"Entretanto procuramos o outro e encontramos o nosso
desespero, encontramos solidão, eu a olhar para mim e a pensar:
é só isto?
Até que chega a nós uma melodia, a última palavra, e somos abraçados.
E é tudo."-
"Cadiernos del Labirinto"-Angél Campos
roubado daqui
terça-feira, 28 de abril de 2009
Texto Composto
Sempre que inclino o texto para um lado, ele força-me para outro. As palavras que sei dizer ou escrever vêm sempre em forma infantil, aos saltos de alegria, ou com birras de choro, falar sobre o mesmo, e o que me apetecia hoje era que o corpo estivesse exausto, a não poder escrever o tanto que sentia. Apetecia-me escrever palavrões, gritados por qualquer êxtase. Uma alegoria, um significado oculto, mas exprimível, onde se notasse os dedos a percorrerem qualquer linha louca, insana, descontrolada. Apetecia-me que os músculos se retorcessem de dor prazível, ao contrair para compor cada palavra servida no acordar da manhã embalada por uma felicidadezinha acompanhada numas pernas entrelaçadas com a vida do dia-a-dia.
Que dos textos pairasse uma nuvem com formas visíveis mas reconhecidas apenas pelo mesmo olhar cruzado que serve de guia às pontas dos dedos.
Apetecia-me escrever, em testemunho que depois guardaria num qualquer cd, back copy moderno das memórias que se tiraria em qualquer dia de saudade acrescida, nos tempos em que não se está e a dualidade do falar e calar precisa de suporte para continuar.
Porque sempre que inclino o texto para os pensamentos que se cruzam sobre um qualquer tema de interesse politico-estratégico, a crise- Valha-me Deus, o que vai ser de nós??- as minhas posições e opiniões sobre a actualidade e tento engrossar este diário com alguma profundidade e seriedade, coisas de gente adulta, vem o raio do órgão que bate sem parar, escrever que lhe apetecia transbordar.
Que dos textos pairasse uma nuvem com formas visíveis mas reconhecidas apenas pelo mesmo olhar cruzado que serve de guia às pontas dos dedos.
Apetecia-me escrever, em testemunho que depois guardaria num qualquer cd, back copy moderno das memórias que se tiraria em qualquer dia de saudade acrescida, nos tempos em que não se está e a dualidade do falar e calar precisa de suporte para continuar.
Porque sempre que inclino o texto para os pensamentos que se cruzam sobre um qualquer tema de interesse politico-estratégico, a crise- Valha-me Deus, o que vai ser de nós??- as minhas posições e opiniões sobre a actualidade e tento engrossar este diário com alguma profundidade e seriedade, coisas de gente adulta, vem o raio do órgão que bate sem parar, escrever que lhe apetecia transbordar.
Tasmanices XXI
A Diaba tem amiguinhos de sempre, como o T. que diz que ela vai casar com ele.
No fim de semana, dançavam os dois agarradinhos, quando o A. disse ao Tomás
" Se queres casar com a Diaba, tens de pedir a mão à mãe. Só assim podes ser noivo"
Resposta rápida da Diaba:
"Tem é de me dar um anel!"
(Esta miúda vai ser tãoooo mais esperta que a Mãe nisto das relações. Ehehehe)
No fim de semana, dançavam os dois agarradinhos, quando o A. disse ao Tomás
" Se queres casar com a Diaba, tens de pedir a mão à mãe. Só assim podes ser noivo"
Resposta rápida da Diaba:
"Tem é de me dar um anel!"
(Esta miúda vai ser tãoooo mais esperta que a Mãe nisto das relações. Ehehehe)
segunda-feira, 27 de abril de 2009
IDE VER!
Quereis rir e pular e aprender todos os movimentos de um Rock Concert? Ide ver ao Casino de Lisboa :)
Arquivos VII
Fui eu,
Por isso peço desculpa.
Fui eu,
Por isso peço desculpa
Fui eu,
Por isso
Vou ressuscitar dos mortos
A boca da verdade.
A culpa não é minha
Não a quero mais!
Por isso peço desculpa.
Fui eu,
Por isso peço desculpa
Fui eu,
Por isso
Vou ressuscitar dos mortos
A boca da verdade.
A culpa não é minha
Não a quero mais!
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Arquivos VI
Obituário
Na lápide, depois de afastada a terra,
Podia-se ler:
“ Viveu todos os dias na imperfeição.
Na sua e na dos outros.
Dessa imperfeição nasceu o sorriso
Que tornava a vida completamente iluminada.”
Na lápide, depois de afastada a terra,
Podia-se ler:
“ Viveu todos os dias na imperfeição.
Na sua e na dos outros.
Dessa imperfeição nasceu o sorriso
Que tornava a vida completamente iluminada.”
Arquivos V
Dieta
Estou pesada,
Vou deixar de comer
Estou aguada,
Vou deixar de beber
Estou intoxicada,
Vou deixar de fumar
Estou cansada
Mas não consigo deixar de amar.
Estou pesada,
Vou deixar de comer
Estou aguada,
Vou deixar de beber
Estou intoxicada,
Vou deixar de fumar
Estou cansada
Mas não consigo deixar de amar.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
A menina e o limão
Era uma vez. É assim que começam as histórias e esta vai ser uma história. Era uma vez. Mas porque era uma vez? E se fossem duas vezes? Não pode ser? As histórias não acontecem duas vezes? Não interessa. Começam com “Era uma vez”.
Para ser uma história de encantar, tem também que ter uma princesa. Ou uma menina bonita e boazinha como uma princesa, ou uma menina que merecia ser princesa.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. ..”
Depois tem de acontecer alguma coisa má. Algum contratempo, alguma desilusão. Uma madrasta má, um dragão que aprisiona, uma bruxa que quer o seu mal.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo ”
Deve haver também um vegetal, fruto, ou qualquer coisa no meio. Uma maçã mordida, uma ervilha que não deixa dormir, uma alface roubada no jardim da bruxa ou até uma abóbora para transformar. Isso!
