sábado, 22 de agosto de 2009

Puff

Agora que chegou, há partes de si que ainda vêm lá atrás, atrasadas num passo que não é o seu. Mas espera, porque começar de novo leva a uma nova morada, a um outro cenário, construído por si e para si, e se não espera pelas partes, o corpo fica amputado e sofre de dores fantasma.
Um cenário feliz, porque é o momento. Nunca será feliz se não for feliz agora, é o que pensa enquanto acaba de pintar as paredes.
O estranho formigueiro, como uma pequena aranha a passar no pescoço. Será sempre tempo de ser feliz. Como agora. Ser agora.
Sabe-se apenas que o amanhã existe. É o destino, e o ponto de partida é o momento.
Olha o relógio, marca 0H12, o tempo da promessa.
Senta-se no puff da varanda. Gosta de acabar ai os dias, seja a que horas o dia acabe. Gosta de acender o último cigarro e olhar para o céu, para as estrelas. Se se pudesse dobrar o tempo para que no momento pudesse estar a ver o que do passado fosse necessário alterar o futuro, a única luz que restaria seria a das estrelas.
É por isso que gosta de olhar para elas e partilhar o segredo que, às vezes, elas vem lá de cima ver o que se passa e iliuminar mais um bocadinho.
Foi aqui que chegou. Agora espera um bocadinho, o tempo do último cigarro, para que as partes cheguem e seja feliz.

Sem comentários: