"Creio que as histórias de amor são como as viagens de comboio. E quando vejo todos esses viajantes por vezes gostava de ser um. Porque crês tu que tanta gente espera sobre o cais da gare? Há quem fique na gare a vê-los passar. E para quem tudo são fantasmas.
Há quem apanhe o comboio às vezes certo, às vezes errado, e às vezes chega atrasado. Tenta apanhá-lo já em andamento: escorrega, cai e magoa-se. Entre idílios e fantasmas passam os comboios. Pregado a cada carruagem está um letreiro onde se lê: Che Chosa è quest'Amor?
O poeta-soldado escreveu:
A raposa sabe muitas coisas. Mas o porco espinho sabe apenas uma grande coisa.
Entre o estridente ruído do comboio, filmes falantes, o som doce da flauta, a ilusão dos amantes, a desilusão dos amantes, as cordas friccionadas da viola da gamba, um autor à procura de ideias e antigas gravuras anatómicas avulsas, diz o porco-espinho à raposa:
E o que é isso tudo?
Semi-cerrando os olhos responde a raposa:
Tudo isto é poesia. "
P.S- Este texto foi descaradamente roubado. Mas é bonito... e eu gosto de coisas bonitas.
quarta-feira, 31 de março de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
Tasmanices XLII
No carro, falava-se de medos.
Mãe- É normal ter medo filha, e medo de várias coisas. O medo não nos pode é parar.
Diaba- Tu não tens medo de nada, ou tens? Já és grande.
Mãe- Tenho sim filha. Tenho um bocado medo de relampagos, tenho um bocado medo de alturas. Tenho medo que adoeças, tenho medo que não sejas feliz.
Diaba- Ó Mãe, isso é como os montros, não existe!
Mãe- Mas são os meus medos filha, eu não deixo é que eles me façam parar de aproveitar tudo.
Diaba (com um supiro)- às vezes não te percebo...
(errrrr, nem eu, filha, nem eu...)
A história da noite, chamava-se "Gosto de ti" e era sobre o Amor.
Diaba- Sabes como eu gosto de ti, da tia e dos Avós? Quando penso em voces, o meu coração bate tão forte que parece um cavalo!
(vou só ali limpar as lágrimas, ok??)
Mãe- É normal ter medo filha, e medo de várias coisas. O medo não nos pode é parar.
Diaba- Tu não tens medo de nada, ou tens? Já és grande.
Mãe- Tenho sim filha. Tenho um bocado medo de relampagos, tenho um bocado medo de alturas. Tenho medo que adoeças, tenho medo que não sejas feliz.
Diaba- Ó Mãe, isso é como os montros, não existe!
Mãe- Mas são os meus medos filha, eu não deixo é que eles me façam parar de aproveitar tudo.
Diaba (com um supiro)- às vezes não te percebo...
(errrrr, nem eu, filha, nem eu...)
A história da noite, chamava-se "Gosto de ti" e era sobre o Amor.
Diaba- Sabes como eu gosto de ti, da tia e dos Avós? Quando penso em voces, o meu coração bate tão forte que parece um cavalo!
(vou só ali limpar as lágrimas, ok??)
segunda-feira, 22 de março de 2010
Vontades
Na verdade o que te queria dizer, é que no final do dia, a arrumar na mala mais um que se passou dá-me ganas de te gritar e te bater. Sim, a minha mão cravada na tua face até se notar todos os dedos. Um por um marcados com força só equivalente ao buraco que deixaste em mim e que ninguém consegue encher!
Isto era o que te queria dizer, mas na realidade o que gostava mesmo, era que pegasses em mim e me levasses para casa.
Isto era o que te queria dizer, mas na realidade o que gostava mesmo, era que pegasses em mim e me levasses para casa.
Quando o telefone toca
O telefone tocou. Insistentemente. Era a segunda vez num minuto que tocava assim. Era a primeira vez desde tempos perdidos na memória de anos atrás.
A primeira reacção é sempre de preocupação. Aconteceu alguma coisa, só pode ter sido, mas assim que se carrega no aceitar e se ouve a voz do outro lado fica a certeza de um engano. Não era aquele o número que queriam marcar, mas agora nada a fazer. Já estava e já se falava. Como se a ultima vez tivesse sido dois ou três dias antes.
