segunda-feira, 4 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Porque me apetece
A versão é da Concha Buika mas podia ser a Chavela Vargas...a letra é linda e hoje apetece-me!
Volver, Volver
Este amor apasionado anda todo alborotado por volver,
voy camino a la locura, aunque todo me tortura, yo sé querer,
nos dejamos hace tiempo pero sé, llegó el momento de volver,
tú tenías mucha razón, le hago caso al corazón
y me muero por volver...
Y volver, volver, volver a tus brazos otra vez,
llegaré hasta donde estés, quiero volver, quiero volver,
quiero volver, volver, volver,
Nos dejamos hace diez minutos
pero sé, llegó el momento de volver,
tú tenías mucha razón, le hago caso al corazón
y me muero por volver.
Y volver, volver, volver a tus brazos otra vez,
llegaré hasta donde estés, yo sé perder, yo sé perder,
quiero volver, volver, volver.
Volver, Volver
Este amor apasionado anda todo alborotado por volver,
voy camino a la locura, aunque todo me tortura, yo sé querer,
nos dejamos hace tiempo pero sé, llegó el momento de volver,
tú tenías mucha razón, le hago caso al corazón
y me muero por volver...
Y volver, volver, volver a tus brazos otra vez,
llegaré hasta donde estés, quiero volver, quiero volver,
quiero volver, volver, volver,
Nos dejamos hace diez minutos
pero sé, llegó el momento de volver,
tú tenías mucha razón, le hago caso al corazón
y me muero por volver.
Y volver, volver, volver a tus brazos otra vez,
llegaré hasta donde estés, yo sé perder, yo sé perder,
quiero volver, volver, volver.
Caminhos
Hoje havia trânsito. Fiquei parada no meio dele. Estar parada até sabia bem, o sol entrava pela janela, a musica saia do rádio e eu estava confortável. Sabia que tinha de andar, que era lá à frente o sítio para onde ia, mas aquele ponto era bom e quente.
Entrei no túnel e entre o parada e a primeira mudança, não havia grande esforço, sendo por isso que os meus olhos passeavam pelas paredes. Ao meu lado o sinal de emergência que indicava que para a frente faltavam 175 metros para a saída mas que se quisesse recuar eram apenas 75 metros os que me distavam da abertura. Podia recuar! Por momentos sorri, ainda que soubesse que era para a frente que queria ir, podia sempre voltar para trás com muito menos esforço.
Fui indo no embalo dos carros, que lado a lado se puxavam, quase como cardumes a nadarem numa mesma direcção. Fui indo.
Quando os meus olhos voltaram a olhar a parede os mesmos números apareceram, mas agora faltava 75 metros para a saída do sítio que eu queria e 175 metros para trás.
Lembro-me de uma velha frase que diz que a vida se resolve a si mesma. É tudo uma questão de ir, indo, como os cardumes dos peixes, levado para o lugar que se gostava de ir e quando se der por isso, estar lá.
Entrei no túnel e entre o parada e a primeira mudança, não havia grande esforço, sendo por isso que os meus olhos passeavam pelas paredes. Ao meu lado o sinal de emergência que indicava que para a frente faltavam 175 metros para a saída mas que se quisesse recuar eram apenas 75 metros os que me distavam da abertura. Podia recuar! Por momentos sorri, ainda que soubesse que era para a frente que queria ir, podia sempre voltar para trás com muito menos esforço.
Fui indo no embalo dos carros, que lado a lado se puxavam, quase como cardumes a nadarem numa mesma direcção. Fui indo.
Quando os meus olhos voltaram a olhar a parede os mesmos números apareceram, mas agora faltava 75 metros para a saída do sítio que eu queria e 175 metros para trás.
Lembro-me de uma velha frase que diz que a vida se resolve a si mesma. É tudo uma questão de ir, indo, como os cardumes dos peixes, levado para o lugar que se gostava de ir e quando se der por isso, estar lá.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
I
Vai começar
Beijos
Mais um.. dia
Começam pelos lábios
E outro se segue
Mas na realidade são no coração
Um a seguir ao outro
E na alma tanto como no corpo
Como ondas
E tudo fica cheio de mim, de ti, de nós
Somos um oceano
E o Amor não se pode desperdiçar
Beijos
Mais um.. dia
Começam pelos lábios
E outro se segue
Mas na realidade são no coração
Um a seguir ao outro
E na alma tanto como no corpo
Como ondas
E tudo fica cheio de mim, de ti, de nós
Somos um oceano
E o Amor não se pode desperdiçar
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Abraço
E depois de tudo ou para além de tudo, há a maneira como ele abraça. Como os seus ombros ligeiramente curvados descem sobre os ombros dela que, primeiro, recuam ligeiramente para depois se porem em bicos de pés para diminuir a distância e o tempo que demora até se encontrarem.
Depois dos ombros, as mãos que empurram ligeiramente, curvando as omoplatas para a puxar para si, como se ela fosse uma presa pronta a abandonar-se enfiando a cara em qualquer concavidade entre o peito e o pescoço.
Os olhos olham-se em reconhecimento pestanejando tanto alívio como medo e à volta dos dois um querer guardar um no outro, como se fossem um qualquer órgão essencial.
Ele balança-a e ela não sabe se é amor, ou um casaco quente que protege do frio, mas podia dormir ali para sempre.
Depois dos ombros, as mãos que empurram ligeiramente, curvando as omoplatas para a puxar para si, como se ela fosse uma presa pronta a abandonar-se enfiando a cara em qualquer concavidade entre o peito e o pescoço.
Os olhos olham-se em reconhecimento pestanejando tanto alívio como medo e à volta dos dois um querer guardar um no outro, como se fossem um qualquer órgão essencial.
Ele balança-a e ela não sabe se é amor, ou um casaco quente que protege do frio, mas podia dormir ali para sempre.
domingo, 8 de agosto de 2010
Musicas de infância
" O carro do meu chefe, tem um furo no pneu,
o carro do meu chefe tem um furo no pneu
o carro do meu chefe tem um furro no pneu,
colei-o com chewing gum"
Muito bonita a música! Vim o caminho toda a cantá-la!
Só não é o carro do chefe, é o meu. Ainda não é um furo, mas assim que tirar o prego que lá esta passa a ser e colar com pastilha elástica não vai fazer grande coisa...
Mas a música é bonita!
o carro do meu chefe tem um furo no pneu
o carro do meu chefe tem um furro no pneu,
colei-o com chewing gum"
Muito bonita a música! Vim o caminho toda a cantá-la!
Só não é o carro do chefe, é o meu. Ainda não é um furo, mas assim que tirar o prego que lá esta passa a ser e colar com pastilha elástica não vai fazer grande coisa...
Mas a música é bonita!
A Sal
A SAL
É qualquer coisa como um gosto
a sal e água sem chuva, um
lugar preciso em que se move
dentro
o papel de vida que se joga quando
as coisas teimam em fazer
algum sentido.
É qualquer coisa como o embaraço de
solstícios, inverno avesso a muitas cores e
próprio a ares que gostam de dizer
alguma coisa muito
muda
muito
ao contrário de dizer sem
dizer nada.
É qualquer coisa assim como algum
branco, como um gosto que se vai da
boca à escrita sem que nada seja
necessariamente
em pauta. É como
qualquer coisa de difícil faina, como se eu
pudesse
aqui
neste lugar sem chuva ou sal ou invernos,
neste lugar de fora de alguns muitos
sítios, arrancar da folha já sem fonte e sem
origem
uma alfazema um relicário
ou
qualquer coisa como um gosto a ti.
De Luis Maffei no Blog "Antologia do Esquecimento"
É qualquer coisa como um gosto
a sal e água sem chuva, um
lugar preciso em que se move
dentro
o papel de vida que se joga quando
as coisas teimam em fazer
algum sentido.
É qualquer coisa como o embaraço de
solstícios, inverno avesso a muitas cores e
próprio a ares que gostam de dizer
alguma coisa muito
muda
muito
ao contrário de dizer sem
dizer nada.
É qualquer coisa assim como algum
branco, como um gosto que se vai da
boca à escrita sem que nada seja
necessariamente
em pauta. É como
qualquer coisa de difícil faina, como se eu
pudesse
aqui
neste lugar sem chuva ou sal ou invernos,
neste lugar de fora de alguns muitos
sítios, arrancar da folha já sem fonte e sem
origem
uma alfazema um relicário
ou
qualquer coisa como um gosto a ti.
De Luis Maffei no Blog "Antologia do Esquecimento"
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Astros
A noite caia e com ela acendiam-se as estrelas cheias de esperanças novas.
Era necessário esquecer que ontem também havia esperanças novas nas estrelas. Mas a lua, essa mulher enciumada e alcoviteira, fazia o possivel para estar sempre a lembrar e ria-se dizendo " sou eu que escrevo as marés", e o mar enchia os olhos de quem via.
Era necessário esquecer que ontem também havia esperanças novas nas estrelas. Mas a lua, essa mulher enciumada e alcoviteira, fazia o possivel para estar sempre a lembrar e ria-se dizendo " sou eu que escrevo as marés", e o mar enchia os olhos de quem via.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
A Extrema Comoção
Todos os comboios te trazem até mim,
pequena luz do meu desassossego,
num sussurro de promessa inconfessada,
num desafio de pergunta sufocante.
Vais e voltas, audaz e indefesa,
na migração branda de todos os afectos
e é o instinto que me dá o teu nome o timbre e o tom das revelações que embriagam.
Nunca a distância pôs tão perto
a mão que treme e a tentação do lume.
Vais e voltas sem que o saibas
é por mim que vens e por ti que parto,
que o sentimento que sustenta estes dias
é volátil e breve como um pássaro de névoa,
como uma serpente de jade, como um fumo
de ópio num encontro contra o tempo
e a pressa com que o tempo se disfarça e aniquila.
Vais e voltas e é de mim que te apartas
nesse fogo de quereres estar não estando
nesta inquietude de seres gare e cais
quando tudo em ti pede que sejas apenas casa e corpo.
E como eu te imito, te repito e sigo
neste assombro de acordarmos em nós
o sobressalto da lava que faz do enlace
uma extrema e indefinível comoção.
José Jorge Letria
pequena luz do meu desassossego,
num sussurro de promessa inconfessada,
num desafio de pergunta sufocante.
Vais e voltas, audaz e indefesa,
na migração branda de todos os afectos
e é o instinto que me dá o teu nome o timbre e o tom das revelações que embriagam.
Nunca a distância pôs tão perto
a mão que treme e a tentação do lume.
Vais e voltas sem que o saibas
é por mim que vens e por ti que parto,
que o sentimento que sustenta estes dias
é volátil e breve como um pássaro de névoa,
como uma serpente de jade, como um fumo
de ópio num encontro contra o tempo
e a pressa com que o tempo se disfarça e aniquila.
Vais e voltas e é de mim que te apartas
nesse fogo de quereres estar não estando
nesta inquietude de seres gare e cais
quando tudo em ti pede que sejas apenas casa e corpo.
E como eu te imito, te repito e sigo
neste assombro de acordarmos em nós
o sobressalto da lava que faz do enlace
uma extrema e indefinível comoção.
José Jorge Letria
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Quando ela partiu foi por julgar que ele já o fizera, deixando-a à mercê das memórias tatuadas em todo o lado. Partiu por necessidade de não estar no espaço que era dos dois e onde agora só breves ecos chegavam, distorcidos de uma qualquer verdade, que o acaso (in)feliz tinha plantado ali. Era o cenário insuportável de uma paixão vazia e um desperdício enorme.
