terça-feira, 7 de julho de 2009

1ª edição

Não vás já. Ainda é cedo.
Acabaste de chegar, as tuas malas ainda não foram desfeitas, não as voltes já a fechar.
Não vás já. A máquina de café está ligada para tirar o primeiro do dia. Lá fora, o sol mal nasceu e ainda se nota uma ligeira penumbra. O dia é grande, tens tempo.
Não vás já. Acabaste de chegar.
O corpo mal aqueceu debaixo do lençol e a almofada está a começar a habituar-se à forma da tua cabeça. Nem houve tempo para procurar uns chinelos para que te descalces.
Não vás já. Ainda é cedo.
O relógio ainda não deu uma volta sobre si mesmo, nem o cuco saiu para cantar.
A tua camisola ainda não secou da lavagem à pressa para tirar aquela nódoa funda. Não podes vesti-la assim.
Ainda há tempo para mais qualquer coisa.
Não vás já. A estrada continuará estrada amanhã, porque queres tu caminhar sem parar?
Não vás já, ainda agora chegaste e só agora te pude abraçar. Fica. Ainda é cedo.

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