Olha por cima do ombro, por breves instantes enquanto entra no avião. Daqui a pouco já estará noutro lado e tudo será diferente porque “às vezes o amor é tão forte que abre caminhos para um lugar onde o impossível pode acontecer”.
Vai, Meu Amor.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
quinta-feira, 30 de julho de 2009
"Roubado" na Trama
"Por que razão haveria de abrir os olhos,
se o que me rodeia já está dentro de mim.
Em vão perco o que em vão procuro.
Olhando sem olhar,
tocando sem tocar, ouvindo
sem que até mim chegue já som algum,
imóvel,
igual a uma pedra.
Pouco a pouco,
o oculto e o visível transformam-se num só
como o rio
e a sua sombra.
(E o silêncio
é escutar o coração de um anjo.)
Ponho à prova o presente:
o seu ponto de chegada sem chegada.
Pergunto-me quem sou,
quem és,
quem somos.
De pé , em frente ao abismo do silêncio,
começa outra noite.
"Caixa Negra" - Josep M Rodríguez
se o que me rodeia já está dentro de mim.
Em vão perco o que em vão procuro.
Olhando sem olhar,
tocando sem tocar, ouvindo
sem que até mim chegue já som algum,
imóvel,
igual a uma pedra.
Pouco a pouco,
o oculto e o visível transformam-se num só
como o rio
e a sua sombra.
(E o silêncio
é escutar o coração de um anjo.)
Ponho à prova o presente:
o seu ponto de chegada sem chegada.
Pergunto-me quem sou,
quem és,
quem somos.
De pé , em frente ao abismo do silêncio,
começa outra noite.
"Caixa Negra" - Josep M Rodríguez
História de um Letreiro
Porque às vezes, basta que a verdade, crua e dura, seja mostrada de outra maneira que a torne mais doce.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Esquema
A menina sorria, enquanto levava os sonhos
Singelamente sobre a cabeça
Na hora de ir à fonte.
E eram sempre horas de ir buscar água
Um sorriso era preciso
Para apagar os pés descalços
Da carne que queimava viva
Ao enfrentar a paisagem
A viagem era longa
E havia um traço negro nos olhos
A resguardar a carne
Que já tinha abandonado o corpo
À sua frente seguia a vida
Que tinha começado depois dela
Já a ultrapassara na curva
Dos pinheiros que à noite vivem.
Que memórias escorriam o sangue
Dos odores que a terra trazia
Quando a fotografia teimava
Em queimar a saudade?
A menina sorria, enquanto andava
Já sem vida
Na hora de ir à fonte
Onde tudo acontecia depois dela.
Sem vida, o sorriso obedecia
às vísceras que a fazem andar
E a menina sorria enquanto pensava
Que a vida, já não conseguia resgatar.
Singelamente sobre a cabeça
Na hora de ir à fonte.
E eram sempre horas de ir buscar água
Um sorriso era preciso
Para apagar os pés descalços
Da carne que queimava viva
Ao enfrentar a paisagem
A viagem era longa
E havia um traço negro nos olhos
A resguardar a carne
Que já tinha abandonado o corpo
À sua frente seguia a vida
Que tinha começado depois dela
Já a ultrapassara na curva
Dos pinheiros que à noite vivem.
Que memórias escorriam o sangue
Dos odores que a terra trazia
Quando a fotografia teimava
Em queimar a saudade?
A menina sorria, enquanto andava
Já sem vida
Na hora de ir à fonte
Onde tudo acontecia depois dela.
Sem vida, o sorriso obedecia
às vísceras que a fazem andar
E a menina sorria enquanto pensava
Que a vida, já não conseguia resgatar.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Segunda lição
Madrigal
s. m.
1. Pequena composição poética em que, engenhosa e galantemente, se celebra uma dama.
2. Poesia pastoril.
3. Requebro, galanteio
4. género de música profana italiana do séc XVI. O tema era geralmente erótico ou sentimental. A música deveria sublinhar as palavras do texto de forma a extrair-lhes a máxima expressividade
O Madrigal deve ser servido em copo alto com bojo largo. Um copo que se pegue pelo pé ou haste para que as mãos não aqueçam ou obstruam o apreciar.
s. m.
1. Pequena composição poética em que, engenhosa e galantemente, se celebra uma dama.
2. Poesia pastoril.
3. Requebro, galanteio
4. género de música profana italiana do séc XVI. O tema era geralmente erótico ou sentimental. A música deveria sublinhar as palavras do texto de forma a extrair-lhes a máxima expressividade
O Madrigal deve ser servido em copo alto com bojo largo. Um copo que se pegue pelo pé ou haste para que as mãos não aqueçam ou obstruam o apreciar.
domingo, 26 de julho de 2009
Horas do Demo
É trabalho. Eu sei. É correr, fazer maratonas, escadas acima, escadas abaixo, rampas, sofás, cadeiras, jantares. É não parar de falar e esbracejar.
Não nego, adoro adrenalina! Sou viciada!
Mas é sentir, que passados dez anos, as pessoas são o que realmente importa. As pessoas!
E é toda uma quantidade de caipiroskas, morangoskas e mais oskas que me faz chamar-vos de queridoskas! Aqui dentro, vocês são a minha forçoska! Sem vocês, nada tinha sentido, ou nada era feito de uma forma que não fosse automática.
É o que sai a esta hora, mas é de coração para vocês :)
Não nego, adoro adrenalina! Sou viciada!
Mas é sentir, que passados dez anos, as pessoas são o que realmente importa. As pessoas!
E é toda uma quantidade de caipiroskas, morangoskas e mais oskas que me faz chamar-vos de queridoskas! Aqui dentro, vocês são a minha forçoska! Sem vocês, nada tinha sentido, ou nada era feito de uma forma que não fosse automática.
É o que sai a esta hora, mas é de coração para vocês :)
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Foi no teu amor
"Eu quase amei a forma como tu mentias
limpando os pés ao meu sorriso
É claro que achas que eu não presto
É claro que achas que eu não sirvo
Foi no teu amor que algo se perdeu
Foi no teu amor, não no meu
Eu quase amei a forma como tu me vias
logo eu amo outra pessoa
Eu não me importa se eu não presto
Eu tenho planos para lá de mim
E tu és só o que eu te empresto
Foi no teu amor que algo se perdeu
Foi no teu amor não no meu"
Manuel Cruz
limpando os pés ao meu sorriso
É claro que achas que eu não presto
É claro que achas que eu não sirvo
Foi no teu amor que algo se perdeu
Foi no teu amor, não no meu
Eu quase amei a forma como tu me vias
logo eu amo outra pessoa
Eu não me importa se eu não presto
Eu tenho planos para lá de mim
E tu és só o que eu te empresto
Foi no teu amor que algo se perdeu
Foi no teu amor não no meu"
Manuel Cruz
quarta-feira, 22 de julho de 2009
400
São 400.
400 post.
400 conversas.
Aumentou muito o número de vezes que aqui vim escrever.
Muitas vezes porque as palavras estavam guardadas, não tinham sido ditas, e como tal estavam prontas a ser escritas. Outras porque havia vontade, dada por um qualquer mote, de alinhar frases. Outras ainda por puro divertimento.
Seja como for, aumentou muita a frequência e temo estar dependente! Talvez metadona resulte na reabilitação! :)
400 post.
400 conversas.
Aumentou muito o número de vezes que aqui vim escrever.
Muitas vezes porque as palavras estavam guardadas, não tinham sido ditas, e como tal estavam prontas a ser escritas. Outras porque havia vontade, dada por um qualquer mote, de alinhar frases. Outras ainda por puro divertimento.
Seja como for, aumentou muita a frequência e temo estar dependente! Talvez metadona resulte na reabilitação! :)
Tasmanices XXVI
Hora de cama e outra vez uma qualquer desculpa para não fechar os olhos e dormir:
Diaba- Ó Mãe, mas é que eu se fecho os olhos tenho pesadelos. Ainda no outro dia tive um.
Mãe- Foi filha? E como foi o pesadelo?
Diaba- Então, eu estava sentada a ler e vinha um monstro e arrancava-me a unha do polegar. Eu gritava e chorava porque não queria ficar sem unha...
( A sorte, filha, é que eu também me lembro de ter cinco anos, gritar pela tua avó e disser-lhe que tinha pesadelos!! Se não fosse esta lembrança marcava já um psicólogo!)
Diaba- Ó Mãe, mas é que eu se fecho os olhos tenho pesadelos. Ainda no outro dia tive um.
Mãe- Foi filha? E como foi o pesadelo?
Diaba- Então, eu estava sentada a ler e vinha um monstro e arrancava-me a unha do polegar. Eu gritava e chorava porque não queria ficar sem unha...
( A sorte, filha, é que eu também me lembro de ter cinco anos, gritar pela tua avó e disser-lhe que tinha pesadelos!! Se não fosse esta lembrança marcava já um psicólogo!)
terça-feira, 21 de julho de 2009
Editar
“Lá voltaste a puxar para ti o lençol”. Sim, fui eu que te abracei as costas viradas e puxei para nós a coberta que deveria salvar do frio. Mas só queria o quente da mistura com os nossos corpos.
“Como que a privar meus sonhos do último raio de sol”. Sim, fui eu que abri as portadas para que os raios entrassem e não se sentisse o peso da escuridão. Mas só queria que os sonhos fossem com cores e o momento de acordar em aurora boreal.
“Que enrolam seu tempo à espera de ver, o que não existe acontecer”. Sim, fui eu que me mascarei de cigana a ler linhas em futuros amaciados por cremes hidratantes. Mas só queria que amanhã fosse simples e suave e que acreditássemos nisso como uma qualquer fé devota.
“Mas teimas em riscar o fim do meu chão. Nunca medes a distância dos passos à razão”. Sim, fui eu que continuei a construir caminhos que perderam o verniz que os tornavam brilhantes. Mas eu só queria que andássemos, mesmo que estivesse esburacado o alcatrão, porque lá mais à frente há uma auto-estrada que vem assinalada no mapa de bolso.
“Desejo-te o mesmo que guardo para mim, e o que não existe não tem fim”. Sim, fui eu que achei do fim o princípio sem guardar nada em mim que não fosse teu. Mas eu só queria que o tempo fosse sempre suspenso, parado nos momentos que haviam de nos alimentar no que nos desejávamos.
Sim, agora sou eu que digo
“Voltar a ler não é morrer, é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir
Mas sem fingir
Sem fingir
Sem desistir”
Eu só quero que a bola saia do cimo da rede. Perder ou ganhar.
Nota: Todas as citações são de Manuel Cruz "Amigos de Quem".
“Como que a privar meus sonhos do último raio de sol”. Sim, fui eu que abri as portadas para que os raios entrassem e não se sentisse o peso da escuridão. Mas só queria que os sonhos fossem com cores e o momento de acordar em aurora boreal.
“Que enrolam seu tempo à espera de ver, o que não existe acontecer”. Sim, fui eu que me mascarei de cigana a ler linhas em futuros amaciados por cremes hidratantes. Mas só queria que amanhã fosse simples e suave e que acreditássemos nisso como uma qualquer fé devota.
“Mas teimas em riscar o fim do meu chão. Nunca medes a distância dos passos à razão”. Sim, fui eu que continuei a construir caminhos que perderam o verniz que os tornavam brilhantes. Mas eu só queria que andássemos, mesmo que estivesse esburacado o alcatrão, porque lá mais à frente há uma auto-estrada que vem assinalada no mapa de bolso.