Afinal ele não a deixara, afirmava. Tinha sido apenas um desencontro vindo de uma qualquer acção necessária à sobrevivência da espécie num contexto que se poderia definir errado. Mas foram tantas as pressas que o medo cresceu e tudo ficou meio perdido antes do tempo. Agora vagueiam os fantasmas que, à noite, tomam super formas e, por prazer, roubam qualquer brilho das estrelas.
É preciso que corram. primeiro um do outro para depois poderem colidir.
Afinal ele não a deixara, afirmava. Tinha sido apenas um desencontro vindo de uma qualquer acção necessária à sobrevivência da espécie num contexto que se poderia definir errado. Mas foram tantas as pressas que o medo cresceu e tudo ficou meio perdido antes do tempo. Agora vagueiam os fantasmas que, à noite, tomam super formas e, por prazer, roubam qualquer brilho das estrelas.
É preciso que corram. primeiro um do outro para depois poderem colidir.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
...
"I don't know how to be with you right now, and that scares the shit out of me. Because if I am not with you right now I have this feeling we will get lost out there. It’s a big bad world full or twist and turns and people have a way of blinking and missing the moment. The moment that could of changed everything."
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Be, be your love
Everything's falling, and I am included in that
Oh, how I try to be just okay
Yeah, but all I ever really wanted
Was a little piece of you
And everybody's talking how I, can't, can't be your love
But I want, want, want to be your love
Want to be your love, for real
Oh, how I try to be just okay
Yeah, but all I ever really wanted
Was a little piece of you
And everybody's talking how I, can't, can't be your love
But I want, want, want to be your love
Want to be your love, for real
domingo, 25 de julho de 2010
That's all, folks!
DANCE, as thought no one is watching you; LOVE, as thought you has never been hurt before; SING, as thought no one can hear you;LIVE, as thought heaven is on earth; KISS as thought thats nothing else you could do.
Histórias de embalar
Era assim que faziamos amor, da mesma forma que as crianças brincam- cheias de felicidade e esquecendo tudo lá fora.
sábado, 24 de julho de 2010
Reeducação Sentimental
O sentimento não tem prazo de validade. Não tem “consumir de preferência antes de”, nem indicação de informação nutricional. Por mais que se diga ou que se tente não há doses diárias recomendadas. Sabe-se lá as gorduras saturadas ou as calorias que 100 gramas representam.
O sentimento não tem prazo de validade e só por isso o hoje não é valor de referência para amanhã.
O sentimento não tem prazo de validade e só por isso o hoje não é valor de referência para amanhã.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Travessias
Ao longe silvam lobos
A lua cresce no silêncio enquanto
se ouve a respiração do jasmim.
De joelhos, deito-te chá ao estilo japonês,
enquanto o pulso roda ligeiramente
para que vejas o interior da pele.
Sirvo o teu regresso enquanto saio.
A lua cresce no silêncio enquanto
se ouve a respiração do jasmim.
De joelhos, deito-te chá ao estilo japonês,
enquanto o pulso roda ligeiramente
para que vejas o interior da pele.
Sirvo o teu regresso enquanto saio.
domingo, 18 de julho de 2010
Prefixo
Esta continua a ser a minha caixinha de tampa azul, onde ponho todas as palavras que quero que saiam.
Não as tenho posto. Não quer dizer que não existam. Estão apenas numa negação, num movimento para dentro por não serem inocentes, implusivas, inenarráveis, imperfeitas, inconscientes. E isso deixa tudo incompleto.
Não as tenho posto. Não quer dizer que não existam. Estão apenas numa negação, num movimento para dentro por não serem inocentes, implusivas, inenarráveis, imperfeitas, inconscientes. E isso deixa tudo incompleto.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Diálogos
Ele- Tocas todas as melodias do meu ser.
Ela- (sorriu...
Ele- Deixas-me mergulhar nesse sorriso?
Ela transformou-se em mar
Ela- (sorriu...
Ele- Deixas-me mergulhar nesse sorriso?
Ela transformou-se em mar
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
A.S.A
" Um dia vou-vos cantar...Niguém te ama, como eu. Ontem foi o dia!"
A versão correcta para todo o grupo ASA é : Ninguém te ama. (ponto final)
A versão correcta para todo o grupo ASA é : Ninguém te ama. (ponto final)
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Hoje é o dia
Dois pacotes de açucar "Um dia vou-te provar", " Um dia és a causa de um novo tipo de música".
A doce dualidade do Amor, entre o desejo e o romance.
A doce dualidade do Amor, entre o desejo e o romance.
terça-feira, 22 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Outono
Já começa a estar frio e os dias a ficarem mais pequenos, dizia-lhe o peixe, abrindo desmesuradamente a boca para conseguir articular a frase bem alta.
A menina sorriu e colocou-lhe um casaco feito de escamas finas e fios de seda prateados. Tinha-o feito o ano anterior, quando na mesma altura, o bosque se começava a cobrir de dourado e os tapetes eram feitos de folhas e pequenas bagas que saltitavam com o correr leve dos dois.
Tinha-o feito para ele, Amor, que corria com ela, braço dado. Ele fez-lhe uma grinalda com pequenas flores brancas e ela quis lhe tecer um casaco, porque já começava a ficar frio e os dias a ficarem mais pequenos.
Desde então não o voltou a ver, e, triste, percebeu ao terceiro passeio que tinha de ir embora viver o Outono.
A menina sorriu e colocou-lhe um casaco feito de escamas finas e fios de seda prateados. Tinha-o feito o ano anterior, quando na mesma altura, o bosque se começava a cobrir de dourado e os tapetes eram feitos de folhas e pequenas bagas que saltitavam com o correr leve dos dois.
Tinha-o feito para ele, Amor, que corria com ela, braço dado. Ele fez-lhe uma grinalda com pequenas flores brancas e ela quis lhe tecer um casaco, porque já começava a ficar frio e os dias a ficarem mais pequenos.
Desde então não o voltou a ver, e, triste, percebeu ao terceiro passeio que tinha de ir embora viver o Outono.
Primavera
Era um bosque.
Leve sussurrar das folhas.
Ao olhar cada árvore percebia-se como forte era o tempo. Cada tronco mais alto, mais velho, mais firme. As copas, erguidas no alto, que se deixam levar e ondear pelas brisas. Também vergavam, quando tempestades roubavam as folhas e os pássaros para um outro mundo qualquer, distante, distante.
Era um bosque.
No tempo. Na mente.
Eras tu, e os teus braços, exactamente nove dias de inverno depois, ondulavam transportando-me ao começo da primavera.
Leve sussurrar das folhas.
Ao olhar cada árvore percebia-se como forte era o tempo. Cada tronco mais alto, mais velho, mais firme. As copas, erguidas no alto, que se deixam levar e ondear pelas brisas. Também vergavam, quando tempestades roubavam as folhas e os pássaros para um outro mundo qualquer, distante, distante.
Era um bosque.
No tempo. Na mente.
Eras tu, e os teus braços, exactamente nove dias de inverno depois, ondulavam transportando-me ao começo da primavera.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Diálogos
Ela disse- Gosto dos momentos em que existimos
Ele disse- Talvez não existamos, talvez sejamos um sonho do universo
Ela disse- Sim, sem ter nem ser
Ele disse- Nesse espaço existimos
Ela disse- Simples
Ele disse- Nas nossas mãos de sabor a vontade. Simples
Ele disse- Talvez não existamos, talvez sejamos um sonho do universo
Ela disse- Sim, sem ter nem ser
Ele disse- Nesse espaço existimos
Ela disse- Simples
Ele disse- Nas nossas mãos de sabor a vontade. Simples
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Pele crua
Tínhamos fome. Como se não comêssemos desde uma outra vida qualquer, perdida em casulos que demoraram a transformar em borboletas.
Tínhamos fome, como se os bolsos sempre estivessem rotos ao bocado de pão que outras mãos estendiam.
Tínhamos fome e sede. Muita sede. Escapou-se-nos o gemido para ir ter com o outro “ alimenta-me” e pouco a pouco, pele a pele, os lábios engoliram-nos.
Começámos pelo corpo. Conseguiremos saciar a alma?
Tínhamos fome, como se os bolsos sempre estivessem rotos ao bocado de pão que outras mãos estendiam.
Tínhamos fome e sede. Muita sede. Escapou-se-nos o gemido para ir ter com o outro “ alimenta-me” e pouco a pouco, pele a pele, os lábios engoliram-nos.
Começámos pelo corpo. Conseguiremos saciar a alma?
terça-feira, 8 de junho de 2010
Desastres domésticos
Um arranhão e duas nódoas negras... não parece, mas ganhei à gaveta que não queria fechar!
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Manias
Para que saibas, no meio de toda a confusão de conversa e explosões sem sentido mas com sentimento: Não estou/sou tão desesperada que gostem de mim que não pare para pensar se eu gosto. E este é o ponto do qual eu não abro mão. Tudo o resto é cenário e não história.
Tasmanices XLV
Na cama, falávamos sobre a consulta de rotina no dia a seguir:
Diaba- Estou um bocado nervosa por ir ao médico.
Mãe- Mas porquê filha?
Diaba- Não sei. Mas parece que a minha barriga tem borboletas a vomitar...
Diaba contava uma cena, na escola, em que uma coleguinha lhe tinha pregado um susto.
Mãe- Diz-me lá como é que te assustaste.
Diaba- Então, eu estava ali toda relaxada e a A. veio a gritou e tive a impressão que os meus orgãos rebentavam todos!
(Filha, estou a temer pelo teu interior...e a controlar o riso, que isto é coisa séria!!!)
Diaba- Estou um bocado nervosa por ir ao médico.
Mãe- Mas porquê filha?
Diaba- Não sei. Mas parece que a minha barriga tem borboletas a vomitar...
Diaba contava uma cena, na escola, em que uma coleguinha lhe tinha pregado um susto.
Mãe- Diz-me lá como é que te assustaste.
Diaba- Então, eu estava ali toda relaxada e a A. veio a gritou e tive a impressão que os meus orgãos rebentavam todos!
(Filha, estou a temer pelo teu interior...e a controlar o riso, que isto é coisa séria!!!)
sábado, 29 de maio de 2010
3055
A música.
Os dois, passo a passo, dança a dança.
Os meus pés por cima dos teus que impõem o ritmo e me levitam
A música, como tu. Tão exactamente como tu. Começar devagarinho, entrares-me no sangue, na alma, em tudo. Este meu abandono quente a ti. Transbordares-me. Crescente. Sempre crescente. Este meu abandono quente em ti.
A música. Tu.
O fim.
Já não levito nos teus pés.
Os dois, passo a passo, dança a dança.
Os meus pés por cima dos teus que impõem o ritmo e me levitam
A música, como tu. Tão exactamente como tu. Começar devagarinho, entrares-me no sangue, na alma, em tudo. Este meu abandono quente a ti. Transbordares-me. Crescente. Sempre crescente. Este meu abandono quente em ti.
A música. Tu.
O fim.
Já não levito nos teus pés.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Seis
Um mês. Incrível como o tempo passa e o mês já virou a folha no calendário. Sei que não é do tempo que falamos, afinal o tempo pode ser muito ou tão pouco dentro dos mesmos dias dos outros todos.