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo. Mas um dia, a menina encontrou um limão que se lamentava de ser azedo e não servir para nada. Ela disse-lhe “dou-te os meus sonhos doces e tu deitas o teu sumo azedo na boca do dragão, quando ele vier tentar comer os sonhos. Assim podemos os dois ir embora daqui". Dito e feito. A menina começou a sonhar, o dragão apareceu e o limão deitou-lhe o sumo na boca. O dragão assustou-se, porque não estava habituado aquele sabor, fechou a boca e foi-se embora a chorar.”
Numa história de encantar, o final deve ser feliz. O amor e o bem prevalecem e tudo fica alinhado com o universo. Porque é assim que se encanta. E esta é uma história de encantar.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo. Mas um dia, a menina encontrou um limão que se lamentava de ser azedo e não servir para nada. Ela disse-lhe “dou-te os meus sonhos doces e tu deitas o teu sumo azedo na boca do dragão, quando ele vier tentar comer os sonhos. Assim podemos os dois ir embora daqui". Dito e feito. A menina começou a sonhar, o dragão apareceu e o limão deitou-lhe o sumo na boca. O dragão assustou-se, porque não estava habituado aquele sabor, fechou a boca e foi-se embora a chorar.
A menina encontrou o mundo da ilusão nos seus sonhos livres de dragão e o limão ficou contente por ser um herói, mesmo sendo azedo. Viveram felizes para sempre ”
Vitória, Vitória, acabou-se a história.
Para ser uma história de encantar, tem também que ter uma princesa. Ou uma menina bonita e boazinha como uma princesa, ou uma menina que merecia ser princesa.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. ..”
Depois tem de acontecer alguma coisa má. Algum contratempo, alguma desilusão. Uma madrasta má, um dragão que aprisiona, uma bruxa que quer o seu mal.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo ”
Deve haver também um vegetal, fruto, ou qualquer coisa no meio. Uma maçã mordida, uma ervilha que não deixa dormir, uma alface roubada no jardim da bruxa ou até uma abóbora para transformar. Isso!
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo. Mas um dia, a menina encontrou um limão que se lamentava de ser azedo e não servir para nada. Ela disse-lhe “dou-te os meus sonhos doces e tu deitas o teu sumo azedo na boca do dragão, quando ele vier tentar comer os sonhos. Assim podemos os dois ir embora daqui". Dito e feito. A menina começou a sonhar, o dragão apareceu e o limão deitou-lhe o sumo na boca. O dragão assustou-se, porque não estava habituado aquele sabor, fechou a boca e foi-se embora a chorar.”
Numa história de encantar, o final deve ser feliz. O amor e o bem prevalecem e tudo fica alinhado com o universo. Porque é assim que se encanta. E esta é uma história de encantar.
“Era uma vez, uma menina que vivia na ilusão de um mundo de princesas. Um mundo bonito e suave. Mas esse mundo não existia. Ela tinha a certeza que sim, que só ainda não o tinha visto. O mundo real tinha um dragão com duas cabeças que ameaçavam os sonhos dela, e de cada vez que os sonhos começavam a tomar forma, vinha uma das cabeças com uma grande boca e comia-os enquanto a outra cabeça cuspia fogo. Mas um dia, a menina encontrou um limão que se lamentava de ser azedo e não servir para nada. Ela disse-lhe “dou-te os meus sonhos doces e tu deitas o teu sumo azedo na boca do dragão, quando ele vier tentar comer os sonhos. Assim podemos os dois ir embora daqui". Dito e feito. A menina começou a sonhar, o dragão apareceu e o limão deitou-lhe o sumo na boca. O dragão assustou-se, porque não estava habituado aquele sabor, fechou a boca e foi-se embora a chorar.
A menina encontrou o mundo da ilusão nos seus sonhos livres de dragão e o limão ficou contente por ser um herói, mesmo sendo azedo. Viveram felizes para sempre ”
Vitória, Vitória, acabou-se a história.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Relação certa
É oficial, namoro com o rapaz da Seguradora. Quinze dias de telefonemas diários em que já trocamos palavras queridas e já tivemos discussões. Já lhe enviei faxes e e-mails e ele já me falou nesta correspondência e já me disse que está a tratar do meu assunto. Ele tem ciúmes e não me deixa falar com mais ninguém. Qualquer um de nós diz o que sente no momento, sem joguinhos, mas com respeito.
Já nos despedimos com um “até amanhã”.
Acho que o processo se prolonga só para que nos conheçamos melhor e eu já não consigo passar um dia sem lhe ligar!
Temos tudo para que esta relação dê certo!
Já nos despedimos com um “até amanhã”.
Acho que o processo se prolonga só para que nos conheçamos melhor e eu já não consigo passar um dia sem lhe ligar!
Temos tudo para que esta relação dê certo!
Tasmanices XX
Ontem, "comunicava" à Diaba que este fim de semana vamos ter os miúdos, o X (com 16 anos) e o Y (com 7 anos).
Diaba - E ficam quanto tempo?
Mãe - De sexta a domingo.
Diaba (aos saltos) - Boa, boa. Dá para fazer muita coisa. Vou tomar banho de espuma com o Y e depois ele dorme no meu quarto. ( De repente pára e fica séria) Só espero que ele não esteja sempre a perguntar se gosto dele!
(Esta miuda é engraçada. É capaz de dizer 10 vezes por dia que nos adora, de estar sempre a lembrar-se de fazer "prendinhas" para dar, mas detesta que a pressionem a dizer se gosta!)
Diaba - E ficam quanto tempo?
Mãe - De sexta a domingo.
