Está sol e parece que o vento amainou. Não o sinto tão fortemente nas têmporas, areia lançada com força de entrar na minha pele até se tornar bicho bolorento que percorre gota a gota o sangue. “ O vento amainou” dizem os velhos sentados nas soleiras das casas, escondendo-se do sol que está duro, rijo, impondo-se contra a muralha que andava por aqui a querer tomar de ponta a terra e fazer kilometros até à China.
“ O vento amainou” dizem as copas das árvores que não baloiçam, quietas na sua imponência de árvores presas em raízes que gostavam de trilhar o interior da terra escavando até ao centro, lava que queima e ai fundar uma nova nação, diferente da Patagónia, onde as arvores crescem sempre inclinadas a norte.
Parece que sim, que o meu cabelo já se penteia, mantendo-se no lugar quieto, mesmo à noite no embrulhado do casaco que já não é preciso a não ser preso à cintura, não vá vir uma rajada sem aviso prévio ou indicio de leve roçar nos ombros queimados.
O vento já passou, ou a pressão, atmosférica, entre duas regiões distintas, o eu e o eu, já não se faz sentir e tudo o que o ciclone tinha a levar ficou transformado em leve brisa que sopra em direcção ao mar. É para lá que vou.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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