Preferias, eu sei, que dissesse antes, já passaram seis broches e outras tantas trancadas. Que já me fodeste , como gostas de dizer e ainda mais de fazer, meia dúzia de vezes. Exactamente com estas palavras, que são as que usas, quando não ouves sequer a tua voz, mas só a vontade do desejo que te faz ter outra vez vinte anos e pegares-me ao colo contra uma parede, virares-me de toda a maneira, mexeres em todos os poros e dizeres “adoro foder-te”.
Não costumo dizer asneiras, mas não há melhor que palavrões para descrever este carnal que nos persegue até o calendário virar a folha. Podia ser uma menina/senhora e dizer “ fazer amor” mas isso inclui qualquer coisa de sentimento e mão dada e a mariquice toda e não é isso que se passa quando nos despimos. Também há isso, esse mundo carinhoso em telefonemas às tantas da noite para me tocares piano, mas o que nos torna num mês, seis broches e outras tantas trancadas é a luxúria animal, da boa e que nos deixa duros de antecipação.
Comemoramos com o sétimo?
Preferias, eu sei, que dissesse antes, já passaram seis broches e outras tantas trancadas. Que já me fodeste , como gostas de dizer e ainda mais de fazer, meia dúzia de vezes. Exactamente com estas palavras, que são as que usas, quando não ouves sequer a tua voz, mas só a vontade do desejo que te faz ter outra vez vinte anos e pegares-me ao colo contra uma parede, virares-me de toda a maneira, mexeres em todos os poros e dizeres “adoro foder-te”.
Não costumo dizer asneiras, mas não há melhor que palavrões para descrever este carnal que nos persegue até o calendário virar a folha. Podia ser uma menina/senhora e dizer “ fazer amor” mas isso inclui qualquer coisa de sentimento e mão dada e a mariquice toda e não é isso que se passa quando nos despimos. Também há isso, esse mundo carinhoso em telefonemas às tantas da noite para me tocares piano, mas o que nos torna num mês, seis broches e outras tantas trancadas é a luxúria animal, da boa e que nos deixa duros de antecipação.
Comemoramos com o sétimo?
segunda-feira, 24 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Leis
Ele disse - A lei da física diz que o calor dilata os corpos
Ela disse - mas não os faz explodir intensamente
Ele disse – A lei da química diz que temperaturas altas podem ser um catalisador que provoca uma reacção entre dois elementos
Ela disse - um catalisador muda a velocidade da reacção química mas não se consome nela
Ele disse - A lei da Alma diz que nada é mais importante que o Amor
Ela disse – É necessário ter alma para reconhecer essa lei
Ele disse – Então beijo-te sem leis
Ela disse - mas não os faz explodir intensamente
Ele disse – A lei da química diz que temperaturas altas podem ser um catalisador que provoca uma reacção entre dois elementos
Ela disse - um catalisador muda a velocidade da reacção química mas não se consome nela
Ele disse - A lei da Alma diz que nada é mais importante que o Amor
Ela disse – É necessário ter alma para reconhecer essa lei
Ele disse – Então beijo-te sem leis
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Pois
"We spend our whole lives worrying about the future, planning for the future, trying to predict the future, as if figuring it out will cushion the blow. But the future is always changing. The future is the home of our deepest fears and wildest hopes. But one thing is certain when it finally reveals itself, the future is never the way we imagined it." *
* O diferente pode ser melhor. Ou não. Mas pode.
* O diferente pode ser melhor. Ou não. Mas pode.
terça-feira, 18 de maio de 2010
«Nem há um só instante que seja meu, e querem que eu saiba para onde me hei-de virar. Ah sei muito bem para onde me viraria, se a cabeça me obedecesse. Se querem que eu pareça preocupar-me com o que estou a fazer, só têm de repetir, se é que o disseram alguma vez. Repetir o tom, os termos, para eu pensar que são da minha lavra. Sempre os mesmos truques, desde que meteram na cabeça que a minha existência é só uma questão de tempo. Acho que tenho falhas de memória, que há frases inteiras que saltam, não, inteiras não. Talvez não tenha conseguido descobrir a chave do enigma da história. Mesmo que não o tivesse compreendido, tê-lo-ia revelado, é o que me pedem, e isso ter-me-ia sido tido em conta, aquando do meu próximo julgamento, sim, sim, de vez em quando julgam-me, são pessoas sérias. Um dia, talvez venha a saber, a dizer o que fiz de mal.»
Samuel Beckett, "O Inominável", Assírio & Alvim, 2002
Samuel Beckett, "O Inominável", Assírio & Alvim, 2002
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Cartaz
É no final da tarde, quando se arruma malas e as chaves do carro estão nas mãos que vem a pontinha de ar, demasiado fresco para a altura, arrepiar ligeiramente a nuca.
Quando da despedida do dia se devia oferecer um braço que enchesse o espaço a que se volta, para cortar a aragem da primavera.
Há dias em que o vazio é demasiado grande, porque de escolha bem afinada, se quer a mão dado de um amor grande, como passa nas grandes salas de cinema e não o enlevo imediato do Olympia.
Quando da despedida do dia se devia oferecer um braço que enchesse o espaço a que se volta, para cortar a aragem da primavera.
Há dias em que o vazio é demasiado grande, porque de escolha bem afinada, se quer a mão dado de um amor grande, como passa nas grandes salas de cinema e não o enlevo imediato do Olympia.
Dúvidas
Na ficção como na vida, mata-se por fora, supostamente por amor. Por um amor tão grande que não concebe não ter o outro. Será?
Resta a dúvida, e por dentro, que é o mais importante, com que plano se consegue matar?
Resta a dúvida, e por dentro, que é o mais importante, com que plano se consegue matar?
Balance
Não gosto da tua língua na minha boca. Parece-me demasiado fina, não me enche, e nervosa, não para quieta o tempo suficiente para a sentir.
Em compensação adoro-a no resto do meu corpo e o resto do teu corpo na minha boca.
Em compensação adoro-a no resto do meu corpo e o resto do teu corpo na minha boca.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Diálogos
Dizes “ Espera-me aqui até eu voltar”
Eu digo “Espero-te em qualquer sitio. Menos aqui onde não se pode voltar.”
Dizes “ Já percebi que não tens saudades”
Eu digo “ Enganas-te. Vivo de recordações e sorrisos em flashbacks”
Dizes “ Os kilometros não te tiram de mim. Vejo-te ao meu lado”
Eu digo “Parece que os kilometros de distância obrigam, também, a um maior silêncio, como se a impossibilidade de olhar para ti fosse um indicador para me manter calma e quieta no meu sitio. Tu foste”
Dizes “ Eu volto. Mando-te um beijo com sal”
Eu digo “Eu espero. Adorava beijar a tua pele com sal”
Eu digo “Espero-te em qualquer sitio. Menos aqui onde não se pode voltar.”
Dizes “ Já percebi que não tens saudades”
Eu digo “ Enganas-te. Vivo de recordações e sorrisos em flashbacks”
Dizes “ Os kilometros não te tiram de mim. Vejo-te ao meu lado”
Eu digo “Parece que os kilometros de distância obrigam, também, a um maior silêncio, como se a impossibilidade de olhar para ti fosse um indicador para me manter calma e quieta no meu sitio. Tu foste”
Dizes “ Eu volto. Mando-te um beijo com sal”
Eu digo “Eu espero. Adorava beijar a tua pele com sal”
Tasmanices XLIV
Deitadas, na árdua tarefa de fazer a Diaba adormecer:
Diaba- Sabes onde está o meu amor por ti, Mãe?
Mãe (já com um sorriso derretido)- Onde meu Amor?
Diaba- Aqui, guardado para sempre (dizia isto enquanto encostava a mão no coração)
Manhã, cedo, Diaba enfia-se na minha cama:
Diaba- Bom dia, Mãe. Já fiz a minha cama, para não seres sempre tu a fazer que estás cansada, e agora vou tomar banho.
É por coisas assim que eu digo e repito, TENHO A MELHOR FILHA DO MUNDO
Diaba- Sabes onde está o meu amor por ti, Mãe?
Mãe (já com um sorriso derretido)- Onde meu Amor?
Diaba- Aqui, guardado para sempre (dizia isto enquanto encostava a mão no coração)
Manhã, cedo, Diaba enfia-se na minha cama:
Diaba- Bom dia, Mãe. Já fiz a minha cama, para não seres sempre tu a fazer que estás cansada, e agora vou tomar banho.
É por coisas assim que eu digo e repito, TENHO A MELHOR FILHA DO MUNDO
sábado, 8 de maio de 2010
Vento
As palavras são ocas se o sentido não vem em forma de gesto. Servem para encher.
Não sabem a morango.
São iguais a tantas outras e a nada. E sem os outros sentidos, o nada é igual a...nada.
Não sabem a morango.
São iguais a tantas outras e a nada. E sem os outros sentidos, o nada é igual a...nada.
Avental e saltos altos
Eu sei. Eu sei. Fui eu que disse que sim, que era assim, apenas uma imagem para ficar um segundo. Só até à porta de embarque e que depois se desfizesse como se fosse excesso de bagagem que não valia a pena pagar e por isso se deixava.
Era assim. Não que fosse descartável, mas apenas de consumo rápido. Como nos consumiu, até esgotar todas as forças.
Eu sei fui eu que disse, e tudo estava bem, mas que queres? Não sou boa jogadora. Não sou forte e agora dou por mim a olhar para dentro e a querer saber de ti.
Será que, onde estás, te lembras de mim, aqui, e que fiz um strip só para ti?
Era assim. Não que fosse descartável, mas apenas de consumo rápido. Como nos consumiu, até esgotar todas as forças.
Eu sei fui eu que disse, e tudo estava bem, mas que queres? Não sou boa jogadora. Não sou forte e agora dou por mim a olhar para dentro e a querer saber de ti.
Será que, onde estás, te lembras de mim, aqui, e que fiz um strip só para ti?
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Sinal vermelho
Devíamos ser como automóveis, com um computador de bordo que avisasse que o deposito entrava na reserva e que a seguir tudo parava.
Uma luz vermelha, forte. Um sinal sonoro para que não fossemos apanhados na surpresa de repente de não haver mais combustível para andar.
O vazio é uma paralisia ensurdecedora.
Uma luz vermelha, forte. Um sinal sonoro para que não fossemos apanhados na surpresa de repente de não haver mais combustível para andar.
O vazio é uma paralisia ensurdecedora.
Vida
" O que te quero dizer é simples. Lembras-me pão-de-ló acabado de fazer. Um sabor doce e quente que não se desfaz da boca.
O que te quero dizer é que és uma luz onde apetece ficar e correr nu. Que todas as esquinas com encontros marcados, a nossa não se faz do costume e de cada vez que ao longe te vejo,a boca humedece ligeiramente para que não falte o ar.
Fazes-me rir e dizer disparates e abres um dique que só me lembro de pulsar assim quando era jovem e tudo era força.
Trazes-me música, que te dou, que te enfeita, com que te toco e isso é Tudo."
P.S- Publicado com consentimento do autor. A mulher que o recebeu é, certamente, feliz.
O que te quero dizer é que és uma luz onde apetece ficar e correr nu. Que todas as esquinas com encontros marcados, a nossa não se faz do costume e de cada vez que ao longe te vejo,a boca humedece ligeiramente para que não falte o ar.
Fazes-me rir e dizer disparates e abres um dique que só me lembro de pulsar assim quando era jovem e tudo era força.
