quarta-feira, 8 de julho de 2009

Atalhos

Não te aproximes. Porque se vens, não respondo por mim e de um só salto, prendo-te o corpo nas pernas e bloqueio-te a passagem para outro lado qualquer.
Não te aproximes. Porque se vens, enlouqueço de uma só vez e rasgo-te a camisola em mil pedaços para beijar os teus peitos redondos onde habitam gotas do perfume que sinto de cada vez que volto a cabeça. Prendo-te os braços atrás das minhas costas e sorvo de uma só vez a tua maçã-de-adão que prende o meu olhar.
Não te aproximes. Porque se vens, vendo-te os olhos, faço-te comer morangos para que me beijes a boca com sabor doce do sumo que vai derreter as velas que acenderei para te sentir na penumbra, porque conheço o teu corpo de cor e vou percorrer todas as estradas desse mapa.
Não te aproximes. Porque se vens, esqueço a decência de anos de educação, enterro as minhas unhas nas tuas costas, onde gosto de encostar a cabeça, e puxo-te para mim, marcando-te como um urso que arranha as árvores, como um qualquer território só meu porque não te quero dividido com mais ninguém.
Não te aproximes. Porque se vens, abro as minhas pernas de um salto para que me prendas à tua cintura, os meus braços no teu pescoço, e todo o corpo a esfregar-se num desejo reprimido de te sentir, como um bicho com cio, pronto a se dar.
Não te aproximes. Porque se vens, vou estafar-nos o silêncio, esfrangalhar-nos a razão até um delírio de qualquer cor ser só sentir o explodir de uma tatuagem feita de dois riscos.
Não te aproximes. Se vieres, vem de impulso, a correr, para eu não ter tempo de fugir.

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