segunda-feira, 1 de junho de 2009

Chás e tisanas

Água quente, a ferver. As folhas no fundo da chávena, à espera de serem molhadas. À espera que o calor desprenda a cor e o sabor. Folhas que dançam. Como o teu corpo no meu, quando digo que tenho de ir e me agarras e embalas, deitas água a ferver, ou o fervor do beijo para que eu me desprenda em cor e sabor.
Folhas de chá, de diferentes variedades, com sabores adquiridos no processamento por esmagamento, rasgo e enrolamento.
Como quando me esmagas contra ti, me rasgas de diferentes formas, por dentro e por fora, e enrolas nas tuas pernas e braços que parecem tentáculos que me prendem e não me deixam sair. Folhas de chá, que dançam até pousar no fundo da chávena, já morna e pronto a beber. Chá que os estudos científicos mostram ser benéfico para aumentar o metabolismo, ajudar no sistema imunológico e prevenir o stress e que outras crenças dizem dizer o futuro quando pousado depois da dança das folhas bebidas.
Como provas nada cientificas que revelam a calma sem qualquer stress de cada vez que o meu sistema imunitário baixa e me torna vulnerável, sem defesas ou anticorpos que me protejam do teu metabolismo que me quer acelerar numa corrida sem fim, de todas as vezes que da partida não há chegada, ou a chegada são dois gemidos em uníssono e nada mais, porque depois de bebido o chá não deixa borra como o café.
As folhas de chá, de diversos cantos, plantados em clima tropical, com calor, para que escondam ter fluoretos, que provocam artrite, e cafeína perturbante do sono. Que por isso não deve ser consumido em excesso. Como tudo na vida, os excessos fazem mal. Como o excesso de ti que me tolhe os movimentos em ossos retorcidos de tanto tentar sair das malhas dos teus. Como o excesso de ti que me deixa acordada quando estás para que te bebe e me deixa acordada quando não estás e entro em ressaca da falta que me faz beber-te. Folhas de chá que dançam quando a água é deitada, porque dela precisam para se desprenderem. Folhas de mim que de ti não preciso, mas quero. Para que me desprendas o sabor.

1 comentário:

Anónimo disse...

O chá repousava na chávena meio cheia, sorrindo na certeza de que aquelas folhas tinham cumprido a sua função. Agora estavam moles e sem sabor, mas sem elas o chá não era chá. O sabor tranquilo que odorava do seu saber, acalmava o mais incauto dos corações. O calor da sua certeza, envolvia de ternura como uma lareira de Inverno enquanto o incerto chovia lá fora. Era bom ser chá de inspiração.



Obrigado por te dares a beber!
(isto é só um texto, claro)