quinta-feira, 16 de julho de 2009

Orbita

Todas as histórias que invento, falam-me do tanto que há a dizer sobre a tua morte, esperada de ressurreição ao fim do terceiro dia de luto chorado.
Todos os livros que leio me falam da tua volta, ao fim do terceiro dia, coberto em asas de anjo e chifres de demónio, iluminar ou incandescer como um fire starter.
São delírios do peso de não se acreditar em tudo o que fala e lê, porque do dentro nasce o mar onde vai morrer a tristeza que não pode existir porque o cérebro não deixa e não faz sentido.
Nem sempre uma linha é linear, nem sempre o que é, existe mesmo. Um vazio só o é porque houve tempos em que encheu. Fica uma sustentação qualquer, em cima de um fio de arame que se vai atravessando e baloiçando, porque tem de se chegar ao outro lado, o lado onde estão as nuvens de algodão que também se olham de cima.
Não acredito no irreversível. De todas as vezes que tiro uma camisola ela fica do lado contrário para logo no meio de arrumações voltar ao direito. Hoje assim, amanhã logo se vê. A rigidez não tem de ser dura, há suavidade no caminho de pedras que se percorre até chegar a todas as histórias que se inventa ou que se lê.
Em contrapeso, a voz “ not anger or rage, only love can set you free”.
Ao fim do terceiro dia.

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