sábado, 31 de janeiro de 2009

A cemetery where i married the sea

Faz cinco anos e também chovia muito. Deviamos ter ido ver o Sporting-Porto, mas tu não vieste porque foste buscar o teu primeiro, único e último carro.
Sabes que só voltei a ver o Sporting-Porto o ano passado? E acompanhada de bem estar para que o derby não fizesse ir bolas à trave e eu abanasse.
É dificil viver no silêncio das tuas gargalhadas, da tua voz excitada a contar tudo de um só folêgo, das longas conversas.
Também só apaguei o teu número do meu telemóvel o ano passado, mas continua a ser dificil não pegar no telemóvel para contigo partilhar.
Para te dizer que a Diaba nasceu, que devia ter nascido no teu dia, mas que se antecipou duas semanas. Que era linda, de lábios muito bem feitos e dedos compridos. Que vestiu o babygrow que lhe deste para ser o primeiro. Que esse babygrow é o único que continua cá em casa, o resto já dei tudo, porque és tu e o cheiro e forma da Diaba.
É dificil não falar para te perguntar pelo teu manito. Não sei se ele estaria cá se tu continuasses, mas entende não foi para ocupar o teu lugar, isso é impossível, foi porque era necessária uma razão para que os pulmões não doessem todos os dias ao respirar.
A todos os que ficamos vazios, com raiva, sem compreender, e de ferida aberta.
É difícil não te contar todo este tumulto e não te ouvir dizer "Vai correr tudo bem".
Tenho-te tão dentro de mim. De todas as imagens, de todas as recordações. De te ter visto pela primeira vez, de correres atrás de mim para que te desse melancia, de tudo o que construímos entre nós, incluindo as discussões, as vezes que te disse coisas fortes para que sentisses na pele o quanto magoavas os outros.
Hoje, se calhar, estarias aqui ao meu lado, e fugiriamos a escondermo-nos nos cigarros e confidências, como na minha última noite de solteira, em que fomos para a casa nova e no outro dia de manhã eu acordei e levei a mala, fazendo com que tivesses de andar duas ruas só de pijama!
Hoje, estarias uma mulher com M grande, porque o tempo te estava a dar calma e sabedoria mesmo com toda a tua irreverência. É injusto que tenha ficado a menos de metade. É injusto. Não se faz!
Mas hoje, também, por muito que doa não estares, continua a ser muito grande alegria por ter tido a tua vida toda na minha.
Apesar do silêncio, ainda me apetece muito falar contigo, como hoje.

1 comentário:

Anónimo disse...

Podes falar comigo... se te ajudar...