Diaba (aos saltos) - Boa, boa. Dá para fazer muita coisa. Vou tomar banho de espuma com o Y e depois ele dorme no meu quarto. ( De repente pára e fica séria) Só espero que ele não esteja sempre a perguntar se gosto dele!
(Esta miuda é engraçada. É capaz de dizer 10 vezes por dia que nos adora, de estar sempre a lembrar-se de fazer "prendinhas" para dar, mas detesta que a pressionem a dizer se gosta!)
Labuat.com
Eu pintei a minha . Vão lá e pintem a vossa.
P.S- Há sentimentos que não consigo explicar. Foi assim um bem estar que começou a entrar e me encheu devagarinho de luz e calma. Momentos em que tudo pára e se mergulha :)
P.S- Há sentimentos que não consigo explicar. Foi assim um bem estar que começou a entrar e me encheu devagarinho de luz e calma. Momentos em que tudo pára e se mergulha :)
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Sete pedaços de vento
"Entrego ao vento os meus ais, onde o desejo se mata
sete desejos carnais, que o meu desejo desata,
meus lábios, estrela da tarde
sete crescentes de lua,
que o desejo não me guarde, na vontade de ser tua
Quero ser, eu sou assim, sete pedaços de vento
sete rosas num jardim,
num jardim que eu própria invento
sete ares de nostalgia
sete perfumes diversos
nos cristais da fantasia,
amante de amores dispersos
Sete gritos por gritar
sete silêncios viver,
sete luas por sonhar
e o céu para me acontecer.
Entrego ao vento os meus ais,
onde o desejo se mata
sete desejos carnais
que o meu desejo desata."
Cristina Branco- "sete pedaços de vento"
sete desejos carnais, que o meu desejo desata,
meus lábios, estrela da tarde
sete crescentes de lua,
que o desejo não me guarde, na vontade de ser tua
Quero ser, eu sou assim, sete pedaços de vento
sete rosas num jardim,
num jardim que eu própria invento
sete ares de nostalgia
sete perfumes diversos
nos cristais da fantasia,
amante de amores dispersos
Sete gritos por gritar
sete silêncios viver,
sete luas por sonhar
e o céu para me acontecer.
Entrego ao vento os meus ais,
onde o desejo se mata
sete desejos carnais
que o meu desejo desata."
Cristina Branco- "sete pedaços de vento"
domingo, 19 de abril de 2009
Acerca dos Arquivos
Decidi desenterrar uma série de coisas escritas. Basicamente porque, também, não tenho tido tempo para escrever.
Nunca as publiquei, nunca as mostrei a ninguém, mas, agora, eis que saltam para fora do baú. É, portanto, uma premier :)
Não estão datadas (propositadamente). Sei quando e porque as escrevi. Nem aparecem aqui de uma forma sequencial.
Pronto, cada maluco com a sua panca, que no meu caso é mais Quinta do Pancas, Reserva, Tinto :)
Nunca as publiquei, nunca as mostrei a ninguém, mas, agora, eis que saltam para fora do baú. É, portanto, uma premier :)
Não estão datadas (propositadamente). Sei quando e porque as escrevi. Nem aparecem aqui de uma forma sequencial.
Pronto, cada maluco com a sua panca, que no meu caso é mais Quinta do Pancas, Reserva, Tinto :)
Arquivos IV
Dias
Precisava de um sopro, longo, forte.
Um só que levasse em asas de condor.
Podia ser um tremor de terra, seguido de um tsunami
Que destruísse as estruturas postas na praia ao entardecer
Que tu me desassossegasses o clamor
Me rebentasses a pele com os joelhos.
Enrodilhar no teu chão e das sombras - tu em mim, eu em ti-
Fazer o pequeno-almoço.
Precisava da tua fadiga no meu peito
Quando fossemos pagar as contas por multibanco
E do vapor do teu banho nas minhas costas.
Precisava de um sopro, longo, forte.
Um só que levasse em asas de condor.
Podia ser um tremor de terra, seguido de um tsunami
Que destruísse as estruturas postas na praia ao entardecer
Que tu me desassossegasses o clamor
Me rebentasses a pele com os joelhos.
Enrodilhar no teu chão e das sombras - tu em mim, eu em ti-
Fazer o pequeno-almoço.
Precisava da tua fadiga no meu peito
Quando fossemos pagar as contas por multibanco
E do vapor do teu banho nas minhas costas.
sábado, 18 de abril de 2009
Broken bridge and the dream
Lulu estava na ponte. A luz do candeeiro fazia reflexo nas águas escuras que passavam. Escuras como Lulu.
Lulu estava na ponte e podia jurar que aquela água já ali tinha passado. Não podia ser, diziam que a mesma água nunca passa debaixo da ponte, mas Lulu juraria a pés juntos que aquela água já ali tinha passado.
Lulu estava na ponte e pensava se saltava ou não. Vamos que saltava e em vez de ser arrastada para longe, voltava à mesma ponte. Isso, ela não queria. Não previra ir até aquela ponte, mas quando deu por isso já lá estava ou não estava. Não sabia bem. Ainda não tinha decidido.
Era constante esta indecisão, esta incerteza. Quando estava perto, tudo era claro, quando estava longe, tudo era perguntas numa qualquer noite escura por onde não queria ir.
Lulu estava na ponte. Subiu para o beiral e olhou outra vez para baixo. Teve a certeza, aquela água já ali tinha passado. Recordava perfeitamente aquele ponto de luz que brilhava no fundo. Só naquele fundo e em mais nenhum. Era aquele ponto de luz que a atraía e a fazia querer saltar. Ir para longe na cama de limos. Mas não aguentava pensar que se saltasse voltaria aquela ponte, como a água.
Lulu estava na ponte a abrir os braços para se poder ouvir.
Lulu estava na ponte e podia jurar que aquela água já ali tinha passado. Não podia ser, diziam que a mesma água nunca passa debaixo da ponte, mas Lulu juraria a pés juntos que aquela água já ali tinha passado.
Lulu estava na ponte e pensava se saltava ou não. Vamos que saltava e em vez de ser arrastada para longe, voltava à mesma ponte. Isso, ela não queria. Não previra ir até aquela ponte, mas quando deu por isso já lá estava ou não estava. Não sabia bem. Ainda não tinha decidido.
Era constante esta indecisão, esta incerteza. Quando estava perto, tudo era claro, quando estava longe, tudo era perguntas numa qualquer noite escura por onde não queria ir.
Lulu estava na ponte. Subiu para o beiral e olhou outra vez para baixo. Teve a certeza, aquela água já ali tinha passado. Recordava perfeitamente aquele ponto de luz que brilhava no fundo. Só naquele fundo e em mais nenhum. Era aquele ponto de luz que a atraía e a fazia querer saltar. Ir para longe na cama de limos. Mas não aguentava pensar que se saltasse voltaria aquela ponte, como a água.
Lulu estava na ponte a abrir os braços para se poder ouvir.
Party Time
E o que se quer sexta feira à noite???? O que?? O que??? Agora todos "Partyyyyyy"!
Ora toca lá a comer, beber, rir à fartazana. Com gente nova (seja bem-vindo e que se junte muitas mais vezes:)) e gente de sempre e gente em recordação.
É bom, é muito bom.
E ganhámos. A minha grande equipa, já com coreografia própria e pronta a ler nos lábios, desenhar, fazer mímica, inventar palavras proibidas ou acertar nas respostas, com o maior Dick do cinema. A fazer lavagens cerebrais aos concorrentes!
Somos os maiores! O pior é que há gente muito invejosaaaaaa da nossa grandiosidade. Gente que só sabe dizer mallllllll. Humpffffttttt. E eu que lhe fiz os cogumelos gratinados. Humpfffffffffffttttttttttt. :)
Ora toca lá a comer, beber, rir à fartazana. Com gente nova (seja bem-vindo e que se junte muitas mais vezes:)) e gente de sempre e gente em recordação.
É bom, é muito bom.
E ganhámos. A minha grande equipa, já com coreografia própria e pronta a ler nos lábios, desenhar, fazer mímica, inventar palavras proibidas ou acertar nas respostas, com o maior Dick do cinema. A fazer lavagens cerebrais aos concorrentes!
Somos os maiores! O pior é que há gente muito invejosaaaaaa da nossa grandiosidade. Gente que só sabe dizer mallllllll. Humpffffttttt. E eu que lhe fiz os cogumelos gratinados. Humpfffffffffffttttttttttt. :)
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Ai que existem, existem!
Eu juro que se telefono mais uma vez para a companhia de seguros e ouço “o seu processo está a ser avaliado” eu deixo de dizer “Explique-me outra vez, como se eu tivesse cinco anos!” e passo a dizer “ As bombas existem e fazem atentados. Essas malvadas…”
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Arquivos III
Insustentável
Sempre que um grito se calar, surgirá outro.
Primeiro em murmurinho para logo depois se formar em grito.
Nada do que foi poderá voltar a ser, mas o grito permanecerá.
Porque sempre que um se calar, surgirá outro.
Que rebenta paredes com muros de lamentações
Onde se guardam lágrimas do pedido em grito
Que logo se calará
Para que surja outro.
Círculos
Havia num espaço uma certa liberdade
Onde os amantes se permitiam despir sem pudores
Odores ou suores.
Havia nos dois uma certa pertença
Que os tornava livres
Na benquerença dos outros todos que os prendiam
Havia nos dias uma certa gaiola
Que os segurava num poleiro conjunto
Redoma da liberdade que os encerrava num espaço.
Sempre que um grito se calar, surgirá outro.
Primeiro em murmurinho para logo depois se formar em grito.
Nada do que foi poderá voltar a ser, mas o grito permanecerá.
Porque sempre que um se calar, surgirá outro.
Que rebenta paredes com muros de lamentações
Onde se guardam lágrimas do pedido em grito
Que logo se calará
Para que surja outro.
Círculos
Havia num espaço uma certa liberdade
Onde os amantes se permitiam despir sem pudores
Odores ou suores.
Havia nos dois uma certa pertença
Que os tornava livres
Na benquerença dos outros todos que os prendiam
Havia nos dias uma certa gaiola
Que os segurava num poleiro conjunto
Redoma da liberdade que os encerrava num espaço.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Arquivos II
Bichos
Da casota do cão saiu um gato.
A tigela do gato estava cheia de alpista
Para o canário que cantava
No curral das ovelhas.
A menina fechou o livro, porque tudo parecia
Demasiado certo naquela quinta dos animais reais
E ela queria a ilusão de tudo ao contrário.
Da casota do cão saiu um gato.
A tigela do gato estava cheia de alpista
Para o canário que cantava
No curral das ovelhas.
A menina fechou o livro, porque tudo parecia
Demasiado certo naquela quinta dos animais reais
E ela queria a ilusão de tudo ao contrário.
Arquivos
O portão estava fechado. Estranho, pensou ela, o portão nunca está fechado.
Procurou a chave na sua mala, já nem sabia bem onde a tinha posto, mas lá encontrou e abriu o portão.
Encaminhou-se, como sempre, para a pequena casa de serviços, onde guardava os utensílios e que, ao mesmo tempo, servia de seu abrigo. Já há muito tempo que era assim. Tinha-se habituado ao portão aberto, a entrar de rompante, dirigir-se à casa e a tratar do que ia aparecendo para fazer. Regar as flores era o que preferia. Sentia que dava vida.
Assim, um amor murado, sua pertença, onde tinha o poder de fazer viver.