Trazes-me música, que te dou, que te enfeita, com que te toco e isso é Tudo."
P.S- Publicado com consentimento do autor. A mulher que o recebeu é, certamente, feliz.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Diálogos
Ele- Quero dar-te todo o amor hoje. Todo!
Ela- Porquê? Porque te vais embora?
Ele- Porque no vazio o Amor projecta a sua sombra. Que seja ela a acompanhar-te.
i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
i fear
no fate (for you are my fate, my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)
E.E. Cummings
Ela- Porquê? Porque te vais embora?
Ele- Porque no vazio o Amor projecta a sua sombra. Que seja ela a acompanhar-te.
i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
i fear
no fate (for you are my fate, my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)
E.E. Cummings
Búzio
Havia demasiado ruído à sua volta. Demasiado. Era o que sentia. Ondas de som e som, e qualquer caminho servia para percorrer, mesmo tendo perdido o norte ao que ia. Desesperado por não se ouvir, tapou a boca num gesto aflitivo que deixava antever uma fome qualquer. Se deixasse que olhassem lá dentro iriam descobrir o que crescia do seu baixo ventre e subia como se fosse a total ausência de onde colocar os braços e encostar a cabeça. O mesmo de sempre e o dia doía.
Palavras Minhas
"Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
- que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas."
Carlos do Carmo- Palavras Minhas
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
- que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas."
Carlos do Carmo- Palavras Minhas
terça-feira, 27 de abril de 2010
Filtro
Vinha pelo ar e já anunciava que era “ com o coração na boca” e um beijo com sabor a frutos com chantilly. Chamava-se Impulsivo e atirava-se ao momento e à vontade pura.
Compôs uma música e ofereceu-a embrulhada em papel porque se alguém lhe oferecer flores, isso é impulso!
Compôs uma música e ofereceu-a embrulhada em papel porque se alguém lhe oferecer flores, isso é impulso!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Assim
Afinal não morri na primeira morte que temia. Fui contra a bala e não morri.
Se calhar por isso me pareço com um zombie que vende passados, ao virar da esquina, sempre saltando de avenidas e calendários para os fazer.
Quanto mais penso na vida menos sentido ela faz e essa foi a primeira fenda, primeiro buraco na separação dos mundos.
Uma primeira vez, uma última vez “ mesmo para as vezes em que se diz que se não me amares não serei amado e se não te amar eu não amarei (…) aterrorizado outra vez de não amar, de amar e não seres tu, de ser amado e não ser por ti, de saber e não saber e fingir, fingir (…)”.*
E se tanto dói que as coisas passem assim ou passem de todo é porque cada momento em mim foi vivido como se essas coisas do Amor fossem eternas. Não são, ou são o tempo que forem, ou o eterno é o momento e o coração.
Não morri em nenhuma das mortes a que me prometi e por isso, seja o que vier, Amor.
*Samuel Beckett " As escadas não têm degraus"
Se calhar por isso me pareço com um zombie que vende passados, ao virar da esquina, sempre saltando de avenidas e calendários para os fazer.
Quanto mais penso na vida menos sentido ela faz e essa foi a primeira fenda, primeiro buraco na separação dos mundos.
Uma primeira vez, uma última vez “ mesmo para as vezes em que se diz que se não me amares não serei amado e se não te amar eu não amarei (…) aterrorizado outra vez de não amar, de amar e não seres tu, de ser amado e não ser por ti, de saber e não saber e fingir, fingir (…)”.*
E se tanto dói que as coisas passem assim ou passem de todo é porque cada momento em mim foi vivido como se essas coisas do Amor fossem eternas. Não são, ou são o tempo que forem, ou o eterno é o momento e o coração.
Não morri em nenhuma das mortes a que me prometi e por isso, seja o que vier, Amor.
*Samuel Beckett " As escadas não têm degraus"
Mentiras
"Você sonha demais, e, à força de querer outras coisas que não há, vai negando as coisas que existem, o que é uma forma de alienação pura e simples. Porque o que havia entre ambos, separando-os, eram as falsas dimensões sonhadas, disse Afonso, e por isso ele proibia-a de sonhar. Mas ela abria um guarda-sol na varanda e sonhava debaixo do guarda-sol, ou abria um guarda-chuva na rua, e sonhava debaixo do guarda-chuva, onde ele não pudesse ver a sua cabeça e os sonhos que corriam dentro dela.
(…)
É que ela esperava que o amor fosse uma ponte para outra coisa, disse Afonso, outra coisa que não existia, não existiria nunca, ela forçava obscuramente um caminho através do amor, através dele, uma saída, uma porta, uma passagem, como se o universo fosse de repente abrir-se, alargar-se em direcções diversas - mas não havia no universo dimensões sonhadas, existia apenas o quotidiano, exacto e transparente.
(…)
mas ela queria a vivência, a qualquer preço, procurava uma visão desmedida das coisas, e por isso sofria, porque toda a consciência era dolorosa. Ir sempre mais além, como um animal caminhando obstinadamente pela areia, um pequeno animal cego avançando, recusando cada ponto de chegada para nunca parar de caminhar, era isso, Lídia, ele sabia, a ansiedade que a levava a recusar a sua vida, a vida possível, na pressa de procurar outra, mais alta mas inexistente, Lídia, ele sabia..."
Teolinda Gersão,in “O Silêncio”
(…)
É que ela esperava que o amor fosse uma ponte para outra coisa, disse Afonso, outra coisa que não existia, não existiria nunca, ela forçava obscuramente um caminho através do amor, através dele, uma saída, uma porta, uma passagem, como se o universo fosse de repente abrir-se, alargar-se em direcções diversas - mas não havia no universo dimensões sonhadas, existia apenas o quotidiano, exacto e transparente.
(…)
mas ela queria a vivência, a qualquer preço, procurava uma visão desmedida das coisas, e por isso sofria, porque toda a consciência era dolorosa. Ir sempre mais além, como um animal caminhando obstinadamente pela areia, um pequeno animal cego avançando, recusando cada ponto de chegada para nunca parar de caminhar, era isso, Lídia, ele sabia, a ansiedade que a levava a recusar a sua vida, a vida possível, na pressa de procurar outra, mais alta mas inexistente, Lídia, ele sabia..."
Teolinda Gersão,in “O Silêncio”
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Noivos
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Ostras e mel
Conheço-a desde 1998. Podia ser minha mãe, embora seja um pouco mais nova que a minha.
É bonita. Anda sempre bem arranjada, ligeiramente maquilhada, unhas pintadas, cabelo pintado e bem penteada.
Sempre a conheci assim por fora e com um grande sorriso por dentro. Por vezes surpreendia-me com pequenas prendas “trouxe ostras de Cacela. Sei que gosta” ou com pequenos gestos como tratar das duas plantas que enfeitam a minha secretária. Um grande sorriso.
Os últimos dois anos foram substituindo o sorriso por lágrimas. Da sua vida desapareceram grandes amores. E ela, pequena, tornava-se grande a falar do amor que punha em cada um.
O mês passado levaram-lhe o coração. Diz ela que é como se sente, com um vazio que é muito maior que as paredes da casa onde à noite, tem de voltar.
Disse-me que estavam juntos havia quarenta anos. Quarenta anos!
Disse-me que nos últimos tempos só pensava o quanto desejava que estivessem juntos por mais quarenta, que tinha esperança que acontecesse, mas que cada vez mais sabia da fragilidade humana e da inevitabilidade das coisas. Que a vida lhe tinha trocado as voltas ao plano reforma.
Que o amanhã era um futuro distante e que por isso todos os dias se sentava ao pé dele e lhe aquecia as mãos. E todos os dias o beijava de boa noite como se fosse a primeira e a última vez.
Foi como viveu os últimos tempos. Como se fosse a primeira e a última vez e que cada dia fosse uma vida.
E a inevitabilidade das coisas, que não passa pela mão de ninguém, a fazer das suas.
Hoje veio ter comigo. Trouxe-me mel. Eu dei-lhe as mãos e um beijo, e ela “ sabe, tinha este frasco para si e não quis que passasse de hoje. Não sei como é amanhã e este é seu.”
Até agora não consigo deixar de pensar na inevitabilidade das coisas e que hoje é hoje. Amanhã podemos estar vazios, mas agora estamos cá. É o que faz sentido.
É bonita. Anda sempre bem arranjada, ligeiramente maquilhada, unhas pintadas, cabelo pintado e bem penteada.
Sempre a conheci assim por fora e com um grande sorriso por dentro. Por vezes surpreendia-me com pequenas prendas “trouxe ostras de Cacela. Sei que gosta” ou com pequenos gestos como tratar das duas plantas que enfeitam a minha secretária. Um grande sorriso.
Os últimos dois anos foram substituindo o sorriso por lágrimas. Da sua vida desapareceram grandes amores. E ela, pequena, tornava-se grande a falar do amor que punha em cada um.
O mês passado levaram-lhe o coração. Diz ela que é como se sente, com um vazio que é muito maior que as paredes da casa onde à noite, tem de voltar.
Disse-me que estavam juntos havia quarenta anos. Quarenta anos!
Disse-me que nos últimos tempos só pensava o quanto desejava que estivessem juntos por mais quarenta, que tinha esperança que acontecesse, mas que cada vez mais sabia da fragilidade humana e da inevitabilidade das coisas. Que a vida lhe tinha trocado as voltas ao plano reforma.
Que o amanhã era um futuro distante e que por isso todos os dias se sentava ao pé dele e lhe aquecia as mãos. E todos os dias o beijava de boa noite como se fosse a primeira e a última vez.
Foi como viveu os últimos tempos. Como se fosse a primeira e a última vez e que cada dia fosse uma vida.
E a inevitabilidade das coisas, que não passa pela mão de ninguém, a fazer das suas.
Hoje veio ter comigo. Trouxe-me mel. Eu dei-lhe as mãos e um beijo, e ela “ sabe, tinha este frasco para si e não quis que passasse de hoje. Não sei como é amanhã e este é seu.”
Até agora não consigo deixar de pensar na inevitabilidade das coisas e que hoje é hoje. Amanhã podemos estar vazios, mas agora estamos cá. É o que faz sentido.
domingo, 18 de abril de 2010
A.S.A
Blackberry morangoska=línguas azuis!!
Declaro, oficialmente, aberta a época vitaminica!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Declaro, oficialmente, aberta a época vitaminica!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
quinta-feira, 15 de abril de 2010
dá-me tudo o que tens
É como se tivesse sido brutalmente assaltado e com isso viesse o medo.
O medo que acompanha todas as sombras dos sítios que amávamos.
Há sempre um ruído que faz olhar para trás. O medo sempre.
Que nos torna estranhos a nós próprios enquanto descobrimos sítios que antes nunca tínhamos visto e que nos abraçam, escondidos.
E não há maneira de voltar a essa outra pessoa que se era
É como se tivesse sido brutalmente assaltado e tudo o que era fosse levado e não restasse mais nada que o medo do vazio outra vez.
Vive-se assim, só custa mais um bocadinho que viver de bolsos vazios e mãos frias.
O medo que acompanha todas as sombras dos sítios que amávamos.
Há sempre um ruído que faz olhar para trás. O medo sempre.
Que nos torna estranhos a nós próprios enquanto descobrimos sítios que antes nunca tínhamos visto e que nos abraçam, escondidos.
E não há maneira de voltar a essa outra pessoa que se era
É como se tivesse sido brutalmente assaltado e tudo o que era fosse levado e não restasse mais nada que o medo do vazio outra vez.
