segunda-feira, 15 de junho de 2009

Diário de Bordo- Dia VI

Hoje, de tão cedo que o sol não entrava pela janela, iríamos partir. Parece que S. Pedro, seja ele o Sr da Meteorologia ou o Rei do Tempo, do em forma de nuvens ou de raios de sol, não o outro Tempo, aquele outro que não é igual para nenhum de nós, parece que o S. Pedro, dizia eu, se lembrou que o melhor era não nos deixar ter saudades de partir. Porque ainda não o tínhamos feito e já estávamos com pena, aninhadas a um canto, como cão acossado “ Vai-te embora, que não és daqui e não te quero!”
Hoje, de tão cedo que o galo, desconcentrado por não reconhecer o Tempo, agora sim, aquele que se mede em horas e minutos, no relógio da Igreja que teima em soar a sino, o galo, dizia eu, cantava três vezes, como naquela outra história em que isso significava a renúncia, como a nossa renúncia ao arrumar das malas, ao varrer dos dias para debaixo do tapete, porque já tinham servido e agora eram só pó.
Hoje, de tão cedo que o orvalho ainda estava a brilhar nas folhas do pessegueiro mesmo em frente à varanda, ou seria da chuva que já caia, como um chorar triste de lamento por não vermos os pêssegos crescer e mudar de cor, no tempo, uma mistura do tempo solar com o tempo relógio.
Hoje, de tão cedo que foi o voo, que podia ser rasante e deixar a agradável brisa de algo que passou e foi agradável, que serve para saber que há voos, mas que não nos mergulha num voo picado, de tão cedo que foi o voo, dizia eu, o voo do reconhecimento em volta da arvore ou beiral onde fazer ninho, porque ai vai ser a casa onde vamos morar, nos tempos, sejam eles quais forem, que vem ai. Podia ser num para sempre, mas o sempre nunca se sabe bem como é, ou no que vai dar, ou que mão embaralhará as cartas numa qualquer jogada de sorte, podia ser num para sempre, dizia eu, mas é num para amanhã e depois.
Reconhecimento das mãos que se abrem, quando se começa a andar e se serve das mãos para tactear ou dar balanço, quando se começa a falar e a dizer que vimos para nos conhecermos e acabamos por ficar porque o conhecimento nunca acaba na admiração de tudo o que se é, em construções fortes e seguras, porque se começa no riso, singelo, do principio do gostar, do sentir, e se corre para mais do que um sentimento, uma presença, de tudo o que se sabe e não se perde já.
Hoje, de tão cedo que era, tirámos tudo e devolvemos de uma outra forma. Vamos partir, mas só do lugar, não mais do sentir.

P.S- Para vocês a quem não é preciso dizer nada, mas é: obrigada. Gosto, muito!
Fica a lamechice do ano, ok??? Não esperem muito mais deste “coração de pedra”. LOL

2 comentários:

$$$ disse...

Os amigos são como as cerejas (esse fruto nosso desconhecido que já não comemos há tanto tempo, vê se vamos à praça no sábado, sim?) vêm mesmo uns atrás dos outros.
E olhem, temos companhia assegurada na clínica de reabilitação.
Foi um gosto.
A REPETIR!!!
Kisses kisses

Anónimo disse...

pois
também tenho saudades das cerejas
e do Toméeeeeeeeeeeeeeeee
a repetir ali ou em qualquer outro lugar o que interessa é estarmos juntas
beijos
Fr