Mas naquela manhã estranhava o portão fechado. Sempre tinha estado aberto. Mesmo depois de ter sido vandalizado o espaço, arrancadas as flores, espezinhado o seu sonho. Sempre o tinha deixado aberto.
Mas não hoje. Estranho.
Começou a rotina, o que sempre fazia, porque não era mulher de se encolher a um canto ou de sair a gritar, fugir, só porque o portão estava diferente do habitual.
Foi buscar o seu avental, preparou a terra, lançou a semente, sachou o que precisava.
De vez em quando, a estranheza do portão estar fechado. Mas porque? Mas porque?
A meio da manhã parou a admirar o melro que constantemente lhe fazia companhia. As penas pretas, pretas, pretas, e o bico amarelo, amarelo, para dar cor à ave, porque senão ela seria um corvo e era logo um pássaro diferente.
Lembrava-se muitas vezes da primeira vez que tinha entrado neste espaço. O portão aberto. E de todas as vezes que se seguiram com o portão aberto. De todas as vezes que o espaço era ela. Tudo combinado na terra. Sempre que ela chegava ao portão aberto, com o portão aberto.
De repente lembrou-se. Ontem no final do dia, quando se preparava para ir embora, os jarros, as meninas dos seus olhos, seus amores-perfeitos, tentavam sair do jardim. Apanhou-os quase à entrada, caule ante caule, sorrateiros, a tentar sair e a deixarem o jardim incapaz de ser assim chamado sem jarros. Teve muito medo. Lembrava-se do leve pânico que sentira só de pensar que podia ficar sem os jarros, que eram o ex-líbris daquele espaço.
Fora ela que fechara o portão. Fora ela que o fizera depois de levar os jarros para o sítio certo, para que a seiva pulsasse outra vez.
Fora ela. Tinha havido uma razão. Mas agora já não havia mais, por isso tirou o avental, pegou na sua mala e guardou as chaves no fundo. O portão ia ficar aberto. Como sempre ficara.
Procurou a chave na sua mala, já nem sabia bem onde a tinha posto, mas lá encontrou e abriu o portão.
Encaminhou-se, como sempre, para a pequena casa de serviços, onde guardava os utensílios e que, ao mesmo tempo, servia de seu abrigo. Já há muito tempo que era assim. Tinha-se habituado ao portão aberto, a entrar de rompante, dirigir-se à casa e a tratar do que ia aparecendo para fazer. Regar as flores era o que preferia. Sentia que dava vida.
Assim, um amor murado, sua pertença, onde tinha o poder de fazer viver.
Mas naquela manhã estranhava o portão fechado. Sempre tinha estado aberto. Mesmo depois de ter sido vandalizado o espaço, arrancadas as flores, espezinhado o seu sonho. Sempre o tinha deixado aberto.
Mas não hoje. Estranho.
Começou a rotina, o que sempre fazia, porque não era mulher de se encolher a um canto ou de sair a gritar, fugir, só porque o portão estava diferente do habitual.
Foi buscar o seu avental, preparou a terra, lançou a semente, sachou o que precisava.
De vez em quando, a estranheza do portão estar fechado. Mas porque? Mas porque?
A meio da manhã parou a admirar o melro que constantemente lhe fazia companhia. As penas pretas, pretas, pretas, e o bico amarelo, amarelo, para dar cor à ave, porque senão ela seria um corvo e era logo um pássaro diferente.
Lembrava-se muitas vezes da primeira vez que tinha entrado neste espaço. O portão aberto. E de todas as vezes que se seguiram com o portão aberto. De todas as vezes que o espaço era ela. Tudo combinado na terra. Sempre que ela chegava ao portão aberto, com o portão aberto.
De repente lembrou-se. Ontem no final do dia, quando se preparava para ir embora, os jarros, as meninas dos seus olhos, seus amores-perfeitos, tentavam sair do jardim. Apanhou-os quase à entrada, caule ante caule, sorrateiros, a tentar sair e a deixarem o jardim incapaz de ser assim chamado sem jarros. Teve muito medo. Lembrava-se do leve pânico que sentira só de pensar que podia ficar sem os jarros, que eram o ex-líbris daquele espaço.
Fora ela que fechara o portão. Fora ela que o fizera depois de levar os jarros para o sítio certo, para que a seiva pulsasse outra vez.
Fora ela. Tinha havido uma razão. Mas agora já não havia mais, por isso tirou o avental, pegou na sua mala e guardou as chaves no fundo. O portão ia ficar aberto. Como sempre ficara.
Matinais
Hoje acordei com esta musica em repeat. Não me (des)larga...
"Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém (…)
Eu em troca de nada
Dei tudo na vida
Bandeira vencida
Rasgada no chão,
Sou a data esquecida
A coisa perdida
Que vai a leilão (…)"
O que vale é que tou bem disposta e solarenga, só para contrariar o tempo que está na rua :)
Agora vou ali fumar, falar com voz grossa e dizer mal da Madalena Iglésias :)
"Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém (…)
Eu em troca de nada
Dei tudo na vida
Bandeira vencida
Rasgada no chão,
Sou a data esquecida
A coisa perdida
Que vai a leilão (…)"
O que vale é que tou bem disposta e solarenga, só para contrariar o tempo que está na rua :)
Agora vou ali fumar, falar com voz grossa e dizer mal da Madalena Iglésias :)
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Mimo
Um mindinho tinha toda a angústia na ponta da unha.
Outro mindinho sentia o mesmo.
Encontraram-se os dois no meio de linhas escritas.
Todos os dedos se entrelaçaram e os mindinhos foram vencidos.
Outro mindinho sentia o mesmo.
Encontraram-se os dois no meio de linhas escritas.
Todos os dedos se entrelaçaram e os mindinhos foram vencidos.
Desculpem, tá?
No ginásio, o PT disse que eu não estava a respirar. Que só sei ofegar e não respirar.