“Desejo-te o mesmo que guardo para mim, e o que não existe não tem fim”. Sim, fui eu que achei do fim o princípio sem guardar nada em mim que não fosse teu. Mas eu só queria que o tempo fosse sempre suspenso, parado nos momentos que haviam de nos alimentar no que nos desejávamos.
Sim, agora sou eu que digo
“Voltar a ler não é morrer, é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir
Mas sem fingir
Sem fingir
Sem desistir”
Eu só quero que a bola saia do cimo da rede. Perder ou ganhar.
Nota: Todas as citações são de Manuel Cruz "Amigos de Quem".
Match point
"The man who said "I'd rather be lucky than good" saw deeply into life. People are afraid to face how great a part of life is dependent on luck. It's scary to think so much is out of one's control. There are moments in a match when the ball hits the top of the net, and for a split second, it can either go forward or fall back. With a little luck, it goes forward, and you win. Or maybe it doesn't, and you lose. "
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Voltei de lá :)
Voltei. Afinal voltei. Tudo porque, como diz alguém querido, tenho a cabeça nas nuvens e os pés bem no chão. O que faz com que sonhe tanto quanto lide na prática com a realidade.
Por isso voltei. Ainda há bolhas nos pés, rins quebrados, risos muito risos. Podia escrever aqui os três dias. Podia escrever sobre os passeios, dos sabores, dos odores, dos risos, da multidão. Podia, mas não o vou fazer, porque foi muito bom e há coisas que se guardam para depois ir buscar devagarinho de cada vez que se precisar da muleta da recordação para os pés no chão.
Any problem? This is mine! :)
Por isso voltei. Ainda há bolhas nos pés, rins quebrados, risos muito risos. Podia escrever aqui os três dias. Podia escrever sobre os passeios, dos sabores, dos odores, dos risos, da multidão. Podia, mas não o vou fazer, porque foi muito bom e há coisas que se guardam para depois ir buscar devagarinho de cada vez que se precisar da muleta da recordação para os pés no chão.
Any problem? This is mine! :)
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Trip
Amanhã, a esta hora, estou noutro pais. Pode ser que não me lembre sequer de estar noutro pais. Pode ser que esteja alucinadamente a baloiçar pés em cima de um canal de água.
Se não ouvirem mais falar de mim neste ciberespaço, não mandem a polícia à procura. É porque não quero ser encontrada! :)
Se na proxima segunda feira eu "postar", é porque voltei! :)
Agora, é só preparar para dormir acima das nuvens!
Se não ouvirem mais falar de mim neste ciberespaço, não mandem a polícia à procura. É porque não quero ser encontrada! :)
Se na proxima segunda feira eu "postar", é porque voltei! :)
Agora, é só preparar para dormir acima das nuvens!
Orbita
Todas as histórias que invento, falam-me do tanto que há a dizer sobre a tua morte, esperada de ressurreição ao fim do terceiro dia de luto chorado.
Todos os livros que leio me falam da tua volta, ao fim do terceiro dia, coberto em asas de anjo e chifres de demónio, iluminar ou incandescer como um fire starter.
São delírios do peso de não se acreditar em tudo o que fala e lê, porque do dentro nasce o mar onde vai morrer a tristeza que não pode existir porque o cérebro não deixa e não faz sentido.
Nem sempre uma linha é linear, nem sempre o que é, existe mesmo. Um vazio só o é porque houve tempos em que encheu. Fica uma sustentação qualquer, em cima de um fio de arame que se vai atravessando e baloiçando, porque tem de se chegar ao outro lado, o lado onde estão as nuvens de algodão que também se olham de cima.
Não acredito no irreversível. De todas as vezes que tiro uma camisola ela fica do lado contrário para logo no meio de arrumações voltar ao direito. Hoje assim, amanhã logo se vê. A rigidez não tem de ser dura, há suavidade no caminho de pedras que se percorre até chegar a todas as histórias que se inventa ou que se lê.
Em contrapeso, a voz “ not anger or rage, only love can set you free”.
Ao fim do terceiro dia.
Todos os livros que leio me falam da tua volta, ao fim do terceiro dia, coberto em asas de anjo e chifres de demónio, iluminar ou incandescer como um fire starter.
São delírios do peso de não se acreditar em tudo o que fala e lê, porque do dentro nasce o mar onde vai morrer a tristeza que não pode existir porque o cérebro não deixa e não faz sentido.
Nem sempre uma linha é linear, nem sempre o que é, existe mesmo. Um vazio só o é porque houve tempos em que encheu. Fica uma sustentação qualquer, em cima de um fio de arame que se vai atravessando e baloiçando, porque tem de se chegar ao outro lado, o lado onde estão as nuvens de algodão que também se olham de cima.
Não acredito no irreversível. De todas as vezes que tiro uma camisola ela fica do lado contrário para logo no meio de arrumações voltar ao direito. Hoje assim, amanhã logo se vê. A rigidez não tem de ser dura, há suavidade no caminho de pedras que se percorre até chegar a todas as histórias que se inventa ou que se lê.
Em contrapeso, a voz “ not anger or rage, only love can set you free”.
Ao fim do terceiro dia.
terça-feira, 14 de julho de 2009
You are the light
A propósito da musiquinha ali a rodar ao lado, sei que há pessoas que não gostam de chegar a um blog e serem logo presenteadas com som. No meu caso, às vezes, as musicas também são posts. Algumas são os "textos" que quero naquele momento, outras são o acompanhamento certo para o que se escreveu e outras são apenas músicas que gosto.
Por isto tudo é que a lista vai crescendo e mudando.
Podem sempre carregar no stop, ok? :)
E pronto, uma musiquinha de veraneio daquelas fáceis... já sabem que tenho uma costela meio pirosita! :)
Por isto tudo é que a lista vai crescendo e mudando.
Podem sempre carregar no stop, ok? :)
E pronto, uma musiquinha de veraneio daquelas fáceis... já sabem que tenho uma costela meio pirosita! :)
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Sendo assim, o que será?
Não sei se sabes e não queres dize-lo ou sentir, ou sequer pensar nisso. Não sei se sei e não quero dize-lo ou senti-lo ou sequer pensar nisso.
Amámos mas nunca amámos numa vida penhorada a dois com contas e contratempos pendurados na roupa do estendal que foi perdendo a cor porque não se pode ir sempre renovando. Nunca chegámos à linha invisível que emaranha o futuro na espiral de respirar para dentro do outro quando no fim do dia, louça lavada, nos deitamos lado a lado e beijámos a noite de boa.
Mesmo assim, precisava de ter reconhecido todas as falhas de cor no cabelo, precisava de te ter virado de todos os lados em posições de fazer corar Vatsyayana para que a realidade do teu corpo nu me fizesse inventar dores de cabeça quando o cansaço se apoderasse demasiado para te sorver. Precisava que me desprendesse da pele o perfume de que poderíamos fazer malabarismos dignos de acrobatas medalhados, eu em pino e tu a segurares-me as pernas. Precisava que o olhar que me excita fosse vesgo e sem brilho nenhum, que a boca que me prende tivesse apenas uma linha fria, que os dedos de unhas cortadas não enchesse qualquer um dos meus recantos.
Era muito importante que fosse acometida por um surto de amnésia que me fizesse esquecer cenários banais de esplanadas, idas ao supermercado, receitas de jantar, em brincadeiras infantis de dar saltos no meio da rua. Que nunca me lembrasse dos teus ombros que pareciam carapaças de protecção contra os papões que me aterrorizam.
Não me iludo, ou tenho esperança de um qualquer traçado do destino que nos ponha em rota de colisão. Não me iludo ou espero que sejamos nós. Não é disso que se trata. Mas construo-te vezes sem conta em pequenos pormenores dentro de mim, em conversas de circunstância, contando-te o que se passa no dia-a-dia, ouvindo-te enquanto falas das coisas importantes ou banalidades, contradizendo-te ou concordando, em passeatas ao fim do dia ou idas ao cinema.
Porque foste uma emoção de vida, um muito bom livro, digno de um Nobel, uma rajada de ar que me rodopiou, a coincidência de um gesto que reconhece o outro. E este reconhecimento calmo, que não cede no tempo, que se vai bastando sem esperar que me retornes, ao mesmo tempo, assusta-me nem sei bem porquê.
Não sei se sabes, mas do tanto que me foste há o vazio das coisas que não acontecem e um espaço ocupado de qualquer maneira.
Amámos mas nunca amámos numa vida penhorada a dois com contas e contratempos pendurados na roupa do estendal que foi perdendo a cor porque não se pode ir sempre renovando. Nunca chegámos à linha invisível que emaranha o futuro na espiral de respirar para dentro do outro quando no fim do dia, louça lavada, nos deitamos lado a lado e beijámos a noite de boa.
Mesmo assim, precisava de ter reconhecido todas as falhas de cor no cabelo, precisava de te ter virado de todos os lados em posições de fazer corar Vatsyayana para que a realidade do teu corpo nu me fizesse inventar dores de cabeça quando o cansaço se apoderasse demasiado para te sorver. Precisava que me desprendesse da pele o perfume de que poderíamos fazer malabarismos dignos de acrobatas medalhados, eu em pino e tu a segurares-me as pernas. Precisava que o olhar que me excita fosse vesgo e sem brilho nenhum, que a boca que me prende tivesse apenas uma linha fria, que os dedos de unhas cortadas não enchesse qualquer um dos meus recantos.
Era muito importante que fosse acometida por um surto de amnésia que me fizesse esquecer cenários banais de esplanadas, idas ao supermercado, receitas de jantar, em brincadeiras infantis de dar saltos no meio da rua. Que nunca me lembrasse dos teus ombros que pareciam carapaças de protecção contra os papões que me aterrorizam.
Não me iludo, ou tenho esperança de um qualquer traçado do destino que nos ponha em rota de colisão. Não me iludo ou espero que sejamos nós. Não é disso que se trata. Mas construo-te vezes sem conta em pequenos pormenores dentro de mim, em conversas de circunstância, contando-te o que se passa no dia-a-dia, ouvindo-te enquanto falas das coisas importantes ou banalidades, contradizendo-te ou concordando, em passeatas ao fim do dia ou idas ao cinema.
Porque foste uma emoção de vida, um muito bom livro, digno de um Nobel, uma rajada de ar que me rodopiou, a coincidência de um gesto que reconhece o outro. E este reconhecimento calmo, que não cede no tempo, que se vai bastando sem esperar que me retornes, ao mesmo tempo, assusta-me nem sei bem porquê.
Não sei se sabes, mas do tanto que me foste há o vazio das coisas que não acontecem e um espaço ocupado de qualquer maneira.
Tasmanices XXV
De vez em quando a Diaba é presenteada com coisas que os meus colegas de trabalho mandam. Muito mimada por toda a gente, é o que esta miúda é! Eheheh
Na semana passada lá foram três livros de actividades para casa, mandados pela colega que a Diaba chama de "princesa". Depois de ver o presente:
- Ó Mãe, tu sabes que os teus colegas gostam mais de mim do que de ti, não sabes?
(Errrrr, pois... Não há problema, filha. Um provérbio antigo diz "quem meus filhos beija, minha boca adoça." :) )
Na semana passada lá foram três livros de actividades para casa, mandados pela colega que a Diaba chama de "princesa". Depois de ver o presente:
- Ó Mãe, tu sabes que os teus colegas gostam mais de mim do que de ti, não sabes?
(Errrrr, pois... Não há problema, filha. Um provérbio antigo diz "quem meus filhos beija, minha boca adoça." :) )
Crua
Que queres que te diga? Jurei a verdade e é isso que tens. Sempre, por mais crua ou dura, que ela seja. A verdade é esta. Ficas chocado com as palavras. Ficas chocado com a frontalidade, mas diz-me sinceramente se não é melhor assim?
Não te prometo, não te iludo, não faço nenhuma projecção. E tu, num lamento prolongado tentas analisar-me, como se algum mal houvesse comigo, como se algum fusível se tivesse queimado e precisasse de reparação, como se eu precisasse de salvação. Analisas-me como se fosses um psicólogo “deite-se ali e vamos conversar sobre o que a bloqueia” porque não queres acreditar no que digo. Nada de mal se passa comigo, nada fundiu, nada bloqueou, nada está mal. Só não quero contigo. Sei que assim que gostar eu vou, sem hesitações, mesmo com mil medos, eu vou. Só não é contigo. Não me fizeste sentir borboletas.
Preferias que falasse de um passado que me prende, de traumas que não me deixam dar, de qualquer incapacidade de amar? Isso são desculpas que se dão quando a vontade não é suficiente, eu não tenho nada disso. Só a verdade. Não gosto e não quero.
Perguntas-me porque venho se é assim. Venho porque o sexo é bom, porque a vontade é carnal e gosto de sentir o corpo esticado. Venho porque na cama, no chão, na bancada da cozinha nos entendemos bem. Mesmo nas alturas em que me viro de costas, não porque goste que seja por trás, mas porque assim não tenho de te ver a cara.
Dizes que parece ser uma “coisa” sadomasoquista. Quanto mais eu empunho o chicote com pontas de verdade mais tu gostas e queres. E eu digo-te que é cio puro, vontade de roçar e de orgasmos.
E dizes-me que gostas, que me amas, que queres que eu sinta o mesmo, que em todos os momentos vagos pensas em mim. Que queres que eu acredite e confie.
Sejamos francos, amar?? Se te perguntar alguma coisa sobre mim, só saberás responder que a minha boca não tem pudores e que mexo o meu corpo como se fosse ginasta (e mesmo isto conheces 1/3 das minhas capacidades). Não saberás dizer que prato gosto mais, que música ouço, se gosto de ler, o que me comove, alegra ou entristece. Nada sabes porque nada te conto. Não me dou, porque não me quero dar, porque não me provocas essa vontade. Esta é a verdade. A que te prometi e a que cumpro. Se te choca demasiado, afasta-te que eu não vou puxar-te. Se quiseres ficar, fica. Só não me cobres gestos que não te prometi.
Nota: História contada e autorizada a ser reproduzida. Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. É pura vida.
Não te prometo, não te iludo, não faço nenhuma projecção. E tu, num lamento prolongado tentas analisar-me, como se algum mal houvesse comigo, como se algum fusível se tivesse queimado e precisasse de reparação, como se eu precisasse de salvação. Analisas-me como se fosses um psicólogo “deite-se ali e vamos conversar sobre o que a bloqueia” porque não queres acreditar no que digo. Nada de mal se passa comigo, nada fundiu, nada bloqueou, nada está mal. Só não quero contigo. Sei que assim que gostar eu vou, sem hesitações, mesmo com mil medos, eu vou. Só não é contigo. Não me fizeste sentir borboletas.
Preferias que falasse de um passado que me prende, de traumas que não me deixam dar, de qualquer incapacidade de amar? Isso são desculpas que se dão quando a vontade não é suficiente, eu não tenho nada disso. Só a verdade. Não gosto e não quero.
Perguntas-me porque venho se é assim. Venho porque o sexo é bom, porque a vontade é carnal e gosto de sentir o corpo esticado. Venho porque na cama, no chão, na bancada da cozinha nos entendemos bem. Mesmo nas alturas em que me viro de costas, não porque goste que seja por trás, mas porque assim não tenho de te ver a cara.
Dizes que parece ser uma “coisa” sadomasoquista. Quanto mais eu empunho o chicote com pontas de verdade mais tu gostas e queres. E eu digo-te que é cio puro, vontade de roçar e de orgasmos.
E dizes-me que gostas, que me amas, que queres que eu sinta o mesmo, que em todos os momentos vagos pensas em mim. Que queres que eu acredite e confie.
Sejamos francos, amar?? Se te perguntar alguma coisa sobre mim, só saberás responder que a minha boca não tem pudores e que mexo o meu corpo como se fosse ginasta (e mesmo isto conheces 1/3 das minhas capacidades). Não saberás dizer que prato gosto mais, que música ouço, se gosto de ler, o que me comove, alegra ou entristece. Nada sabes porque nada te conto. Não me dou, porque não me quero dar, porque não me provocas essa vontade. Esta é a verdade. A que te prometi e a que cumpro. Se te choca demasiado, afasta-te que eu não vou puxar-te. Se quiseres ficar, fica. Só não me cobres gestos que não te prometi.
Nota: História contada e autorizada a ser reproduzida. Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. É pura vida.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Suave
Estou à espera que as palavras venham para as desenhar aqui. Estou à espera já há algum tempo...Começo a ficar impaciente porque não vejo os dedos a correr, sem folêgo, teclado acima, teclado abaixo.
Começo pequenos textos mentalmente. Vou apontando as frases, ou só as palavras que lhe podem dar o mote. Aponto nos rascunhos das mensagens dos telemóveis, o que me lembra da urgência de comprar um caderno, capa dura, facilmente transportável na mala, um moleskine, para que em qualquer altura vomite o que vem.
Começo pequenos textos, não acabo nenhum e fico à espera. Será já um sintoma da tão falada gripe? Acho que não, porque se nem em espirros aparece qualquer letra!
Estou a meio. De qualquer coisa. A meio caminho entre intas e entas. Exactamente a meio, a partir de amanhã, e parece que não tenho nada a dizer ou a criar.
