe lidar naturalmente com o seu corpo, esconde qualquer problema mais grave. O corpo é, provavelmente, o tema mais retratado na arte. É, provavelmente, o que já mais vezes foi representado. Todos sabemos (mais ou menos) como é, as linhas que contornam e que o constroem. E é assim naturalmente.
Não estou aqui a defender que temos de andar todos em pelota, a abanar carnes e a impor a nossa nudez despudorada aos outros, mas aquilo é um balneário, o mulherio despe-se, banha-se, veste-se! Completamente diferente do acto de despir para outra pessoa, onde, muitas vezes o receio que não nos achem bonitas, a consciência dos defeitos, o corpo como mensageiro de vontades e sentimentos, nos embaraça o strip.
Ainda por cima as miúdas riam-se e comentavam as pernas giras do professor! É um contra censo!
Confesso que fiquei um pouco chocada/amargurada por pensar que miúdas tão novas não tenham a leveza de perceber que o natural é natural, o simples é simples e o que faz a diferença é a maneira como se usa um corpo, não o corpo em si.Mas isso sou eu que penso e vale o que vale.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Vale muito... bem pensado!
Enviar um comentário