Vive-se assim, só custa mais um bocadinho que viver de bolsos vazios e mãos frias.
Tasmanices XLIII
Mãe- Que chatice, já está outra vez a chover e frio!
Diaba- Mãe, sabes o que é bom quando está frio e chove?
Mãe- O que filha?
Diaba (enquanto dá a mão à Mãe e a aperta)- É que os vidros ficam embaciados e podemos fazer desenhos!
(O engraçado é que mais tarde falei com a S. que me disse que duas coleguinhas tuas diziam que a chuva é necessária por causa da agricultura. Não sei se não te devia incentivar mais para este lado prático da vida, mas gosto tanto de te ver assim cheia de cor…)
Diaba- Mãe, sabes o que é bom quando está frio e chove?
Mãe- O que filha?
Diaba (enquanto dá a mão à Mãe e a aperta)- É que os vidros ficam embaciados e podemos fazer desenhos!
(O engraçado é que mais tarde falei com a S. que me disse que duas coleguinhas tuas diziam que a chuva é necessária por causa da agricultura. Não sei se não te devia incentivar mais para este lado prático da vida, mas gosto tanto de te ver assim cheia de cor…)
Cartas da Tasmania
Tu estavas num turbilhão de sentimentos. Percebia-se pela tua cara e pelas tuas respostas.
Não consigo ver-te assim. Não consigo. Por vezes, tenho a sensação que preferias que te deixasse estar, mas que queres, não consigo ver-te assim sem tentar perceber o que se passa.
Dei-te um tempo, para que tivesses pronta para falar, mas insisti na conversa. Sabes, continuo mesmo a acreditar que a conversa também se educa e gostavas que fosses sempre capaz de falar sobre o que te vai na alma e aperta o coração.
Foi uma conversa em duas partes. A primeira sobre o que tinha chateado mesmo a sério.
Ficaste chateada com dois amiguinhos teus, com a forma como achaste que estavam a ser injustos e maus. Como esperavas que fossem diferentes nas atitudes que têm e como te choca não o serem. Devia dizer-te que ao longo da vida isso vai continuar. Que as expectativas que se frustram nas pessoas vão ser sempre dolorosas e provocar sempre revolta. Que é um trabalho duro, esse. Eu ainda não sei como se faz…
Acho que o que querias era mesmo falar e deixar soltar alguma “raiva”. E eu tive de prometer não rir, e aguentar-me a essa promessa mesmo quando me parecia tudo muito engraçado.
Depois disto tudo, continuava qualquer coisa dentro de ti. Qualquer coisa que veio em forma lágrima e lábio tremido. Dizias ter saudade do P e do T e perguntavas porque é que pessoas que gostavas estavam tão longe.
Eu comecei o meu discurso mãe com o “ Tem de ser assim”. Foi o começo mais parvo que poderia ter feito. Não era nada disto que precisavas. O teu grito veio do fundo, do mais enraizado que pode haver nos teus 6 anos. Veio e soou “ Não me digas que tem de ser assim. O que eu quero é saber porque!”.
Não sei porque filha. Não sei porque tem de ser. Melhor, não te quero ensinar a resignar e a aceitar tudo. Não quero que não perguntes os porquês, não quero que não grites mesmo quando sabes que não há resposta e mesmo assim tens de gritar. Não quero que encolhas os ombros a qualquer coisa e digas “é assim”.
Nem tudo terá uma razão, nem tudo terá de ser explicado ou esmiuçado, mas o bom de questionar é, talvez, perceber que nem sempre tudo tem ou precisa de uma resposta.
Por isso, pergunta, pergunta sempre. Tentarei responder, mesmo que a resposta seja “também não sei”.
Um beijo
Mãe
Não consigo ver-te assim. Não consigo. Por vezes, tenho a sensação que preferias que te deixasse estar, mas que queres, não consigo ver-te assim sem tentar perceber o que se passa.
Dei-te um tempo, para que tivesses pronta para falar, mas insisti na conversa. Sabes, continuo mesmo a acreditar que a conversa também se educa e gostavas que fosses sempre capaz de falar sobre o que te vai na alma e aperta o coração.
Foi uma conversa em duas partes. A primeira sobre o que tinha chateado mesmo a sério.
Ficaste chateada com dois amiguinhos teus, com a forma como achaste que estavam a ser injustos e maus. Como esperavas que fossem diferentes nas atitudes que têm e como te choca não o serem. Devia dizer-te que ao longo da vida isso vai continuar. Que as expectativas que se frustram nas pessoas vão ser sempre dolorosas e provocar sempre revolta. Que é um trabalho duro, esse. Eu ainda não sei como se faz…
Acho que o que querias era mesmo falar e deixar soltar alguma “raiva”. E eu tive de prometer não rir, e aguentar-me a essa promessa mesmo quando me parecia tudo muito engraçado.
Depois disto tudo, continuava qualquer coisa dentro de ti. Qualquer coisa que veio em forma lágrima e lábio tremido. Dizias ter saudade do P e do T e perguntavas porque é que pessoas que gostavas estavam tão longe.
Eu comecei o meu discurso mãe com o “ Tem de ser assim”. Foi o começo mais parvo que poderia ter feito. Não era nada disto que precisavas. O teu grito veio do fundo, do mais enraizado que pode haver nos teus 6 anos. Veio e soou “ Não me digas que tem de ser assim. O que eu quero é saber porque!”.
Não sei porque filha. Não sei porque tem de ser. Melhor, não te quero ensinar a resignar e a aceitar tudo. Não quero que não perguntes os porquês, não quero que não grites mesmo quando sabes que não há resposta e mesmo assim tens de gritar. Não quero que encolhas os ombros a qualquer coisa e digas “é assim”.
Nem tudo terá uma razão, nem tudo terá de ser explicado ou esmiuçado, mas o bom de questionar é, talvez, perceber que nem sempre tudo tem ou precisa de uma resposta.
Por isso, pergunta, pergunta sempre. Tentarei responder, mesmo que a resposta seja “também não sei”.
Um beijo
Mãe
terça-feira, 13 de abril de 2010
Love will...
Os dias e o beijos. Pendurados como pernas baloiçantes à beira do rio. A olhar. À espera.
Tudo parece que converge para nos afastar sempre do beijo dado à cinema. Em braços poderosos que inclinam a cabeça enquanto os olhos, num segundo suspenso, abrem as bocas.
Que foi que não nos aconteceu? Foi o amor que nos afastou?
Tudo parece que converge para nos afastar sempre do beijo dado à cinema. Em braços poderosos que inclinam a cabeça enquanto os olhos, num segundo suspenso, abrem as bocas.
Que foi que não nos aconteceu? Foi o amor que nos afastou?
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Praia
Sabes (a)mar.
Quando no meio de uma revolução qualquer, de dentro, cresces e te transformas em força como se fosse possível aproximar-me da falésia sem sentir apelo da tua água em cores.
Sabes (a)mar.
Quando os olhos se agigantam e os teus braços me submergem até boiar em ti e as nossas bocas abertas ficarem cheias de peixes brilhantes.
Sabes (a)mar.
De todas as vezes que o balanço parece marés e no recuar avança um pouco mais a linha da espuma cobrindo-me de algas e eu quero o quebrar das tuas ondas contra o meu corpo estendido.
Sabes (a)mar.
E, todos os dias, sem excepção, eu queria entrar em ti ao luar.
Quando no meio de uma revolução qualquer, de dentro, cresces e te transformas em força como se fosse possível aproximar-me da falésia sem sentir apelo da tua água em cores.
Sabes (a)mar.
Quando os olhos se agigantam e os teus braços me submergem até boiar em ti e as nossas bocas abertas ficarem cheias de peixes brilhantes.
Sabes (a)mar.
De todas as vezes que o balanço parece marés e no recuar avança um pouco mais a linha da espuma cobrindo-me de algas e eu quero o quebrar das tuas ondas contra o meu corpo estendido.
Sabes (a)mar.
E, todos os dias, sem excepção, eu queria entrar em ti ao luar.
Combina com o sol :)
"sometimes in my tears I drown
but I never let it get me down
so when negativity surrounds
I know some day it'll all turn around
because
all my life I've been waiting for
I've been praying for
for the people to say
that we don't wanna fight no more
they'll be no more wars
and our children will play"
Delirio(s)
O L. disse-lhes que deviam escrever um livro. E elas escreveram.
Mas depois já não era um livro, era uma série televisiva.
O problema, diziam elas, era a falta de fé, até que a S. fez o seu primeiro brioche, que se desfazia na boca, e tudo foi acompanhado por morangoskas e mensagens de massagem à rapidez.
É só esperar quatro dias e haverá mais.
Mas depois já não era um livro, era uma série televisiva.
O problema, diziam elas, era a falta de fé, até que a S. fez o seu primeiro brioche, que se desfazia na boca, e tudo foi acompanhado por morangoskas e mensagens de massagem à rapidez.
É só esperar quatro dias e haverá mais.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Ligação
Mesmo quando da precipitação se faz beijo primeiro
e explicação só depois,
quem disse que tem de ser o zero a parte de onde se começa?
E de que ponta se fala para acabar? Fizemos tudo por nós?
Sei dos teus olhos a abrir no meio do sono que não vai. Sei dos teus braços abertos nos meus.
Sei do amor que inventei, um dia, dado a ti. E que julguei incendiar o teu corpo.
Sei do amor que inventei, um dia, dado por ti. E que julguei ser meu.
Mesmo quando da precipitação se faz beijo primeiro e nada depois, sei do amor que senti, um dia.
e explicação só depois,
quem disse que tem de ser o zero a parte de onde se começa?
E de que ponta se fala para acabar? Fizemos tudo por nós?
Sei dos teus olhos a abrir no meio do sono que não vai. Sei dos teus braços abertos nos meus.
Sei do amor que inventei, um dia, dado a ti. E que julguei incendiar o teu corpo.
Sei do amor que inventei, um dia, dado por ti. E que julguei ser meu.
Mesmo quando da precipitação se faz beijo primeiro e nada depois, sei do amor que senti, um dia.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Tu habitavas os dias
tu habitavas os dias como se o tempo te pertencesse
ratificavas com o teu esgar secreto
os meus membros sobre o teu peito
os meus gestos
a minha inteira existência
eras nesse tempo a própria perífrase da vida
dizer-te, o teu nome violento,
era o mesmo que afirmar:
a minha vida (e depois
por aí fora sobre tudo o que quisesse)
para além de ti, quero eu dizer,
sem a tua presença de água nos olhos
era nessa altura impensável
encarar a sucessão das horas
a possibilidade sequer
de haver respiração
ou pensamento
mas depois deixaste de habitar os dias
(daí, em parte, estas palavras)
e eu sigo (mal) existindo
e respirando, ainda que a custo
depois da angústia,
a perplexidade
João Miguel Henriques
Também a memória é algum conhecimento
Lumme Editor
ratificavas com o teu esgar secreto
os meus membros sobre o teu peito
os meus gestos
a minha inteira existência
eras nesse tempo a própria perífrase da vida
dizer-te, o teu nome violento,
era o mesmo que afirmar:
a minha vida (e depois
por aí fora sobre tudo o que quisesse)
para além de ti, quero eu dizer,
sem a tua presença de água nos olhos
era nessa altura impensável
encarar a sucessão das horas
a possibilidade sequer
de haver respiração
ou pensamento
mas depois deixaste de habitar os dias
(daí, em parte, estas palavras)
e eu sigo (mal) existindo
e respirando, ainda que a custo
depois da angústia,
a perplexidade
João Miguel Henriques
Também a memória é algum conhecimento
Lumme Editor
Curtas
É tempo de começar a correr outra vez... o risco de deixar de saber sequer andar é demasiado grande!