E no meio das frases de circunstância, disfarçando o nervosismo do engano, a raiva que vinha em sonho recorrente, transformou-se num sussurro lamechas a dizer para telefonarem outra vez e outra vez. No canto dos olhos uma certa humidade que não podia ser provocada pela chuva, pois se estava sol, e era uma coisa qualquer que vinha de cá de dentro.
Como se tivesse dado uma absolvição ao pecador que se redime, mas sem ele nunca ter confessado. Um Pai-Nosso e o caminho abre-se.
A primeira reacção é sempre de preocupação. Aconteceu alguma coisa, só pode ter sido, mas assim que se carrega no aceitar e se ouve a voz do outro lado fica a certeza de um engano. Não era aquele o número que queriam marcar, mas agora nada a fazer. Já estava e já se falava. Como se a ultima vez tivesse sido dois ou três dias antes.
E no meio das frases de circunstância, disfarçando o nervosismo do engano, a raiva que vinha em sonho recorrente, transformou-se num sussurro lamechas a dizer para telefonarem outra vez e outra vez. No canto dos olhos uma certa humidade que não podia ser provocada pela chuva, pois se estava sol, e era uma coisa qualquer que vinha de cá de dentro.
Como se tivesse dado uma absolvição ao pecador que se redime, mas sem ele nunca ter confessado. Um Pai-Nosso e o caminho abre-se.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Quê???????
Desde segunda feira que no local de trabalho, onde passo em média 10 horas, tenho a sensação que me estão a picar os miolos! Tudo porque senhores com grandes picaretas estão a fzer obras cá por casa.
Vai dai, o meu nivel de insanidade/surdez aumentou um bocadinho.
Hoje, no ginásio, no meio de duas faixas:
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade- Blha, blha, blha, blha
Eu (surda como uma porta) percebi- Doi-me as costas.
Querida, como só eu, apresso-me a responder- Pois que chato. Abranda um bocadinho.
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade olha para mim com um ar assustado- Por favor diz-me as horas, que eu não consigo ver o relógio!
Querida, enxovalhada- São 13H00.
Tenho muito orgulho neste diálogo. Muito mesmo!
Vai dai, o meu nivel de insanidade/surdez aumentou um bocadinho.
Hoje, no ginásio, no meio de duas faixas:
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade- Blha, blha, blha, blha
Eu (surda como uma porta) percebi- Doi-me as costas.
Querida, como só eu, apresso-me a responder- Pois que chato. Abranda um bocadinho.
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade olha para mim com um ar assustado- Por favor diz-me as horas, que eu não consigo ver o relógio!
Querida, enxovalhada- São 13H00.
Tenho muito orgulho neste diálogo. Muito mesmo!
Se conduzir não beba nem ponha dedos molhados em fichas electricas!
De vez em quando lá tem de vir o aviso. Como aquela coisa do "Se conduzir não beba". Toda a gente sabe, mas é bom ir relembrando.
Então cá vai:
Este blog, embora adore olhar para o seu umbigo (não por ser bonito, mas porque é seu) não é, repito, não é autobiografico.
Tirando o mundo Tasmania e, tipo, 20 posts, tudo o resto pode entrar no âmbito do delírio, estupidez, ilusão, " ai que esta tipa anda a fumar coisas más!".
Por vezes tenho pena, mas é assim.
Então cá vai:
Este blog, embora adore olhar para o seu umbigo (não por ser bonito, mas porque é seu) não é, repito, não é autobiografico.
Tirando o mundo Tasmania e, tipo, 20 posts, tudo o resto pode entrar no âmbito do delírio, estupidez, ilusão, " ai que esta tipa anda a fumar coisas más!".
Por vezes tenho pena, mas é assim.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cartas da Tasmania
Escrevo-te porque não posso ir com este peso todo para casa, para ao pé de ti.
Há uma sombra triste e não mereces que a leve.
O telefone tocou no gabinete ao lado e anunciou uma morte, com todo o peso imensurável que a noticia traz.
