terça-feira, 10 de março de 2009

Lenços de namorados

Vinha eu a conduzir estrada fora, quando me apercebi de um estranho barulho no pára-brisas do carro. Era um folhetozito a publicitar qualquer coisa que nem me dei ao trabalho de ver. Mas o certo é que um pensamento leva ao outro e dei por mim a pensar de forma saudosita do tempo em que no pára-brisas do carro encontrava papelinhos com recados, ou flores talhadas em rabanetes :)
Que é feito dos bilhetinhos, das cartas, dos lenços dos namorados, ou mesmo dos pombos-correios?
O que é feito do tempo a que a malta suava as estopinhas para conseguir entrar em contacto com os outros?? O que é feito da imaginação para fazer tecer pequenos ardis?
A sério. Às vezes sinto falta destas coisas. Dos sinais combinados em assobios para que se viesse à janela, dos bilhetes pendurados em sítios estratégicos, das surpresas de alguém que aparecia sem se fazer anunciar, das flores recebidas sem aviso prévio. Essas coisas.
Será que a tecnologia também nos tira imaginação? Hoje as presenças são garantidas em sms, em e-mails, em comentários nos blogues e afins. Mandam-se sorrisos ou beijos lascivos por msn, combinam-se presenças sem surpresas, até conhecemos melhor as pessoas pelos textos que escrevem do que pelos cafés que se tomam.
Isto vindo da miúda que tem três caixas de e-mail, msn ligado todo o dia, blogue, hi5, netlog (que não usa), facebook (que não usa) e três telemóveis, parece ridículo, eu sei.
E também gosto de tudo o que vem pela tecnologia, que eu cá não sou esquisita e gosto mesmo é de contactos, mas hoje estou assim saudosista, tradicionalista e apetecia-me que, de repente, as colegas da bilheteira me chamassem porque está lá alguém para me ver, que no meu pára-brisas tivesse um papelucho a dizer qualquer coisita que não fosse venda, apetecia-me receber uma carta de amor ou chocotelegrama, doce, doce, doce…
A culpa é do sol. Do sol e desta mania de ser uma incurável romântica, mesmo quando conduzo!

2 comentários:

Anónimo disse...

É verdade... agora só há propaganda e papelinhos do Mestre Zulu ou outros da mesma espécie. A última mensagem que tive no carro foi: "Lave-me melhor, stora!" (prefiro não comentar, mas já tomei providências...)E a última florzinha que recebi foi da cabeleireira, pelo dia da mulher... (estou a ouvir-te a rir, miúda!;(
Lembras-te de um encontro marcado, por telefonema anónimo, com uns gaijos que tinham de levar uma florzinha? Ah!Ah!Ah! Prontes, ok... não é bem uma coisa que orgulhe, dado a fauna, mas era o que havia...
Não sei se a tecnologia nos tira a imaginação, mas, às vezes, acho que nos dá certezas de que estamos sempre por perto e, por consequência, retira-nos a ansiedade necessária a essas abordagens mais afoitas e saborosas de que falas. Compreendes o que quero dizer? E depois surgem as abordagens kamikase... lol. Os beijos e abraços foram estereotipados pela net, e, quando usados, vêm isentos de interpretações ambíguas. E é aqui que reside o problema. Mas desde quando é melhor um smile do que um gesto que traga interpretações ambíguas? Desde quando se preferiu um "lol" a ouvir uma gargalhada genuína? Gaija, também fiquei saudosa dos dias em que, mesmo através do telemóvel, uma sms anónima me trazia uma voz que cantava uma música lamechas... E o coração a bater mais depressa, porque sabia exactamente quem era o autor da abordagem...
Beijo
S

fr disse...

S. Maria, tu não me difames no meu próprio blog!!!!!!!!! Eu sei lá do que isso de encontros marcados, telefonemas anónimos e gaijos com florzinhas!!!! LOLLLLLLLLLLLLLL. E pensar que nesse tempo erámos inatingiveis! LOLLLLLLL.
Pronto, agora fiquei ainda mais saudosista. Eu que adoro música... as saudades de me dedicarem músicas, de gravarem cassetes (sim que eu sou velhinha) com uma selecção só para mim, de tocarem musicas para mim, de me deixarem mensagens com música, só música, de mas cantarem...
Vou ali só cortar os pulsitos e depois cama :)