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Bruises
Foi enquanto se penteava em frente ao espelho que reparou na enorme nódoa negra. No interior do braço, mesmo no sitio onde, no sonho, ele a tinha agarrado com tanta força que a fizera sorrir ao dizer "não vás, não sei respirar sem ti!"
"Got bruises on my knees for you
And grass stains on my knees for you
Got holes in my new jeans for you
Got pink and black and blue for you..."
Chairlift- Bruises
"Got bruises on my knees for you
And grass stains on my knees for you
Got holes in my new jeans for you
Got pink and black and blue for you..."
Chairlift- Bruises
sábado, 3 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
Flauta
"Creio que as histórias de amor são como as viagens de comboio. E quando vejo todos esses viajantes por vezes gostava de ser um. Porque crês tu que tanta gente espera sobre o cais da gare? Há quem fique na gare a vê-los passar. E para quem tudo são fantasmas.
Há quem apanhe o comboio às vezes certo, às vezes errado, e às vezes chega atrasado. Tenta apanhá-lo já em andamento: escorrega, cai e magoa-se. Entre idílios e fantasmas passam os comboios. Pregado a cada carruagem está um letreiro onde se lê: Che Chosa è quest'Amor?
O poeta-soldado escreveu:
A raposa sabe muitas coisas. Mas o porco espinho sabe apenas uma grande coisa.
Entre o estridente ruído do comboio, filmes falantes, o som doce da flauta, a ilusão dos amantes, a desilusão dos amantes, as cordas friccionadas da viola da gamba, um autor à procura de ideias e antigas gravuras anatómicas avulsas, diz o porco-espinho à raposa:
E o que é isso tudo?
Semi-cerrando os olhos responde a raposa:
Tudo isto é poesia. "
P.S- Este texto foi descaradamente roubado. Mas é bonito... e eu gosto de coisas bonitas.
Há quem apanhe o comboio às vezes certo, às vezes errado, e às vezes chega atrasado. Tenta apanhá-lo já em andamento: escorrega, cai e magoa-se. Entre idílios e fantasmas passam os comboios. Pregado a cada carruagem está um letreiro onde se lê: Che Chosa è quest'Amor?
O poeta-soldado escreveu:
A raposa sabe muitas coisas. Mas o porco espinho sabe apenas uma grande coisa.
Entre o estridente ruído do comboio, filmes falantes, o som doce da flauta, a ilusão dos amantes, a desilusão dos amantes, as cordas friccionadas da viola da gamba, um autor à procura de ideias e antigas gravuras anatómicas avulsas, diz o porco-espinho à raposa:
E o que é isso tudo?
Semi-cerrando os olhos responde a raposa:
Tudo isto é poesia. "
P.S- Este texto foi descaradamente roubado. Mas é bonito... e eu gosto de coisas bonitas.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Tasmanices XLII
No carro, falava-se de medos.
Mãe- É normal ter medo filha, e medo de várias coisas. O medo não nos pode é parar.
Diaba- Tu não tens medo de nada, ou tens? Já és grande.
Mãe- Tenho sim filha. Tenho um bocado medo de relampagos, tenho um bocado medo de alturas. Tenho medo que adoeças, tenho medo que não sejas feliz.
Diaba- Ó Mãe, isso é como os montros, não existe!
Mãe- Mas são os meus medos filha, eu não deixo é que eles me façam parar de aproveitar tudo.
Diaba (com um supiro)- às vezes não te percebo...
(errrrr, nem eu, filha, nem eu...)
A história da noite, chamava-se "Gosto de ti" e era sobre o Amor.
Diaba- Sabes como eu gosto de ti, da tia e dos Avós? Quando penso em voces, o meu coração bate tão forte que parece um cavalo!
(vou só ali limpar as lágrimas, ok??)
Mãe- É normal ter medo filha, e medo de várias coisas. O medo não nos pode é parar.
Diaba- Tu não tens medo de nada, ou tens? Já és grande.
Mãe- Tenho sim filha. Tenho um bocado medo de relampagos, tenho um bocado medo de alturas. Tenho medo que adoeças, tenho medo que não sejas feliz.
Diaba- Ó Mãe, isso é como os montros, não existe!
Mãe- Mas são os meus medos filha, eu não deixo é que eles me façam parar de aproveitar tudo.
Diaba (com um supiro)- às vezes não te percebo...
(errrrr, nem eu, filha, nem eu...)
A história da noite, chamava-se "Gosto de ti" e era sobre o Amor.
Diaba- Sabes como eu gosto de ti, da tia e dos Avós? Quando penso em voces, o meu coração bate tão forte que parece um cavalo!
(vou só ali limpar as lágrimas, ok??)
segunda-feira, 22 de março de 2010
Vontades
Na verdade o que te queria dizer, é que no final do dia, a arrumar na mala mais um que se passou dá-me ganas de te gritar e te bater. Sim, a minha mão cravada na tua face até se notar todos os dedos. Um por um marcados com força só equivalente ao buraco que deixaste em mim e que ninguém consegue encher!
Isto era o que te queria dizer, mas na realidade o que gostava mesmo, era que pegasses em mim e me levasses para casa.
Isto era o que te queria dizer, mas na realidade o que gostava mesmo, era que pegasses em mim e me levasses para casa.
Quando o telefone toca
O telefone tocou. Insistentemente. Era a segunda vez num minuto que tocava assim. Era a primeira vez desde tempos perdidos na memória de anos atrás.
A primeira reacção é sempre de preocupação. Aconteceu alguma coisa, só pode ter sido, mas assim que se carrega no aceitar e se ouve a voz do outro lado fica a certeza de um engano. Não era aquele o número que queriam marcar, mas agora nada a fazer. Já estava e já se falava. Como se a ultima vez tivesse sido dois ou três dias antes.
E no meio das frases de circunstância, disfarçando o nervosismo do engano, a raiva que vinha em sonho recorrente, transformou-se num sussurro lamechas a dizer para telefonarem outra vez e outra vez. No canto dos olhos uma certa humidade que não podia ser provocada pela chuva, pois se estava sol, e era uma coisa qualquer que vinha de cá de dentro.
Como se tivesse dado uma absolvição ao pecador que se redime, mas sem ele nunca ter confessado. Um Pai-Nosso e o caminho abre-se.
A primeira reacção é sempre de preocupação. Aconteceu alguma coisa, só pode ter sido, mas assim que se carrega no aceitar e se ouve a voz do outro lado fica a certeza de um engano. Não era aquele o número que queriam marcar, mas agora nada a fazer. Já estava e já se falava. Como se a ultima vez tivesse sido dois ou três dias antes.
E no meio das frases de circunstância, disfarçando o nervosismo do engano, a raiva que vinha em sonho recorrente, transformou-se num sussurro lamechas a dizer para telefonarem outra vez e outra vez. No canto dos olhos uma certa humidade que não podia ser provocada pela chuva, pois se estava sol, e era uma coisa qualquer que vinha de cá de dentro.
Como se tivesse dado uma absolvição ao pecador que se redime, mas sem ele nunca ter confessado. Um Pai-Nosso e o caminho abre-se.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Quê???????
Desde segunda feira que no local de trabalho, onde passo em média 10 horas, tenho a sensação que me estão a picar os miolos! Tudo porque senhores com grandes picaretas estão a fzer obras cá por casa.
Vai dai, o meu nivel de insanidade/surdez aumentou um bocadinho.
Hoje, no ginásio, no meio de duas faixas:
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade- Blha, blha, blha, blha
Eu (surda como uma porta) percebi- Doi-me as costas.
Querida, como só eu, apresso-me a responder- Pois que chato. Abranda um bocadinho.
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade olha para mim com um ar assustado- Por favor diz-me as horas, que eu não consigo ver o relógio!
Querida, enxovalhada- São 13H00.
Tenho muito orgulho neste diálogo. Muito mesmo!
Vai dai, o meu nivel de insanidade/surdez aumentou um bocadinho.
Hoje, no ginásio, no meio de duas faixas:
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade- Blha, blha, blha, blha
Eu (surda como uma porta) percebi- Doi-me as costas.
Querida, como só eu, apresso-me a responder- Pois que chato. Abranda um bocadinho.
Rapariga vestida como o Super-Homem com crise de identidade olha para mim com um ar assustado- Por favor diz-me as horas, que eu não consigo ver o relógio!
Querida, enxovalhada- São 13H00.
Tenho muito orgulho neste diálogo. Muito mesmo!
Se conduzir não beba nem ponha dedos molhados em fichas electricas!
De vez em quando lá tem de vir o aviso. Como aquela coisa do "Se conduzir não beba". Toda a gente sabe, mas é bom ir relembrando.
Então cá vai:
Este blog, embora adore olhar para o seu umbigo (não por ser bonito, mas porque é seu) não é, repito, não é autobiografico.
Tirando o mundo Tasmania e, tipo, 20 posts, tudo o resto pode entrar no âmbito do delírio, estupidez, ilusão, " ai que esta tipa anda a fumar coisas más!".
Por vezes tenho pena, mas é assim.
Então cá vai:
Este blog, embora adore olhar para o seu umbigo (não por ser bonito, mas porque é seu) não é, repito, não é autobiografico.
Tirando o mundo Tasmania e, tipo, 20 posts, tudo o resto pode entrar no âmbito do delírio, estupidez, ilusão, " ai que esta tipa anda a fumar coisas más!".
Por vezes tenho pena, mas é assim.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cartas da Tasmania
Escrevo-te porque não posso ir com este peso todo para casa, para ao pé de ti.
Há uma sombra triste e não mereces que a leve.
O telefone tocou no gabinete ao lado e anunciou uma morte, com todo o peso imensurável que a noticia traz.
Nunca se anuncia uma morte e esta que vem com o fim de uma juventude, assim de repente, faz rebentar tudo à sua volta.
Fez-me recuar os teus seis anos até à altura em que o teu parto estava previsto para o dia em que a M. fazia anos. Nasceste mais cedo e a M. não chegou a celebrar o seu aniversário desse ano.
Devia haver uma lei, qualquer, divina, que proibisse os filhos de morrerem. É antinatural! O silêncio de um filho é uma coisa que não existe, que não se vive, que não se enquadra. Será assim também um silêncio de um pai, digo eu, afortunada por ter os meus, mas de um pai parece que está pré destinado, o de um filho não e nasce a revolta.
Lembro-me disso muitas vezes. Muitas. Talvez porque o teu nascimento foi um mês depois da morte da M. e isso, na altura, foi das maiores violências que senti.
Tinhas quinze dias, e a propósito de um bolo de laranja, fiquei com uma alergia por todo o corpo e tu ficaste também.
Nesse dia eu olhei para ti e pensei “ Não te posso amar tanto, porque se acontece um acidente como foi com a M. eu não vou aguentar. “ O ter noção deste pensamento foi um choque para mim, como se estivessem a espetar-me facas. Repara, nunca tive dúvidas que queria ser mãe. Nunca tive dúvidas que te queria muito. Nunca tive dúvidas da felicidade que foi nasceres. Nunca tive dúvidas e por isso a noção do que pensei desfez-me em mil pedaços.