Nunca se anuncia uma morte e esta que vem com o fim de uma juventude, assim de repente, faz rebentar tudo à sua volta.
Fez-me recuar os teus seis anos até à altura em que o teu parto estava previsto para o dia em que a M. fazia anos. Nasceste mais cedo e a M. não chegou a celebrar o seu aniversário desse ano.
Devia haver uma lei, qualquer, divina, que proibisse os filhos de morrerem. É antinatural! O silêncio de um filho é uma coisa que não existe, que não se vive, que não se enquadra. Será assim também um silêncio de um pai, digo eu, afortunada por ter os meus, mas de um pai parece que está pré destinado, o de um filho não e nasce a revolta.
Lembro-me disso muitas vezes. Muitas. Talvez porque o teu nascimento foi um mês depois da morte da M. e isso, na altura, foi das maiores violências que senti.
Tinhas quinze dias, e a propósito de um bolo de laranja, fiquei com uma alergia por todo o corpo e tu ficaste também.
Nesse dia eu olhei para ti e pensei “ Não te posso amar tanto, porque se acontece um acidente como foi com a M. eu não vou aguentar. “ O ter noção deste pensamento foi um choque para mim, como se estivessem a espetar-me facas. Repara, nunca tive dúvidas que queria ser mãe. Nunca tive dúvidas que te queria muito. Nunca tive dúvidas da felicidade que foi nasceres. Nunca tive dúvidas e por isso a noção do que pensei desfez-me em mil pedaços.
Não te vou dizer que foi fácil, mas foste tu que fizeste desaparecer tudo. Que me conquistaste e conquistas todos os dias. Sei que amanhã, amo-te um bocadinho mais do que te amo hoje. Sempre, sempre mais.
Continuo com medo. Medo todos os dias e de várias espécies. É aquela coisa de viver com o coração fora do peito, mas tento que nenhum destes medos seja uma barreira a nós e ao mundo. A viagem mais fantástica que podia fazer é a que faço contigo todos os dias.
Hoje voltei a lembrar-me disto tudo, porque no gabinete ao lado o telefone tocou e anunciou a morte de um filho e eu não consigo conter as lágrimas.
Não as quero levar para casa, quero deixá-las neste canto e um dia, quem sabe, mostrar tas.
Um beijo, à esquimó, um beijo de borboleta, um beijo no coração.
Mãe
Há uma sombra triste e não mereces que a leve.
O telefone tocou no gabinete ao lado e anunciou uma morte, com todo o peso imensurável que a noticia traz.
Nunca se anuncia uma morte e esta que vem com o fim de uma juventude, assim de repente, faz rebentar tudo à sua volta.
Fez-me recuar os teus seis anos até à altura em que o teu parto estava previsto para o dia em que a M. fazia anos. Nasceste mais cedo e a M. não chegou a celebrar o seu aniversário desse ano.
Devia haver uma lei, qualquer, divina, que proibisse os filhos de morrerem. É antinatural! O silêncio de um filho é uma coisa que não existe, que não se vive, que não se enquadra. Será assim também um silêncio de um pai, digo eu, afortunada por ter os meus, mas de um pai parece que está pré destinado, o de um filho não e nasce a revolta.
Lembro-me disso muitas vezes. Muitas. Talvez porque o teu nascimento foi um mês depois da morte da M. e isso, na altura, foi das maiores violências que senti.
Tinhas quinze dias, e a propósito de um bolo de laranja, fiquei com uma alergia por todo o corpo e tu ficaste também.
Nesse dia eu olhei para ti e pensei “ Não te posso amar tanto, porque se acontece um acidente como foi com a M. eu não vou aguentar. “ O ter noção deste pensamento foi um choque para mim, como se estivessem a espetar-me facas. Repara, nunca tive dúvidas que queria ser mãe. Nunca tive dúvidas que te queria muito. Nunca tive dúvidas da felicidade que foi nasceres. Nunca tive dúvidas e por isso a noção do que pensei desfez-me em mil pedaços.
Não te vou dizer que foi fácil, mas foste tu que fizeste desaparecer tudo. Que me conquistaste e conquistas todos os dias. Sei que amanhã, amo-te um bocadinho mais do que te amo hoje. Sempre, sempre mais.