Vou continuar à espera, de costas, não por ser a posição preferida para o prazer, mas porque assim posso olhar para a frente e sorrir com o que vier.
Começo pequenos textos mentalmente. Vou apontando as frases, ou só as palavras que lhe podem dar o mote. Aponto nos rascunhos das mensagens dos telemóveis, o que me lembra da urgência de comprar um caderno, capa dura, facilmente transportável na mala, um moleskine, para que em qualquer altura vomite o que vem.
Começo pequenos textos, não acabo nenhum e fico à espera. Será já um sintoma da tão falada gripe? Acho que não, porque se nem em espirros aparece qualquer letra!
Estou a meio. De qualquer coisa. A meio caminho entre intas e entas. Exactamente a meio, a partir de amanhã, e parece que não tenho nada a dizer ou a criar.
Vou continuar à espera, de costas, não por ser a posição preferida para o prazer, mas porque assim posso olhar para a frente e sorrir com o que vier.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Atalhos
Não te aproximes. Porque se vens, não respondo por mim e de um só salto, prendo-te o corpo nas pernas e bloqueio-te a passagem para outro lado qualquer.
Não te aproximes. Porque se vens, enlouqueço de uma só vez e rasgo-te a camisola em mil pedaços para beijar os teus peitos redondos onde habitam gotas do perfume que sinto de cada vez que volto a cabeça. Prendo-te os braços atrás das minhas costas e sorvo de uma só vez a tua maçã-de-adão que prende o meu olhar.
Não te aproximes. Porque se vens, vendo-te os olhos, faço-te comer morangos para que me beijes a boca com sabor doce do sumo que vai derreter as velas que acenderei para te sentir na penumbra, porque conheço o teu corpo de cor e vou percorrer todas as estradas desse mapa.
Não te aproximes. Porque se vens, esqueço a decência de anos de educação, enterro as minhas unhas nas tuas costas, onde gosto de encostar a cabeça, e puxo-te para mim, marcando-te como um urso que arranha as árvores, como um qualquer território só meu porque não te quero dividido com mais ninguém.
Não te aproximes. Porque se vens, abro as minhas pernas de um salto para que me prendas à tua cintura, os meus braços no teu pescoço, e todo o corpo a esfregar-se num desejo reprimido de te sentir, como um bicho com cio, pronto a se dar.
Não te aproximes. Porque se vens, vou estafar-nos o silêncio, esfrangalhar-nos a razão até um delírio de qualquer cor ser só sentir o explodir de uma tatuagem feita de dois riscos.
Não te aproximes. Se vieres, vem de impulso, a correr, para eu não ter tempo de fugir.
Não te aproximes. Porque se vens, enlouqueço de uma só vez e rasgo-te a camisola em mil pedaços para beijar os teus peitos redondos onde habitam gotas do perfume que sinto de cada vez que volto a cabeça. Prendo-te os braços atrás das minhas costas e sorvo de uma só vez a tua maçã-de-adão que prende o meu olhar.
Não te aproximes. Porque se vens, vendo-te os olhos, faço-te comer morangos para que me beijes a boca com sabor doce do sumo que vai derreter as velas que acenderei para te sentir na penumbra, porque conheço o teu corpo de cor e vou percorrer todas as estradas desse mapa.
Não te aproximes. Porque se vens, esqueço a decência de anos de educação, enterro as minhas unhas nas tuas costas, onde gosto de encostar a cabeça, e puxo-te para mim, marcando-te como um urso que arranha as árvores, como um qualquer território só meu porque não te quero dividido com mais ninguém.
Não te aproximes. Porque se vens, abro as minhas pernas de um salto para que me prendas à tua cintura, os meus braços no teu pescoço, e todo o corpo a esfregar-se num desejo reprimido de te sentir, como um bicho com cio, pronto a se dar.
Não te aproximes. Porque se vens, vou estafar-nos o silêncio, esfrangalhar-nos a razão até um delírio de qualquer cor ser só sentir o explodir de uma tatuagem feita de dois riscos.
Não te aproximes. Se vieres, vem de impulso, a correr, para eu não ter tempo de fugir.
Size
Porque as desculpas de “amor” são tão ridículas quanto as cartas, de amor, e servem o mesmo propósito, enrolar num qualquer limbo, suspenso em nuvens, adivinhar uma qualquer linha muito ténue de onde da luz se avinhará a sombra.
Paninhos quentes contra choques frios e procurar a compreensão para as palavras que reflectem os actos que queremos sacudir dos ouvidos e entornar num copo qualquer.
Não que não se acredite no fim, num qualquer fim. Haverá sempre tempo para acabar, haverá sempre razão onde tudo se pode dizer.
Desculpas de “amor” só servem para o minimizar de uma qualquer refracção em espanto quando se pronuncia o todo que pode ter verdade, mas dando morte ao amor, que também morre de causas naturais.
Dizer toda uma longa lista de doenças coronárias, cardiovasculares, baixa de imunidade, do sopro que entrou quando nasceu entre risos e gritos, dores e comprimidos.
Todas em linha, em desculpas de “amor”, porque já estamos nas mãos do outro quando as desculpas são ditas e há que suavizar as linhas da palma da mão nos destinos traçados logo à partida num olhar atento da cigana.
E sempre uma verdade qualquer anterior às desculpas de “amor”. Uma verdade que é tão melhor porque se sente e sabe. Sem desculpas. Não digo amor porque é mentira. Já não quero. Sem desculpas. E fica tudo transparente
Paninhos quentes contra choques frios e procurar a compreensão para as palavras que reflectem os actos que queremos sacudir dos ouvidos e entornar num copo qualquer.
Não que não se acredite no fim, num qualquer fim. Haverá sempre tempo para acabar, haverá sempre razão onde tudo se pode dizer.
Desculpas de “amor” só servem para o minimizar de uma qualquer refracção em espanto quando se pronuncia o todo que pode ter verdade, mas dando morte ao amor, que também morre de causas naturais.