Não te vou dizer que foi fácil, mas foste tu que fizeste desaparecer tudo. Que me conquistaste e conquistas todos os dias. Sei que amanhã, amo-te um bocadinho mais do que te amo hoje. Sempre, sempre mais.
Continuo com medo. Medo todos os dias e de várias espécies. É aquela coisa de viver com o coração fora do peito, mas tento que nenhum destes medos seja uma barreira a nós e ao mundo. A viagem mais fantástica que podia fazer é a que faço contigo todos os dias.
Hoje voltei a lembrar-me disto tudo, porque no gabinete ao lado o telefone tocou e anunciou a morte de um filho e eu não consigo conter as lágrimas.
Não as quero levar para casa, quero deixá-las neste canto e um dia, quem sabe, mostrar tas.
Um beijo, à esquimó, um beijo de borboleta, um beijo no coração.
Mãe
Há uma sombra triste e não mereces que a leve.
O telefone tocou no gabinete ao lado e anunciou uma morte, com todo o peso imensurável que a noticia traz.
Nunca se anuncia uma morte e esta que vem com o fim de uma juventude, assim de repente, faz rebentar tudo à sua volta.
Fez-me recuar os teus seis anos até à altura em que o teu parto estava previsto para o dia em que a M. fazia anos. Nasceste mais cedo e a M. não chegou a celebrar o seu aniversário desse ano.
Devia haver uma lei, qualquer, divina, que proibisse os filhos de morrerem. É antinatural! O silêncio de um filho é uma coisa que não existe, que não se vive, que não se enquadra. Será assim também um silêncio de um pai, digo eu, afortunada por ter os meus, mas de um pai parece que está pré destinado, o de um filho não e nasce a revolta.
Lembro-me disso muitas vezes. Muitas. Talvez porque o teu nascimento foi um mês depois da morte da M. e isso, na altura, foi das maiores violências que senti.
Tinhas quinze dias, e a propósito de um bolo de laranja, fiquei com uma alergia por todo o corpo e tu ficaste também.
Nesse dia eu olhei para ti e pensei “ Não te posso amar tanto, porque se acontece um acidente como foi com a M. eu não vou aguentar. “ O ter noção deste pensamento foi um choque para mim, como se estivessem a espetar-me facas. Repara, nunca tive dúvidas que queria ser mãe. Nunca tive dúvidas que te queria muito. Nunca tive dúvidas da felicidade que foi nasceres. Nunca tive dúvidas e por isso a noção do que pensei desfez-me em mil pedaços.
Não te vou dizer que foi fácil, mas foste tu que fizeste desaparecer tudo. Que me conquistaste e conquistas todos os dias. Sei que amanhã, amo-te um bocadinho mais do que te amo hoje. Sempre, sempre mais.
Continuo com medo. Medo todos os dias e de várias espécies. É aquela coisa de viver com o coração fora do peito, mas tento que nenhum destes medos seja uma barreira a nós e ao mundo. A viagem mais fantástica que podia fazer é a que faço contigo todos os dias.
Hoje voltei a lembrar-me disto tudo, porque no gabinete ao lado o telefone tocou e anunciou a morte de um filho e eu não consigo conter as lágrimas.
Não as quero levar para casa, quero deixá-las neste canto e um dia, quem sabe, mostrar tas.
Um beijo, à esquimó, um beijo de borboleta, um beijo no coração.
Mãe
terça-feira, 16 de março de 2010
Casa do Samba
Insensatez do destino,
Do lado direito da rua direita,
Quando alguém avisou que era tudo menos Amor.
E, da Verdade, quantas lágrimas embarcaram
No comboio das onze
Em direcção às Colinas
Do lado direito da rua direita,
Quando alguém avisou que era tudo menos Amor.
E, da Verdade, quantas lágrimas embarcaram
No comboio das onze
Em direcção às Colinas
Possiveis
Ele: Quero sentir amor. Mostras-me?
Ela: O Amor não se mostra, dá-se.
Ele: Se eu te pedir amor, dás-me?
Ela: O Amor não se dá, rouba-se.
Ele: Se eu te fizer uma emboscada, posso roubar-te?
Ela: O amor não se rouba, sente-se.
Ele: Voltamos ao princípio?
Ela: Nunca se pode chegar ao fim.
Ela: O Amor não se mostra, dá-se.
Ele: Se eu te pedir amor, dás-me?
Ela: O Amor não se dá, rouba-se.
Ele: Se eu te fizer uma emboscada, posso roubar-te?
Ela: O amor não se rouba, sente-se.
Ele: Voltamos ao princípio?
Ela: Nunca se pode chegar ao fim.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Coisas que me "curam"
Conduzir, um bocadinho acima do permitido por lei, com sol e música tão alta que não se ouça mais nada a não ser os meus gritos a cantá-la.
Tasmanices XLI
Quase no final de um fim de semana cheio, deitadas na relva a sentir o sol, a Mãe falava sobre ir ver a exposição da Joana de Vasconcelos.
Diaba- Mãe, obrigada por me deixares ver tanta coisa bonita.
(Filha, são os teus olhos e essa vontade de ver que fazem tudo valer a pena!)
Diaba- Mãe, obrigada por me deixares ver tanta coisa bonita.
(Filha, são os teus olhos e essa vontade de ver que fazem tudo valer a pena!)
sexta-feira, 12 de março de 2010
Mensagem
É verdade sim. Não deixo de gostar. Tenho uma incapacidade genética para isso. Alguns apontam-me como defeito ou falta de carácter. Não o sinto dessa maneira.
Atormenta-me o “perder pessoas” . Se calhar porque, infelizmente, já perdi sem poder fazer nada, sem ter alternativa. Se quiserem sair por sua livre vontade, também não as prendo, as pessoas são mais livres que os pássaros, mas se depender de mim, ficam.
A questão é sempre pegar na grande bola de sentimento e torná-lo num outro. Nem sempre é fácil, ou melhor, nunca é fácil, é quase como parir um filho já grande, mas é um trabalho de respiração. Se já se começou pelo mais difícil que é gostar e dar…
Não faz sentido que só porque de uma certa maneira há um fim, não se vá por outro caminho e não haja um outro inicio. Para mim, é um desperdício não o fazer.
Passamos mais de metade da vida sem saber bem o que queremos. E não há mal nenhum nisso, hoje queremos azul e amanhã queremos vermelho, e nessa demanda vamos-nos cruzando com pessoas com que fazemos ou não história. Mas quando há este cruzamento, porque raio temos de derivar depois do atravessar?
É isto, pegar no sentimento e moldá-lo, porque as pessoas valem a pena e a vida só vale a pena assim cheia.
É o que sinto... tem a minha verdade, só a minha, e vale o que vale.
Atormenta-me o “perder pessoas” . Se calhar porque, infelizmente, já perdi sem poder fazer nada, sem ter alternativa. Se quiserem sair por sua livre vontade, também não as prendo, as pessoas são mais livres que os pássaros, mas se depender de mim, ficam.
A questão é sempre pegar na grande bola de sentimento e torná-lo num outro. Nem sempre é fácil, ou melhor, nunca é fácil, é quase como parir um filho já grande, mas é um trabalho de respiração. Se já se começou pelo mais difícil que é gostar e dar…
Não faz sentido que só porque de uma certa maneira há um fim, não se vá por outro caminho e não haja um outro inicio. Para mim, é um desperdício não o fazer.
Passamos mais de metade da vida sem saber bem o que queremos. E não há mal nenhum nisso, hoje queremos azul e amanhã queremos vermelho, e nessa demanda vamos-nos cruzando com pessoas com que fazemos ou não história. Mas quando há este cruzamento, porque raio temos de derivar depois do atravessar?
É isto, pegar no sentimento e moldá-lo, porque as pessoas valem a pena e a vida só vale a pena assim cheia.
É o que sinto... tem a minha verdade, só a minha, e vale o que vale.
Tasmanices XL
Ao jantar:
Diaba- Sabes Mãe, dia 15 há uma festa na Disney de Paris e eu gostava de ir
A Mãe desata logo a rir
Diaba- Ó Mãe, têm refeições grátis!
Mãe- Mas ó filha, tu sabes onde é Paris?
Diaba- Mas Mãe, têm refeições grátis!
( ó filha, desculpa mas não consigo parar de rir!! Ou tens fome??? Já achas que não temos dinheiro para comer???? Para o ano vamos a Paris as duas, sim?? )
Diaba- Sabes Mãe, dia 15 há uma festa na Disney de Paris e eu gostava de ir
A Mãe desata logo a rir
Diaba- Ó Mãe, têm refeições grátis!
Mãe- Mas ó filha, tu sabes onde é Paris?
Diaba- Mas Mãe, têm refeições grátis!
( ó filha, desculpa mas não consigo parar de rir!! Ou tens fome??? Já achas que não temos dinheiro para comer???? Para o ano vamos a Paris as duas, sim?? )
quinta-feira, 11 de março de 2010
Vrummmmm
Estou aqui parada. Em frente ao computador. Na minha cabeça passam, a centenas de kilometros/hora, frases avulsas. Uma frase, vrummmmm, outra, vrummmm e mais outra e mais outra.
São muitos os assuntos, muitos os temas e cada um parece ocupar apenas uma frase. Ou tantas que não consigo agrupá-las.
São bolsos cheios de coisas, dos guardanapos de papel onde escrevinhei à pressa qualquer coisa que depois desse o mote, de pacotes de açúcar que dizem hoje é o dia, da pequena agenda cheia de pontinhos.
Até a música, porque há sempre uma música que conta na perfeição aquele momento. Que alivia a dor na alma. Que quando chove, apetece ficar e quando faz sol apetece dançar.
Até os joelhos que doem de brincadeira
Uma frase, vrummmm, outra, vrummmmm. E nada a sair com consistência de texto.
São muitos os assuntos, muitos os temas e cada um parece ocupar apenas uma frase. Ou tantas que não consigo agrupá-las.
São bolsos cheios de coisas, dos guardanapos de papel onde escrevinhei à pressa qualquer coisa que depois desse o mote, de pacotes de açúcar que dizem hoje é o dia, da pequena agenda cheia de pontinhos.
Até a música, porque há sempre uma música que conta na perfeição aquele momento. Que alivia a dor na alma. Que quando chove, apetece ficar e quando faz sol apetece dançar.
Até os joelhos que doem de brincadeira
Uma frase, vrummmm, outra, vrummmmm. E nada a sair com consistência de texto.
quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
Mark Linkous
Dizia que era Wonderful life... mas pelos vistos só na música. Matou-se com dois tiros na cabeça... Ficou a música
segunda-feira, 8 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher
Há pequenas coisas que me tiram do sério, como no meio de um debate sobre a igualdade de género, uma figura pública dizer que ficou chocada ao ver deputadas votarem a favor do fecho de maternidades e uma mulher da assistência dizer que achava mal os homens votarem na questão do aborto.
Irrita-me! Então queremos ser todos iguais ou afinal há temas de homens e temas de mulheres? As mulheres devem defender maternidades abertas só porque são elas que têm os filhos, ou a discussão deve-se centrar em viabilidades económicas e melhores condições de serviço a todos os utentes?
Irrita-me! É que enquanto continuarmos nesta divisão de temas entre homens e mulheres nunca se mudará uma mentalidade que se quer de pessoas. Pessoas iguais.