Continuo com medo. Medo todos os dias e de várias espécies. É aquela coisa de viver com o coração fora do peito, mas tento que nenhum destes medos seja uma barreira a nós e ao mundo. A viagem mais fantástica que podia fazer é a que faço contigo todos os dias.
Hoje voltei a lembrar-me disto tudo, porque no gabinete ao lado o telefone tocou e anunciou a morte de um filho e eu não consigo conter as lágrimas.
Não as quero levar para casa, quero deixá-las neste canto e um dia, quem sabe, mostrar tas.
Um beijo, à esquimó, um beijo de borboleta, um beijo no coração.
Mãe
terça-feira, 16 de março de 2010
Casa do Samba
Insensatez do destino,
Do lado direito da rua direita,
Quando alguém avisou que era tudo menos Amor.
E, da Verdade, quantas lágrimas embarcaram
No comboio das onze
Em direcção às Colinas
Do lado direito da rua direita,
Quando alguém avisou que era tudo menos Amor.
E, da Verdade, quantas lágrimas embarcaram
No comboio das onze
Em direcção às Colinas
Possiveis
Ele: Quero sentir amor. Mostras-me?
Ela: O Amor não se mostra, dá-se.
Ele: Se eu te pedir amor, dás-me?
Ela: O Amor não se dá, rouba-se.
Ele: Se eu te fizer uma emboscada, posso roubar-te?
Ela: O amor não se rouba, sente-se.
Ele: Voltamos ao princípio?
Ela: Nunca se pode chegar ao fim.
Ela: O Amor não se mostra, dá-se.
Ele: Se eu te pedir amor, dás-me?
Ela: O Amor não se dá, rouba-se.
Ele: Se eu te fizer uma emboscada, posso roubar-te?
Ela: O amor não se rouba, sente-se.
Ele: Voltamos ao princípio?
Ela: Nunca se pode chegar ao fim.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Coisas que me "curam"
Conduzir, um bocadinho acima do permitido por lei, com sol e música tão alta que não se ouça mais nada a não ser os meus gritos a cantá-la.
Tasmanices XLI
Quase no final de um fim de semana cheio, deitadas na relva a sentir o sol, a Mãe falava sobre ir ver a exposição da Joana de Vasconcelos.
Diaba- Mãe, obrigada por me deixares ver tanta coisa bonita.
(Filha, são os teus olhos e essa vontade de ver que fazem tudo valer a pena!)
Diaba- Mãe, obrigada por me deixares ver tanta coisa bonita.
(Filha, são os teus olhos e essa vontade de ver que fazem tudo valer a pena!)
sexta-feira, 12 de março de 2010
Mensagem
É verdade sim. Não deixo de gostar. Tenho uma incapacidade genética para isso. Alguns apontam-me como defeito ou falta de carácter. Não o sinto dessa maneira.
Atormenta-me o “perder pessoas” . Se calhar porque, infelizmente, já perdi sem poder fazer nada, sem ter alternativa. Se quiserem sair por sua livre vontade, também não as prendo, as pessoas são mais livres que os pássaros, mas se depender de mim, ficam.
A questão é sempre pegar na grande bola de sentimento e torná-lo num outro. Nem sempre é fácil, ou melhor, nunca é fácil, é quase como parir um filho já grande, mas é um trabalho de respiração. Se já se começou pelo mais difícil que é gostar e dar…
Não faz sentido que só porque de uma certa maneira há um fim, não se vá por outro caminho e não haja um outro inicio. Para mim, é um desperdício não o fazer.
Passamos mais de metade da vida sem saber bem o que queremos. E não há mal nenhum nisso, hoje queremos azul e amanhã queremos vermelho, e nessa demanda vamos-nos cruzando com pessoas com que fazemos ou não história. Mas quando há este cruzamento, porque raio temos de derivar depois do atravessar?
É isto, pegar no sentimento e moldá-lo, porque as pessoas valem a pena e a vida só vale a pena assim cheia.
É o que sinto... tem a minha verdade, só a minha, e vale o que vale.
