quarta-feira, 29 de julho de 2009

Esquema

A menina sorria, enquanto levava os sonhos
Singelamente sobre a cabeça
Na hora de ir à fonte.
E eram sempre horas de ir buscar água

Um sorriso era preciso
Para apagar os pés descalços
Da carne que queimava viva
Ao enfrentar a paisagem

A viagem era longa
E havia um traço negro nos olhos
A resguardar a carne
Que já tinha abandonado o corpo

À sua frente seguia a vida
Que tinha começado depois dela
Já a ultrapassara na curva
Dos pinheiros que à noite vivem.

Que memórias escorriam o sangue
Dos odores que a terra trazia
Quando a fotografia teimava
Em queimar a saudade?

A menina sorria, enquanto andava
Já sem vida
Na hora de ir à fonte
Onde tudo acontecia depois dela.

Sem vida, o sorriso obedecia
às vísceras que a fazem andar
E a menina sorria enquanto pensava
Que a vida, já não conseguia resgatar.

Sem comentários: