sábado, 27 de setembro de 2008

Perda

A Teoria da Metapsicanálise Freudiana considera que o sentimento da perda, é a falta humana, é sua lacuna. É a perda do objecto primordial. Perda é o mesmo que privação, e não ter o que já se teve (e que queríamos continuar a ter) doi. Como diz Al Berto:

"No fim do corpo em que me escondo espalhou-se
A treva onde
Guardo a corola azulínea de tua ausência (...)
É - me difícil continuar a escrever-te
O que me destrói - sei que estou fodido
E tu já não és meu.
Preparo-me para entreabrir os olhos e
Deixar escorrer a convulsão oleosa das lágrimas
E das coisas tristes."

Lidar com isto? Com o sentimento que consome, corroi, mata e leva um bocado de nós? Com o que deixa tudo em desalinho. Como se lida? Acredito que o sentimento de perda vem sempre associado com a revolta do principio oscilante entre a existencia do vazio e a dubialidade da existencia do ser mas sem realidade. Temos a certeza que existe, mas já não está lá...Nada desaparece assim, de um momento para o outro. Nada nos prepara para a perda, mesmo que vozes cá dentro nos digam que vai acontecer. E depois? O que vem depois?
No meio, a perda a transformar-se em pedra, ladrilha o caminho, abre o espaço e forma o dia-a-dia ao hábito do vazio. Transforma-se em poesia e a dor aperta nos momentos de saudade.
E no fim, tudo é principio e meio e o sentido da perda veio na pedra do caminho. Temo-las connosco, somos nós, todas as perdas, pedras que nos constroiem. Silêncio e reticências das coisas tristes. Mais nao sei nem posso dizer...

P.S - A ausência doi todos os dias.

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