O amor tem urgência. Tem urgência na palavra quando o silêncio se prolonga. Tem urgência no toque quando o formigueiro quebra a força das pernas. Tem urgência no olhar quando, cego, só tem olhos para o olhar do outro.
O amor não espera. Mesmo quando espera por qualquer razão que ganhou no duelo ao sentimento, o amor fica inquieto, bicho-carpinteiro que corre sobre si mesmo, porque é alvoroço, até que se acalma quando se senta à frente do amor.
O amor não tira férias, mesmo quando, em dias de sol, se deita, pés na areia, para depois se levantar apenas mais escuro do bronzeado. O amor trabalha todos os dias, cá dentro, na construção, tijolo sobre tijolo, sem picar relógio de ponto nem cumprir horário.
O amor não é contido, transborda em todos os poros porque não cabe em lado nenhum e tem de transbordar nos lábios, na pele, nas nódoas negras que aparecem, prenúncios de pequenas feridas.
O amor não se prende, deixa-se voar, quando tem de ser, na esperança que sempre volte, mas prende quando no coração, no esófago, no estômago, nos intestinos, cria raízes que de tão profundas não se arrancam e dessas raízes continuam a sair pequenos troncos que florescem na pressa dos minutos, que o amor tem, da presença.
O amor tem urgência em estar e luta, armado em espadachim, para o fazer.
O amor grita, todos os dias, bem alto “Vem”!
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2 comentários:
Amor? O que é isso???
Deve ser coisa de almas gémas...
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