Dizer toda uma longa lista de doenças coronárias, cardiovasculares, baixa de imunidade, do sopro que entrou quando nasceu entre risos e gritos, dores e comprimidos.
Todas em linha, em desculpas de “amor”, porque já estamos nas mãos do outro quando as desculpas são ditas e há que suavizar as linhas da palma da mão nos destinos traçados logo à partida num olhar atento da cigana.
E sempre uma verdade qualquer anterior às desculpas de “amor”. Uma verdade que é tão melhor porque se sente e sabe. Sem desculpas. Não digo amor porque é mentira. Já não quero. Sem desculpas. E fica tudo transparente
O nosso albedo
terça-feira, 7 de julho de 2009
1ª edição
Não vás já. Ainda é cedo.
Acabaste de chegar, as tuas malas ainda não foram desfeitas, não as voltes já a fechar.
Não vás já. A máquina de café está ligada para tirar o primeiro do dia. Lá fora, o sol mal nasceu e ainda se nota uma ligeira penumbra. O dia é grande, tens tempo.
Não vás já. Acabaste de chegar.
O corpo mal aqueceu debaixo do lençol e a almofada está a começar a habituar-se à forma da tua cabeça. Nem houve tempo para procurar uns chinelos para que te descalces.
Não vás já. Ainda é cedo.
O relógio ainda não deu uma volta sobre si mesmo, nem o cuco saiu para cantar.
A tua camisola ainda não secou da lavagem à pressa para tirar aquela nódoa funda. Não podes vesti-la assim.
Ainda há tempo para mais qualquer coisa.
Não vás já. A estrada continuará estrada amanhã, porque queres tu caminhar sem parar?
Não vás já, ainda agora chegaste e só agora te pude abraçar. Fica. Ainda é cedo.
Acabaste de chegar, as tuas malas ainda não foram desfeitas, não as voltes já a fechar.
Não vás já. A máquina de café está ligada para tirar o primeiro do dia. Lá fora, o sol mal nasceu e ainda se nota uma ligeira penumbra. O dia é grande, tens tempo.
Não vás já. Acabaste de chegar.
O corpo mal aqueceu debaixo do lençol e a almofada está a começar a habituar-se à forma da tua cabeça. Nem houve tempo para procurar uns chinelos para que te descalces.
Não vás já. Ainda é cedo.
O relógio ainda não deu uma volta sobre si mesmo, nem o cuco saiu para cantar.
A tua camisola ainda não secou da lavagem à pressa para tirar aquela nódoa funda. Não podes vesti-la assim.
Ainda há tempo para mais qualquer coisa.
Não vás já. A estrada continuará estrada amanhã, porque queres tu caminhar sem parar?
Não vás já, ainda agora chegaste e só agora te pude abraçar. Fica. Ainda é cedo.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Outra vez...
Tenho duas nódoas negras com hematona no interior do braço direito, ao pé do pulso. Como fiz, perguntam vocês?? Pois, não sei. Outra vez não sei.
Mas sei que a última vez que tive sombras negras nos pulsos foi muito mais divertido :)
Mas sei que a última vez que tive sombras negras nos pulsos foi muito mais divertido :)
Desculpa????
Largo do Teatro Nacional de S. Carlos. Uma multidão prepara-se para ouvir Carmina Burana.
Ao meu lado:
Personagem 1- Conheces Carmina Burana?
Grande Personagem 2- Acho que conheço uma ou duas músicas dela, não sei bem.
P.S- Era aqui que devia entrar em cena aquele Sr. anteriormente conhecido por Ministro e que tem jeito para a mímica!
Ao meu lado:
Personagem 1- Conheces Carmina Burana?
Grande Personagem 2- Acho que conheço uma ou duas músicas dela, não sei bem.
P.S- Era aqui que devia entrar em cena aquele Sr. anteriormente conhecido por Ministro e que tem jeito para a mímica!
Fardas e pneus
Há diferentes maneiras de começar o fim de semana. Não tem de ser rotineiro, agendado, previsto. Não tem de ser, foi o que pensei quando parei para ver que barulho era aquele que o carro fazia. Já pressentia a resposta, mas nada como ter a prova que o som vinha mesmo do pneu furado completamente em baixo.
Que bom...Abre porta bagagens, tira pneu, macaco e restante material. Sempre a praguejar entre dentes. Tira Diaba, que acha piada à situação e pergunta se não era melhor ter outro carro.
No meio de lidar com criança atrevida e mecanicas fáceis, pára o carro da Autoridade e solicitamente os Agentes perguntam se quero ajuda. Acho que mesmo que a resposta fosse negativa viriam, pelo que me abstive de responder. Já não consegui fazer o mesmo quando a pergunta foi "Então teve um furo?". Não me façam perguntas idiotas...é que só consigo responder com coisas idiotas "Não. Eu gosto de mudar pneus ao sábado de manhã!". Ainda bem que estavam os dois preocupados em mostrar como a Polícia é injustamente acusada de não proteger o cidadão, além de querem mostrar com esta coisa de carros/pneus é coisa de macho, barba dura "Até levantava o carro com os dentes! Vejam como sou forte e macho". É que a ironia aliada a não ter colete reflector nem triangulo era capaz de ter sido uma combinação infeliz,muito infeliz...
E pronto, é isto. Há diferentes maneiras de começar o fim de semana, e pneu furado e mudado por Agentes de Autoridade pode bem ser uma:)
Que bom...Abre porta bagagens, tira pneu, macaco e restante material. Sempre a praguejar entre dentes. Tira Diaba, que acha piada à situação e pergunta se não era melhor ter outro carro.