Atormenta-me o “perder pessoas” . Se calhar porque, infelizmente, já perdi sem poder fazer nada, sem ter alternativa. Se quiserem sair por sua livre vontade, também não as prendo, as pessoas são mais livres que os pássaros, mas se depender de mim, ficam.
A questão é sempre pegar na grande bola de sentimento e torná-lo num outro. Nem sempre é fácil, ou melhor, nunca é fácil, é quase como parir um filho já grande, mas é um trabalho de respiração. Se já se começou pelo mais difícil que é gostar e dar…
Não faz sentido que só porque de uma certa maneira há um fim, não se vá por outro caminho e não haja um outro inicio. Para mim, é um desperdício não o fazer.
Passamos mais de metade da vida sem saber bem o que queremos. E não há mal nenhum nisso, hoje queremos azul e amanhã queremos vermelho, e nessa demanda vamos-nos cruzando com pessoas com que fazemos ou não história. Mas quando há este cruzamento, porque raio temos de derivar depois do atravessar?
É isto, pegar no sentimento e moldá-lo, porque as pessoas valem a pena e a vida só vale a pena assim cheia.
É o que sinto... tem a minha verdade, só a minha, e vale o que vale.
Tasmanices XL
Ao jantar:
Diaba- Sabes Mãe, dia 15 há uma festa na Disney de Paris e eu gostava de ir
A Mãe desata logo a rir
Diaba- Ó Mãe, têm refeições grátis!
Mãe- Mas ó filha, tu sabes onde é Paris?
Diaba- Mas Mãe, têm refeições grátis!
( ó filha, desculpa mas não consigo parar de rir!! Ou tens fome??? Já achas que não temos dinheiro para comer???? Para o ano vamos a Paris as duas, sim?? )
Diaba- Sabes Mãe, dia 15 há uma festa na Disney de Paris e eu gostava de ir
A Mãe desata logo a rir
Diaba- Ó Mãe, têm refeições grátis!
Mãe- Mas ó filha, tu sabes onde é Paris?
Diaba- Mas Mãe, têm refeições grátis!
( ó filha, desculpa mas não consigo parar de rir!! Ou tens fome??? Já achas que não temos dinheiro para comer???? Para o ano vamos a Paris as duas, sim?? )
quinta-feira, 11 de março de 2010
Vrummmmm
Estou aqui parada. Em frente ao computador. Na minha cabeça passam, a centenas de kilometros/hora, frases avulsas. Uma frase, vrummmmm, outra, vrummmm e mais outra e mais outra.
São muitos os assuntos, muitos os temas e cada um parece ocupar apenas uma frase. Ou tantas que não consigo agrupá-las.
São bolsos cheios de coisas, dos guardanapos de papel onde escrevinhei à pressa qualquer coisa que depois desse o mote, de pacotes de açúcar que dizem hoje é o dia, da pequena agenda cheia de pontinhos.
Até a música, porque há sempre uma música que conta na perfeição aquele momento. Que alivia a dor na alma. Que quando chove, apetece ficar e quando faz sol apetece dançar.
Até os joelhos que doem de brincadeira
Uma frase, vrummmm, outra, vrummmmm. E nada a sair com consistência de texto.
São muitos os assuntos, muitos os temas e cada um parece ocupar apenas uma frase. Ou tantas que não consigo agrupá-las.
São bolsos cheios de coisas, dos guardanapos de papel onde escrevinhei à pressa qualquer coisa que depois desse o mote, de pacotes de açúcar que dizem hoje é o dia, da pequena agenda cheia de pontinhos.
Até a música, porque há sempre uma música que conta na perfeição aquele momento. Que alivia a dor na alma. Que quando chove, apetece ficar e quando faz sol apetece dançar.
Até os joelhos que doem de brincadeira
Uma frase, vrummmm, outra, vrummmmm. E nada a sair com consistência de texto.
quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
Mark Linkous
Dizia que era Wonderful life... mas pelos vistos só na música. Matou-se com dois tiros na cabeça... Ficou a música
segunda-feira, 8 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher
Há pequenas coisas que me tiram do sério, como no meio de um debate sobre a igualdade de género, uma figura pública dizer que ficou chocada ao ver deputadas votarem a favor do fecho de maternidades e uma mulher da assistência dizer que achava mal os homens votarem na questão do aborto.