Mais tarde, o médico de Medicina no Trabalho disse "ó mulher respire, que não está a respirar. Não sabe respirar?". Também me disse que as válvulas do meu coração não abrem todas ao mesmo tempo.
Ora toma! Eu que abro a boca para dizer que sei parar e respirar e que o meu coração está sempre aberto fui contrariada pelas vozes. Sinto-me uma fraude!
Peço desculpa aos que acreditaram em mim. :))
Mais tarde, o médico de Medicina no Trabalho disse "ó mulher respire, que não está a respirar. Não sabe respirar?". Também me disse que as válvulas do meu coração não abrem todas ao mesmo tempo.
Ora toma! Eu que abro a boca para dizer que sei parar e respirar e que o meu coração está sempre aberto fui contrariada pelas vozes. Sinto-me uma fraude!
Peço desculpa aos que acreditaram em mim. :))
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Circular
Uma pessoa faz um blog. Escreve e debita para lá coisas. Vivências, ideias, sentimentos, mas também imaginação e criatividade.
O lado perverso de num blog que não é temático, não é político, não é um baby blog, é que depois tudo é entendido como autobiográfico. Mas não é. Há textos que são apenas textos, que são exercícios de escrita, criatividade e imaginação. Que são escritos porque alguma coisa deu o mote. Uma música, um livro, um pensamento.
Nem tudo se passou ou passa comigo. Não me castrem as palavras nem reduzam a imaginação à vivência diária, porque, para mim, o blog é, também, um exercício de escrita.
Posto isto, podem contar que escreverei sempre sobre aquilo que me der na real veneta.
O lado perverso de num blog que não é temático, não é político, não é um baby blog, é que depois tudo é entendido como autobiográfico. Mas não é. Há textos que são apenas textos, que são exercícios de escrita, criatividade e imaginação. Que são escritos porque alguma coisa deu o mote. Uma música, um livro, um pensamento.
Nem tudo se passou ou passa comigo. Não me castrem as palavras nem reduzam a imaginação à vivência diária, porque, para mim, o blog é, também, um exercício de escrita.
Posto isto, podem contar que escreverei sempre sobre aquilo que me der na real veneta.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Auto-estrada
Porque se eu te falo de água e tu me contas dos mares que banham praias desertas, provocas em mim a sensação de viagem que mergulha no teu corpo.
Entende que, quando te falo em língua ou nas línguas do mundo, do corpo, e tu me estendes a tua para que eu perceba a linguagem, provocas em mim correntes de palavras que brotam do teu corpo.
Ainda te digo mais, de cada vez que falamos nas tuas costas que se abrem para o mundo se tatuar, eu preparo a fuga da prisão no mapa que vem do teu corpo.
Deixa-me explicar: a tua boca que me provoca quando só a vejo mexer sem falar, próxima da minha, num respirar lento, com hálitos misturados em línguas que rodam com pequenos sorvos. A tua língua que percorre o desenho do meu pescoço para parar no sinal vermelho do meu peito e ai se entreter com dentadas de doberman dócil.
As tuas mãos que me puxem, me prendem, me mexem e me enchem as concavidades e convexos do meu corpo.
O teu ventre a roçar no meu, que se encosta e se afasta, provocando atrito nos umbigos que se colam e logo se escondem no respirar mais profundo.
As tuas pernas que deslizam ao encontro das minhas, que me rodam ou me levantam e levam a pontes movediças, sem portagens ou barragens, me levam a uma porta de entrada cheia do doce jorrar que vem como uma sinfonia composta em vários andamentos, em modulações e cadências até o tempo rápido.
Deixa-me explicar, tudo isto me põe em pensamentos contínuos, suspensos, e me fazem despir sem pudor numa qualquer auto-estrada.
Entende que, quando te falo em língua ou nas línguas do mundo, do corpo, e tu me estendes a tua para que eu perceba a linguagem, provocas em mim correntes de palavras que brotam do teu corpo.
Ainda te digo mais, de cada vez que falamos nas tuas costas que se abrem para o mundo se tatuar, eu preparo a fuga da prisão no mapa que vem do teu corpo.
Deixa-me explicar: a tua boca que me provoca quando só a vejo mexer sem falar, próxima da minha, num respirar lento, com hálitos misturados em línguas que rodam com pequenos sorvos. A tua língua que percorre o desenho do meu pescoço para parar no sinal vermelho do meu peito e ai se entreter com dentadas de doberman dócil.
As tuas mãos que me puxem, me prendem, me mexem e me enchem as concavidades e convexos do meu corpo.
O teu ventre a roçar no meu, que se encosta e se afasta, provocando atrito nos umbigos que se colam e logo se escondem no respirar mais profundo.
As tuas pernas que deslizam ao encontro das minhas, que me rodam ou me levantam e levam a pontes movediças, sem portagens ou barragens, me levam a uma porta de entrada cheia do doce jorrar que vem como uma sinfonia composta em vários andamentos, em modulações e cadências até o tempo rápido.
Deixa-me explicar, tudo isto me põe em pensamentos contínuos, suspensos, e me fazem despir sem pudor numa qualquer auto-estrada.
No meio
Dedicado
Às vezes preciso que me chamem à atenção e me lembrem. Me lembrem que não sou ilha, que nesta coisa meio touro a investir, de quem tudo faz, de quem tudo leva para a frente, caio na soberba e na prepotência. Porque às vezes me move a raiva outras vezes o amor, e vou e, neste ir, por vezes esqueço-me dos outros e de abrir as mãos.
Porque no partir e repartir também está receber e me esqueço de deixar que isso aconteça ou de o pedir. Não é por mal, é por defeito de quem sempre fez.
A sério que eu sei que não aguento o mundo nas mãos e que assim que precisar eu grito ou mando uma sms. Só me esqueço, às vezes, na pressa do ir.