No meio de lidar com criança atrevida e mecanicas fáceis, pára o carro da Autoridade e solicitamente os Agentes perguntam se quero ajuda. Acho que mesmo que a resposta fosse negativa viriam, pelo que me abstive de responder. Já não consegui fazer o mesmo quando a pergunta foi "Então teve um furo?". Não me façam perguntas idiotas...é que só consigo responder com coisas idiotas "Não. Eu gosto de mudar pneus ao sábado de manhã!". Ainda bem que estavam os dois preocupados em mostrar como a Polícia é injustamente acusada de não proteger o cidadão, além de querem mostrar com esta coisa de carros/pneus é coisa de macho, barba dura "Até levantava o carro com os dentes! Vejam como sou forte e macho". É que a ironia aliada a não ter colete reflector nem triangulo era capaz de ter sido uma combinação infeliz,muito infeliz...
E pronto, é isto. Há diferentes maneiras de começar o fim de semana, e pneu furado e mudado por Agentes de Autoridade pode bem ser uma:)
sábado, 4 de julho de 2009
Magnitude
Às vezes os abalos são de tal ordem que parecem de magnitude 9 na escala de Richter e vão provocando réplicas por muito tempo.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Roupas
-Estava a pensar…as palavras também se gastam - disse ela, enquanto acendia um cigarro.
-Não percebo o que queres dizer - respondeu ele distraído.
-É isso. As palavras também se gastam. De tanto se dizerem, de tanto se usarem, perdem o sentido do que são. É preciso poupá-las - continuava ela - é preciso saber usar só quando são adequadas.
-Ai é? - Gracejou ele - como é que se gastam? Se as disseres muitas vezes deixas de as ter para dizer? A tua boca fecha-se àquela palavra e ficas com um bloqueio?
- Não rias. Eu explico-te. Se olhares para o teu guarda-roupa vais reparar que tens roupa que usas todos os dias, casualmente, quase farda. Roupa que tem como objectivo cobrir a tua pele todos os dias. Mas depois, tens roupa que é usada em situações mais especiais. A roupa domingueira, como se dizia antigamente. A roupa de ir à missa ou a um evento onde queres estar no teu melhor. A tua melhor roupa.
- Ainda quero ver onde isto vai dar - afirmou ele - agora mais atento.
- Então as palavras devem ser assim também. Há as que são de uso diário, como “bom dia”, “obrigada” coisas assim, e depois há as que devem ser usadas em situações especiais. As que têm mais valor, as que são melhores. Essas devem ser usadas nas alturas certas, para que não sejam do dia-a-dia, para que não sejam banais e não se gastem. Assim permanecem sempre com o sentido que têm.
- Então, todos os dias tenho de pensar que há palavras que não devo gastar?
- Exacto. É isso mesmo. Porque, repara, se todos os dias usares, por exemplo, Amor, quando for mesmo isso que queres dizer, que palavra vais utilizar?
- Mas eu digo-te Amor todos os dias- afirmou ele.
- E é por isso que eu não acredito- disse ela- já gastaste a palavra. Ela já não tem sentido.
-Não percebo o que queres dizer - respondeu ele distraído.
-É isso. As palavras também se gastam. De tanto se dizerem, de tanto se usarem, perdem o sentido do que são. É preciso poupá-las - continuava ela - é preciso saber usar só quando são adequadas.
-Ai é? - Gracejou ele - como é que se gastam? Se as disseres muitas vezes deixas de as ter para dizer? A tua boca fecha-se àquela palavra e ficas com um bloqueio?
- Não rias. Eu explico-te. Se olhares para o teu guarda-roupa vais reparar que tens roupa que usas todos os dias, casualmente, quase farda. Roupa que tem como objectivo cobrir a tua pele todos os dias. Mas depois, tens roupa que é usada em situações mais especiais. A roupa domingueira, como se dizia antigamente. A roupa de ir à missa ou a um evento onde queres estar no teu melhor. A tua melhor roupa.
- Ainda quero ver onde isto vai dar - afirmou ele - agora mais atento.
- Então as palavras devem ser assim também. Há as que são de uso diário, como “bom dia”, “obrigada” coisas assim, e depois há as que devem ser usadas em situações especiais. As que têm mais valor, as que são melhores. Essas devem ser usadas nas alturas certas, para que não sejam do dia-a-dia, para que não sejam banais e não se gastem. Assim permanecem sempre com o sentido que têm.
- Então, todos os dias tenho de pensar que há palavras que não devo gastar?
- Exacto. É isso mesmo. Porque, repara, se todos os dias usares, por exemplo, Amor, quando for mesmo isso que queres dizer, que palavra vais utilizar?
- Mas eu digo-te Amor todos os dias- afirmou ele.
- E é por isso que eu não acredito- disse ela- já gastaste a palavra. Ela já não tem sentido.
Bilhetes
Já os tenho nas minhas mãos. Já estão comigo. Os meus bilhetes. Gosto de viajar. Gosto de voar, e já há demasiado tempo que não o fazia. Gosto da sensação do avião a acelerar até o estômago se colar. Gosto de começar a subir quase a pique e olhar para baixo para os pequenos quadrados que vão ficando cada vez mais longe. Gosto de atravessar as nuvens e ganhar asas
Espero que o desconhecido que se vai sentar ao meu lado não queira conversas. Aquele voo é só meu, só para mim e gosto de adormecer nos aviões. Sempre! Há quem tenha medo, eu tenho tanta confiança que gosto de adormecer calmamente a olhar para as nuvens. Parecem algodão fofinho onde me posso deitar.
Já os tenho. Agora é só esperar pelo dia e adormecer no voo. :)
Espero que o desconhecido que se vai sentar ao meu lado não queira conversas. Aquele voo é só meu, só para mim e gosto de adormecer nos aviões. Sempre! Há quem tenha medo, eu tenho tanta confiança que gosto de adormecer calmamente a olhar para as nuvens. Parecem algodão fofinho onde me posso deitar.
Já os tenho. Agora é só esperar pelo dia e adormecer no voo. :)
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