Irrita-me! Então queremos ser todos iguais ou afinal há temas de homens e temas de mulheres? As mulheres devem defender maternidades abertas só porque são elas que têm os filhos, ou a discussão deve-se centrar em viabilidades económicas e melhores condições de serviço a todos os utentes?
Irrita-me! É que enquanto continuarmos nesta divisão de temas entre homens e mulheres nunca se mudará uma mentalidade que se quer de pessoas. Pessoas iguais.
Irrita-me! Então queremos ser todos iguais ou afinal há temas de homens e temas de mulheres? As mulheres devem defender maternidades abertas só porque são elas que têm os filhos, ou a discussão deve-se centrar em viabilidades económicas e melhores condições de serviço a todos os utentes?
Irrita-me! É que enquanto continuarmos nesta divisão de temas entre homens e mulheres nunca se mudará uma mentalidade que se quer de pessoas. Pessoas iguais.
Painel
É sexta-feira, final do dia e tu não estás aqui. Na fila do trânsito, os carros levam dois que contam dia-a-dia entre risos e listas de compras.
Eu vou sozinha. Eu, o volante e a música. Um corpo inteiro e uma ausência.
Transporto comigo um desperdício enorme, mau aproveitamento de tudo o que esta na mala.
Uma tabuleta, à beira da estrada, indica uma saída que evito ver, por só me cheirar a gasolina queimada e a minha boca ter perdido a memória dos gritos lindíssimos que se dão de prazer.
Dizem que só se acredita por medo, eu digo que só se acredita porque se conheceu ou sentiu.
É sexta-feira, final do dia e quem sabe amanhã não haverá um salto para o espaço que falta para o amor com o teu nome, ainda que inexistente.
Eu vou sozinha. Eu, o volante e a música. Um corpo inteiro e uma ausência.
Transporto comigo um desperdício enorme, mau aproveitamento de tudo o que esta na mala.
Uma tabuleta, à beira da estrada, indica uma saída que evito ver, por só me cheirar a gasolina queimada e a minha boca ter perdido a memória dos gritos lindíssimos que se dão de prazer.
Dizem que só se acredita por medo, eu digo que só se acredita porque se conheceu ou sentiu.
É sexta-feira, final do dia e quem sabe amanhã não haverá um salto para o espaço que falta para o amor com o teu nome, ainda que inexistente.
Dias
O dia começou e é mais um dia 08 de Março. Mais um. A Diaba (sabes que a chamo assim por tua causa, não sabes? Por ser o teu personagem preferido, o Diabo da Tasmania)que nunca te conheceu, lembra-se que hoje era o teu aniversário...Eu também me lembro.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Histórias
- Passei a noite toda a falar de mim. Fala-me de ti agora.
Os olhos encontraram-se novamente por cima da mesa. Ele olhava-a com curiosidade pronta de um espectador em dia de estreia.
-Que queres que te conte? perguntou ela calmamente, expirando o fumo.
- Não sei, conta-me uma história.
- Sabes que não tenho para te contar a história que queres ouvir, não sabes?
Ele arrependeu-se imediatamente de lhe ter pedido, mas já não havia como voltar atrás e a curiosidade era muito grande.
- Não sei. Despe-te, pediu ele.
Ela começou, lentamente. " Era uma vez..." disse ela, "é assim que as histórias começam. Era uma vez, e o impossivel aconteceu".
E falou. Falou durante duas horas sobre afogamentos, salvamentos, ilhas escondidas, arquipelogos desaparecidos e tartarugas que caiam. Falou sobre cicratizes e poções que de tão mágicas azedaram ao sol. Falou do tempo que voava e nunca voltava a trazer um sopro. Sobre amor negro como um virus e fadas em luta.
No fim olhou para ele e viu que chorava.
- Não era a história em que sonhavas adormecer, pois não?
Ao leve acenar dele, levantou-se roçando os seus lábios nos dele.
- Não apresses um striptease. Há histórias que não são de encantar e o meu nome é Solidão.
