Fala-me tu do Amor e dessa coisa esquisita que é o tempo com quatro dedos de distância entre o ardor das línguas e a asfixia dos corpos.
Fala-me tu do Amor e desse desejo que arrasta a proximidade que anula todos os intervalos em pequenas existências que de tão insignificantes desaparecem numa doçura e amargura.
Conta-me do constante faz e refaz, de ressuscitar e morrer, de adormecer e sonhar, do conforto da luz dos dias na realidade que nos mata. Porque do Amor também se morre e também se vive, como alimentação programada às calorias necessárias para respondermos.
Encostarei a cabeça para que te ouça falar da grande cidade, cheia de perigos, que não amedrontam porque de um se protege o outro e dois são uma muralha maravilhosa em que existe a gratidão de ser ele e ela, e toda a gente e mais ninguém que esteja em sombra.
Sei que consegues dizer-me de todo o Amor que é físico, quando o corpo se retrai, contrai e abre em planícies de flores e do toque nasce toque e não se pode mais esperar todo o desejo que é estar dentro um do outro em sofreguidão, exaustão, prova e dentada e os corpos reflectem luz que só acaba noite gritada em pequenas gotas de suor. E sempre assim, mesmo que o ritmo seja mais suave e a cadência da música mais lenta, porque de todos os andamentos se faz.
Explica-me do Amor em cartões multibanco, créditos a prestações que se tornam da cabeça em conjunto com os pés em conversas, palmilhados os caminhos falados nas encruzilhadas que não se voltam porque já passadas.
Diz-me do fogo da pertença que mesmo em passeios ladeados em momentos de se respirar, expirar, não afasta do ponto em que se sabe ser um pulmão porque o corpo é um só, celeste, cadente, brilhante no universo, estrela e planeta.
Matematicamente diz-me da equação em que um mais um são sempre um mas também sempre dois, porque a matemática é linguagem universal que faz entender que das letras nascem números e a media está na soma em que se acrescenta sempre algo de bom à unidade, mantendo-a.
Fala-me tu do Amor, que eu às vezes já não sei falar, só ouvir.
* Al berto
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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