A sério que estou bem. Mesmo não sabendo o que se parte amanhã, se uns óculos, se um carro, se uma vida, eu estou bem. Por dentro e por fora. E a sorrir.
Mas de cada vez que me lembram, que se oferecem, eu abrando e derreto um bocadinho e tenho de sussurrar “Obrigada”.
Porque no partir e repartir também está receber e me esqueço de deixar que isso aconteça ou de o pedir. Não é por mal, é por defeito de quem sempre fez.
A sério que eu sei que não aguento o mundo nas mãos e que assim que precisar eu grito ou mando uma sms. Só me esqueço, às vezes, na pressa do ir.
A sério que estou bem. Mesmo não sabendo o que se parte amanhã, se uns óculos, se um carro, se uma vida, eu estou bem. Por dentro e por fora. E a sorrir.
Mas de cada vez que me lembram, que se oferecem, eu abrando e derreto um bocadinho e tenho de sussurrar “Obrigada”.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Quando
Quando eu for quem cuidará de ti?
Quem te lembrará de respirar em pequenas golfadas?
Quem fará a cama de lavado para que te deites?
Quem te lembrará das cores que existem por ai espalhadas?
Quando eu for quem cuidará de ti?
Quem te mostrará o amor nos aniversários
De nascimento e de morte dos pequenos dias?
Quem desembrulhará as teias que fias?
Quando eu for quem cuidará de ti?
Quem te porá o cabelo em desalinho
Com festas impulsivas ou de carinho.
Quem fará do regaço, o teu ninho?
Quando eu for…neste correr para o fim
Nestes pés que me levam de mim…
Quem te lembrará de respirar em pequenas golfadas?
Quem fará a cama de lavado para que te deites?
Quem te lembrará das cores que existem por ai espalhadas?
Quando eu for quem cuidará de ti?
Quem te mostrará o amor nos aniversários
De nascimento e de morte dos pequenos dias?
Quem desembrulhará as teias que fias?
Quando eu for quem cuidará de ti?
Quem te porá o cabelo em desalinho
Com festas impulsivas ou de carinho.
Quem fará do regaço, o teu ninho?
Quando eu for…neste correr para o fim
Nestes pés que me levam de mim…
domingo, 5 de abril de 2009
Tasmanices XIX
A Diaba tem a mania de inventar músicas e histórias (e que imaginação a miúda tem!). Das de ontem, fixei esta música:
" Foi aqui que eu nasci,
Foi aqui que eu cai
e fiquei com nódoas negras
Mas vieste tu
e gostas de mim até à lua
mesmo com as nódoas negras
é tão bom viver assim"
(Eu sei que tem 5 anos e que a combinação das palavras é, muitas vezes, apenas um feliz acaso. Sei que o que inventa nem sempre é o que nós ouvimos, porque lhe falta a experiência para perceber duplos sentidos, mas bolas....)
Sexta, lá iamos nós a caminho dum jantareco com amigas e a Diaba resolve inventar uma história para cada uma (eramos três no carro). Para a S. :
Diaba- Eras uma Princesa, estavas a dormir e caíu um dente
(risada geral)
S. - Não pode ser. Às Princesas não caem dentes. Não quero ser uma Princesa desdentada!
(risada geral)
Diaba - Tá bem. Eras uma Princesa e caíu-te o nariz...
(dupla risada geral)
" Foi aqui que eu nasci,
Foi aqui que eu cai
e fiquei com nódoas negras
Mas vieste tu
e gostas de mim até à lua
mesmo com as nódoas negras
é tão bom viver assim"
(Eu sei que tem 5 anos e que a combinação das palavras é, muitas vezes, apenas um feliz acaso. Sei que o que inventa nem sempre é o que nós ouvimos, porque lhe falta a experiência para perceber duplos sentidos, mas bolas....)
Sexta, lá iamos nós a caminho dum jantareco com amigas e a Diaba resolve inventar uma história para cada uma (eramos três no carro). Para a S. :
Diaba- Eras uma Princesa, estavas a dormir e caíu um dente
(risada geral)
S. - Não pode ser. Às Princesas não caem dentes. Não quero ser uma Princesa desdentada!
(risada geral)
Diaba - Tá bem. Eras uma Princesa e caíu-te o nariz...
(dupla risada geral)
Quinze dias
De quinze em quinze dias, como um ciclo hormonal de mulher. De quinze em quinze dias, estrógenio e progesterona em viagem para ditar humores. Sobem até ao cérebro, que já sabe o que espera e recua, numa qualquer cavidade que nem sempre o alberga.
De quinze em quinze dias. Primeiro forma-se a bola que cresce para rebentar sangue dai a quinze dias. Sempre assim, ciclicamente, as bainhas que não se cozeram, quando apenas basta usar a linha e a agulha que disponho. Mas não uso, os dedos encolhem-se com medo das picadas e assim vou andando em quinzenas. Com sombras purulentas que não drenam e apenas crescem. Podia fazer um tratamento hormonal para que não tivesse de me lembrar de quinze em quinze dias. Podia, mas não faço nada para arrumar o que detesto e por isso, em horário marcado, sábados abertos entre as 09H30 e as 13H00, de quinze em quinze dias, visto-me de preto.
Como as desculpas que invento à frente do espelho para que convença os outros primeiro que a mim, mas que já não convencem. Ridículas, o que até podia ser bonito se fossem cartas de amor. Mas não são, já ninguém escreve e eu tenho pena a todos os quinze dias.
De quinze em quinze dias. Primeiro forma-se a bola que cresce para rebentar sangue dai a quinze dias. Sempre assim, ciclicamente, as bainhas que não se cozeram, quando apenas basta usar a linha e a agulha que disponho. Mas não uso, os dedos encolhem-se com medo das picadas e assim vou andando em quinzenas. Com sombras purulentas que não drenam e apenas crescem. Podia fazer um tratamento hormonal para que não tivesse de me lembrar de quinze em quinze dias. Podia, mas não faço nada para arrumar o que detesto e por isso, em horário marcado, sábados abertos entre as 09H30 e as 13H00, de quinze em quinze dias, visto-me de preto.