Os olhos encontraram-se novamente por cima da mesa. Ele olhava-a com curiosidade pronta de um espectador em dia de estreia.
-Que queres que te conte? perguntou ela calmamente, expirando o fumo.
- Não sei, conta-me uma história.
- Sabes que não tenho para te contar a história que queres ouvir, não sabes?
Ele arrependeu-se imediatamente de lhe ter pedido, mas já não havia como voltar atrás e a curiosidade era muito grande.
- Não sei. Despe-te, pediu ele.
Ela começou, lentamente. " Era uma vez..." disse ela, "é assim que as histórias começam. Era uma vez, e o impossivel aconteceu".
E falou. Falou durante duas horas sobre afogamentos, salvamentos, ilhas escondidas, arquipelogos desaparecidos e tartarugas que caiam. Falou sobre cicratizes e poções que de tão mágicas azedaram ao sol. Falou do tempo que voava e nunca voltava a trazer um sopro. Sobre amor negro como um virus e fadas em luta.
No fim olhou para ele e viu que chorava.
- Não era a história em que sonhavas adormecer, pois não?
Ao leve acenar dele, levantou-se roçando os seus lábios nos dele.
- Não apresses um striptease. Há histórias que não são de encantar e o meu nome é Solidão.
Sawdust And Diamonds
"(...)And though my wrists and my waist
Seem so easy to break
Still my dear i would have walked you to the edge of the water
And they will recognise
All the lines of your face
In the face of the daughter, of the daughter, of my daughter
And darling we will be fine
But what was yours and mine
Appears to be a sandcastle that the gibbering wave takes
But if it's all just the same
Then say my name, say my name,
Say my name in the morning so that i know when the wave breaks
I wasn't born of a whistle
Or milked from a thistle at twilight
No, i was all horns and thorns
Sprung out fully formed, knock-kneed and upright
So enough of this terror we deserve to know light
And grow evermore lighter and lighter
You would have seen me through
But i could not undo that desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh-oh-oh-oh desire milkymoon
From the top of the flight
Of the wide white stairs
Through the rest of my life
Do you wait for me there? "
Joanna Newsom
Seem so easy to break
Still my dear i would have walked you to the edge of the water
And they will recognise
All the lines of your face
In the face of the daughter, of the daughter, of my daughter
And darling we will be fine
But what was yours and mine
Appears to be a sandcastle that the gibbering wave takes
But if it's all just the same
Then say my name, say my name,
Say my name in the morning so that i know when the wave breaks
I wasn't born of a whistle
Or milked from a thistle at twilight
No, i was all horns and thorns
Sprung out fully formed, knock-kneed and upright
So enough of this terror we deserve to know light
And grow evermore lighter and lighter
You would have seen me through
But i could not undo that desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh-oh-oh-oh desire milkymoon
From the top of the flight
Of the wide white stairs
Through the rest of my life
Do you wait for me there? "
Joanna Newsom
...
Mesmo quando se sabe que não há outro caminho. Que é isto que se quer e que se tem de fazer. Mesmo quando a lista está toda a apoiar a decisão. Mesmo assim, há sempre um aperto na boca do estômago e um não sei que de desalento quando se escreve "FIM". Mais um a engrossar a pilha do not succeed.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Vidinhas
Gostava muito de estar aqui a escrever. Qualquer coisa gira, qualquer coisa...
Mas em vez disso tenho de escrever uma reclamação para a TMN e uma tentaiva de dissolução de contrato para o "meu" franchising. E a unica coisa que me apetece é escrever-lhe, a corpo 72, um monte de asneiras! :)
Mas em vez disso tenho de escrever uma reclamação para a TMN e uma tentaiva de dissolução de contrato para o "meu" franchising. E a unica coisa que me apetece é escrever-lhe, a corpo 72, um monte de asneiras! :)
quarta-feira, 3 de março de 2010
Conversas
Há coisas que não te contei porque são como corvos, asas negras abertas, que assombram os meus dias, mesmo os de sol.
Não mas perguntaste como eu não te perguntei a ti de que terrores se cobrem as tuas noites, quando dás voltas e voltas na cama à procura de um lugar seguro.
Há coisas que não te disse porque…porque… em sons eu tenho medo.
Mas regista, para qualquer memória futura, que se mas perguntares, direi palavra por palavra os medos que me assaltam quando não estás por perto. Por ser este excesso de bagagem, do qual se aproveitam forças adversas, ao cair da noite, em forma de vampiros, para vir beber todas as gotas que tento à força reter para as viagens do dia.
Precisava que estivesses aqui e me apertasses a mão com força, me salvasses dos fantasmas e me mostrasses qualquer coisa diferente.
É Inverno, e a chuva não passa. Está frio. Os dias não chegam ao ponto de aquecer e não vale a pena praguejar mais. É Inverno é suposto estar frio. Como era suposto ficarmos os dois abraçados debaixo de uma manta qualquer até os cabelos ficarem alvoraçados pelas mãos do desejo que és.
Há coisas que não te contei como a vontade de te dar a mão e juntos, saltarmos para a vida seguinte.
Não mas perguntaste como eu não te perguntei a ti de que terrores se cobrem as tuas noites, quando dás voltas e voltas na cama à procura de um lugar seguro.
Há coisas que não te disse porque…porque… em sons eu tenho medo.
Mas regista, para qualquer memória futura, que se mas perguntares, direi palavra por palavra os medos que me assaltam quando não estás por perto. Por ser este excesso de bagagem, do qual se aproveitam forças adversas, ao cair da noite, em forma de vampiros, para vir beber todas as gotas que tento à força reter para as viagens do dia.
Precisava que estivesses aqui e me apertasses a mão com força, me salvasses dos fantasmas e me mostrasses qualquer coisa diferente.
É Inverno, e a chuva não passa. Está frio. Os dias não chegam ao ponto de aquecer e não vale a pena praguejar mais. É Inverno é suposto estar frio. Como era suposto ficarmos os dois abraçados debaixo de uma manta qualquer até os cabelos ficarem alvoraçados pelas mãos do desejo que és.
Há coisas que não te contei como a vontade de te dar a mão e juntos, saltarmos para a vida seguinte.
Canções de embalar
Canção de madrugar
De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras
José Carlos Ary dos Santos
De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras
José Carlos Ary dos Santos
terça-feira, 2 de março de 2010
Tasmanices XXXIX
Ao mostrar fotografias das férias e de um jantar:
Diaba- Ó Mãe já viste bem como estamos a sorrir? Era bom que fosse sempre tudo assim, a relaxar!
( A sério, miúda, tu fazes-me rir! Era muito bom, muito bom. Vamos para a Jamaica e abrimos um bar na praia??)
Diaba- Ó Mãe já viste bem como estamos a sorrir? Era bom que fosse sempre tudo assim, a relaxar!
( A sério, miúda, tu fazes-me rir! Era muito bom, muito bom. Vamos para a Jamaica e abrimos um bar na praia??)
"Argumento é uma palavra antiga que quer dizer a brancura da aurora. É tudo o que ilumina e se discerne nesta palidez que surge em alguns instantes. Peremptório é o argumento: nunca é possível desviar o rio no instante exacto da sua cheia.
Assim como não é fácil parar o dia na sua aurora.
Espera-se.
Espera-se sem nada poder fazer, subitamente, numa contemplação tornada infeliz.
Ou o amor surgirá da paixão, ou nunca nascerá.
É verdade que não é fácil desenfeitiçar este momento petrificado. Cada um tem de superar este passo estranho em que tudo o que era descoberta no fundo da alma descobre que não descobrirá mais.
Onde tudo se põe a reconhecer."
-"Vida Secreta" - Pascal Quignard
Assim como não é fácil parar o dia na sua aurora.
Espera-se.
Espera-se sem nada poder fazer, subitamente, numa contemplação tornada infeliz.
Ou o amor surgirá da paixão, ou nunca nascerá.
É verdade que não é fácil desenfeitiçar este momento petrificado. Cada um tem de superar este passo estranho em que tudo o que era descoberta no fundo da alma descobre que não descobrirá mais.
Onde tudo se põe a reconhecer."
-"Vida Secreta" - Pascal Quignard
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