Como as desculpas que invento à frente do espelho para que convença os outros primeiro que a mim, mas que já não convencem. Ridículas, o que até podia ser bonito se fossem cartas de amor. Mas não são, já ninguém escreve e eu tenho pena a todos os quinze dias.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
To build a Home
There is a house built out of stone
Wooden floors, walls and window sills
Tables and chairs worn by all of the dust
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home.
Out in the garden where we planted the seeds
There is a tree as old as me
Branches were sewn by the color of green
Ground had arose and passed its knees
By the cracks of the skin I climbed to the top
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
Held on as tightly as you held onto me
Held on as tightly as you held onto me......
And I built a home
for you
for me
Until it disappeared
from me
from you
And now, it's time to leave and turn to dust........
Cinematic Orchestra
Wooden floors, walls and window sills
Tables and chairs worn by all of the dust
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home.
Out in the garden where we planted the seeds
There is a tree as old as me
Branches were sewn by the color of green
Ground had arose and passed its knees
By the cracks of the skin I climbed to the top
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
Held on as tightly as you held onto me
Held on as tightly as you held onto me......
And I built a home
for you
for me
Until it disappeared
from me
from you
And now, it's time to leave and turn to dust........
Cinematic Orchestra
Esplanada
Ela chegou e sentou-se. Trazia um sorriso rasgado, aberto na blusa que deixava ver o peito duro. Ajeitou ligeiramente o decote, alisou o cabelo, não escondendo a pequena estrela que cintilava em cada olho.
Esperou, enquanto passava a mão, distraidamente, pelas plantas que ladeavam a esplanada. De vez em quando, suspirava mais fundo e sorria mais largamente.
Ele chegou e sentou-se sem sequer dizer boa tarde. Pediu uma água com gás, com rótulo verde, que combinava com a gravata emoldurada por um fato yuppie agarrado à aliança que brilhava quando batia o sol.
Os dois morenos, jovens, sussurrantes.
Notava-se a alegria infantil com que ela o olhava, por trás da câmara fotografia, que estudava poses, sem filtros de objectiva ou com o objectivo de fixar aquele momento, aquele rosto em todo o seu ser.
Ele pediu que não o fizesse, prendendo à nascente, o caudal que dela surgia.
Ela não percebeu e fincou os cotovelos na mesa, projectando o peito para a frente em boca de amuo, estudada para ser engraçada, provocadora, para que ele a fixasse.
O continuado sussurro dele com boca firme e olhos vigiantes começaram a endurecer a expressão dela. Primeiro espanto e o corpo a retesar-se na cadeira e os pés prontos para ir. Mas não foi e ,depois, veio o abandono ao som. Deixou-se ficar até ao fim. Até ao último som, que provocou simplesmente as águas paradas nos óculos escuros, como barragens cheias no inverno. Ele levantou-se e deixou um livro marcado para que ela se lembrasse sempre do lamento de qualquer coisa que ficou por fazer.
Paguei o meu café e deixei-a com a sua água salgadaa a molhar-lhe a roupa.
Esperou, enquanto passava a mão, distraidamente, pelas plantas que ladeavam a esplanada. De vez em quando, suspirava mais fundo e sorria mais largamente.
Ele chegou e sentou-se sem sequer dizer boa tarde. Pediu uma água com gás, com rótulo verde, que combinava com a gravata emoldurada por um fato yuppie agarrado à aliança que brilhava quando batia o sol.
Os dois morenos, jovens, sussurrantes.
Notava-se a alegria infantil com que ela o olhava, por trás da câmara fotografia, que estudava poses, sem filtros de objectiva ou com o objectivo de fixar aquele momento, aquele rosto em todo o seu ser.
Ele pediu que não o fizesse, prendendo à nascente, o caudal que dela surgia.
Ela não percebeu e fincou os cotovelos na mesa, projectando o peito para a frente em boca de amuo, estudada para ser engraçada, provocadora, para que ele a fixasse.
O continuado sussurro dele com boca firme e olhos vigiantes começaram a endurecer a expressão dela. Primeiro espanto e o corpo a retesar-se na cadeira e os pés prontos para ir. Mas não foi e ,depois, veio o abandono ao som. Deixou-se ficar até ao fim. Até ao último som, que provocou simplesmente as águas paradas nos óculos escuros, como barragens cheias no inverno. Ele levantou-se e deixou um livro marcado para que ela se lembrasse sempre do lamento de qualquer coisa que ficou por fazer.
Paguei o meu café e deixei-a com a sua água salgadaa a molhar-lhe a roupa.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Tasmanices XVIII
A Diaba hoje fica a dormir na avó. Não é muito habitual ela passar a noite fora, por isso de manhã, lá me abracei com mais força e comecei a dar muitos mimos. Reacção da Diaba:
- Ó Mãe, já chega. Já somos crescidas, podemos passar uma noite fora!
( Não, não, não.... eu não quero crescer... eu quero sempre mimos teus!)
- Ó Mãe, já chega. Já somos crescidas, podemos passar uma noite fora!
( Não, não, não.... eu não quero crescer... eu quero sempre mimos teus!)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Eu e o Toy
A 140 km/hora no IC17 (se algum policia ler este blog, é mentira, que eu cá sou muito mentirosa!!) descobri que, neste carro, consigo conduzir como essa estrela musical, Toy, só com os joelhitos! Eheheh. Falta-me agora ter umas calcitas que adiram ao volante :)
(Paizinho, se passares por esta colecção, não era o teu carro que eu estava a conduzir.....)
(Paizinho, se passares por esta colecção, não era o teu carro que eu estava a conduzir.....)
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