Irrita-me! Então queremos ser todos iguais ou afinal há temas de homens e temas de mulheres? As mulheres devem defender maternidades abertas só porque são elas que têm os filhos, ou a discussão deve-se centrar em viabilidades económicas e melhores condições de serviço a todos os utentes?
Irrita-me! É que enquanto continuarmos nesta divisão de temas entre homens e mulheres nunca se mudará uma mentalidade que se quer de pessoas. Pessoas iguais.
Painel
É sexta-feira, final do dia e tu não estás aqui. Na fila do trânsito, os carros levam dois que contam dia-a-dia entre risos e listas de compras.
Eu vou sozinha. Eu, o volante e a música. Um corpo inteiro e uma ausência.
Transporto comigo um desperdício enorme, mau aproveitamento de tudo o que esta na mala.
Uma tabuleta, à beira da estrada, indica uma saída que evito ver, por só me cheirar a gasolina queimada e a minha boca ter perdido a memória dos gritos lindíssimos que se dão de prazer.
Dizem que só se acredita por medo, eu digo que só se acredita porque se conheceu ou sentiu.
É sexta-feira, final do dia e quem sabe amanhã não haverá um salto para o espaço que falta para o amor com o teu nome, ainda que inexistente.
Eu vou sozinha. Eu, o volante e a música. Um corpo inteiro e uma ausência.
Transporto comigo um desperdício enorme, mau aproveitamento de tudo o que esta na mala.
Uma tabuleta, à beira da estrada, indica uma saída que evito ver, por só me cheirar a gasolina queimada e a minha boca ter perdido a memória dos gritos lindíssimos que se dão de prazer.
Dizem que só se acredita por medo, eu digo que só se acredita porque se conheceu ou sentiu.
É sexta-feira, final do dia e quem sabe amanhã não haverá um salto para o espaço que falta para o amor com o teu nome, ainda que inexistente.
Dias
O dia começou e é mais um dia 08 de Março. Mais um. A Diaba (sabes que a chamo assim por tua causa, não sabes? Por ser o teu personagem preferido, o Diabo da Tasmania)que nunca te conheceu, lembra-se que hoje era o teu aniversário...Eu também me lembro.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Histórias
- Passei a noite toda a falar de mim. Fala-me de ti agora.
Os olhos encontraram-se novamente por cima da mesa. Ele olhava-a com curiosidade pronta de um espectador em dia de estreia.
-Que queres que te conte? perguntou ela calmamente, expirando o fumo.
- Não sei, conta-me uma história.
- Sabes que não tenho para te contar a história que queres ouvir, não sabes?
Ele arrependeu-se imediatamente de lhe ter pedido, mas já não havia como voltar atrás e a curiosidade era muito grande.
- Não sei. Despe-te, pediu ele.
Ela começou, lentamente. " Era uma vez..." disse ela, "é assim que as histórias começam. Era uma vez, e o impossivel aconteceu".
E falou. Falou durante duas horas sobre afogamentos, salvamentos, ilhas escondidas, arquipelogos desaparecidos e tartarugas que caiam. Falou sobre cicratizes e poções que de tão mágicas azedaram ao sol. Falou do tempo que voava e nunca voltava a trazer um sopro. Sobre amor negro como um virus e fadas em luta.
No fim olhou para ele e viu que chorava.
- Não era a história em que sonhavas adormecer, pois não?
Ao leve acenar dele, levantou-se roçando os seus lábios nos dele.
- Não apresses um striptease. Há histórias que não são de encantar e o meu nome é Solidão.
Os olhos encontraram-se novamente por cima da mesa. Ele olhava-a com curiosidade pronta de um espectador em dia de estreia.
-Que queres que te conte? perguntou ela calmamente, expirando o fumo.
- Não sei, conta-me uma história.
- Sabes que não tenho para te contar a história que queres ouvir, não sabes?
Ele arrependeu-se imediatamente de lhe ter pedido, mas já não havia como voltar atrás e a curiosidade era muito grande.
- Não sei. Despe-te, pediu ele.
Ela começou, lentamente. " Era uma vez..." disse ela, "é assim que as histórias começam. Era uma vez, e o impossivel aconteceu".
E falou. Falou durante duas horas sobre afogamentos, salvamentos, ilhas escondidas, arquipelogos desaparecidos e tartarugas que caiam. Falou sobre cicratizes e poções que de tão mágicas azedaram ao sol. Falou do tempo que voava e nunca voltava a trazer um sopro. Sobre amor negro como um virus e fadas em luta.
No fim olhou para ele e viu que chorava.
- Não era a história em que sonhavas adormecer, pois não?
Ao leve acenar dele, levantou-se roçando os seus lábios nos dele.
- Não apresses um striptease. Há histórias que não são de encantar e o meu nome é Solidão.
Sawdust And Diamonds
"(...)And though my wrists and my waist
Seem so easy to break
Still my dear i would have walked you to the edge of the water
And they will recognise
All the lines of your face
In the face of the daughter, of the daughter, of my daughter
And darling we will be fine
But what was yours and mine
Appears to be a sandcastle that the gibbering wave takes
But if it's all just the same
Then say my name, say my name,
Say my name in the morning so that i know when the wave breaks
I wasn't born of a whistle
Or milked from a thistle at twilight
No, i was all horns and thorns
Sprung out fully formed, knock-kneed and upright
So enough of this terror we deserve to know light
And grow evermore lighter and lighter
You would have seen me through
But i could not undo that desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh-oh-oh-oh desire milkymoon
From the top of the flight
Of the wide white stairs
Through the rest of my life
Do you wait for me there? "
Joanna Newsom
Seem so easy to break
Still my dear i would have walked you to the edge of the water
And they will recognise
All the lines of your face
In the face of the daughter, of the daughter, of my daughter
And darling we will be fine
But what was yours and mine
Appears to be a sandcastle that the gibbering wave takes
But if it's all just the same
Then say my name, say my name,
Say my name in the morning so that i know when the wave breaks
I wasn't born of a whistle
Or milked from a thistle at twilight
No, i was all horns and thorns
Sprung out fully formed, knock-kneed and upright
So enough of this terror we deserve to know light
And grow evermore lighter and lighter
You would have seen me through
But i could not undo that desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh desire
Oh-oh, oh-oh-oh-oh-oh-oh desire milkymoon
From the top of the flight
Of the wide white stairs
Through the rest of my life
Do you wait for me there? "
Joanna Newsom
...
Mesmo quando se sabe que não há outro caminho. Que é isto que se quer e que se tem de fazer. Mesmo quando a lista está toda a apoiar a decisão. Mesmo assim, há sempre um aperto na boca do estômago e um não sei que de desalento quando se escreve "FIM". Mais um a engrossar a pilha do not succeed.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Vidinhas
Gostava muito de estar aqui a escrever. Qualquer coisa gira, qualquer coisa...
Mas em vez disso tenho de escrever uma reclamação para a TMN e uma tentaiva de dissolução de contrato para o "meu" franchising. E a unica coisa que me apetece é escrever-lhe, a corpo 72, um monte de asneiras! :)
Mas em vez disso tenho de escrever uma reclamação para a TMN e uma tentaiva de dissolução de contrato para o "meu" franchising. E a unica coisa que me apetece é escrever-lhe, a corpo 72, um monte de asneiras! :)
quarta-feira, 3 de março de 2010
Conversas
Há coisas que não te contei porque são como corvos, asas negras abertas, que assombram os meus dias, mesmo os de sol.
Não mas perguntaste como eu não te perguntei a ti de que terrores se cobrem as tuas noites, quando dás voltas e voltas na cama à procura de um lugar seguro.
Há coisas que não te disse porque…porque… em sons eu tenho medo.
Mas regista, para qualquer memória futura, que se mas perguntares, direi palavra por palavra os medos que me assaltam quando não estás por perto. Por ser este excesso de bagagem, do qual se aproveitam forças adversas, ao cair da noite, em forma de vampiros, para vir beber todas as gotas que tento à força reter para as viagens do dia.
Precisava que estivesses aqui e me apertasses a mão com força, me salvasses dos fantasmas e me mostrasses qualquer coisa diferente.
É Inverno, e a chuva não passa. Está frio. Os dias não chegam ao ponto de aquecer e não vale a pena praguejar mais. É Inverno é suposto estar frio. Como era suposto ficarmos os dois abraçados debaixo de uma manta qualquer até os cabelos ficarem alvoraçados pelas mãos do desejo que és.
Há coisas que não te contei como a vontade de te dar a mão e juntos, saltarmos para a vida seguinte.
Não mas perguntaste como eu não te perguntei a ti de que terrores se cobrem as tuas noites, quando dás voltas e voltas na cama à procura de um lugar seguro.
Há coisas que não te disse porque…porque… em sons eu tenho medo.
Mas regista, para qualquer memória futura, que se mas perguntares, direi palavra por palavra os medos que me assaltam quando não estás por perto. Por ser este excesso de bagagem, do qual se aproveitam forças adversas, ao cair da noite, em forma de vampiros, para vir beber todas as gotas que tento à força reter para as viagens do dia.
Precisava que estivesses aqui e me apertasses a mão com força, me salvasses dos fantasmas e me mostrasses qualquer coisa diferente.
É Inverno, e a chuva não passa. Está frio. Os dias não chegam ao ponto de aquecer e não vale a pena praguejar mais. É Inverno é suposto estar frio. Como era suposto ficarmos os dois abraçados debaixo de uma manta qualquer até os cabelos ficarem alvoraçados pelas mãos do desejo que és.
Há coisas que não te contei como a vontade de te dar a mão e juntos, saltarmos para a vida seguinte.
Canções de embalar
Canção de madrugar
De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras
José Carlos Ary dos Santos
De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.
Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.
Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.
E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras
José Carlos Ary dos Santos
terça-feira, 2 de março de 2010
Tasmanices XXXIX
Ao mostrar fotografias das férias e de um jantar:
Diaba- Ó Mãe já viste bem como estamos a sorrir? Era bom que fosse sempre tudo assim, a relaxar!
( A sério, miúda, tu fazes-me rir! Era muito bom, muito bom. Vamos para a Jamaica e abrimos um bar na praia??)
Diaba- Ó Mãe já viste bem como estamos a sorrir? Era bom que fosse sempre tudo assim, a relaxar!
( A sério, miúda, tu fazes-me rir! Era muito bom, muito bom. Vamos para a Jamaica e abrimos um bar na praia??)
"Argumento é uma palavra antiga que quer dizer a brancura da aurora. É tudo o que ilumina e se discerne nesta palidez que surge em alguns instantes. Peremptório é o argumento: nunca é possível desviar o rio no instante exacto da sua cheia.
Assim como não é fácil parar o dia na sua aurora.
Espera-se.
Espera-se sem nada poder fazer, subitamente, numa contemplação tornada infeliz.
Ou o amor surgirá da paixão, ou nunca nascerá.
É verdade que não é fácil desenfeitiçar este momento petrificado. Cada um tem de superar este passo estranho em que tudo o que era descoberta no fundo da alma descobre que não descobrirá mais.
Onde tudo se põe a reconhecer."
-"Vida Secreta" - Pascal Quignard
Assim como não é fácil parar o dia na sua aurora.
Espera-se.
Espera-se sem nada poder fazer, subitamente, numa contemplação tornada infeliz.
Ou o amor surgirá da paixão, ou nunca nascerá.
É verdade que não é fácil desenfeitiçar este momento petrificado. Cada um tem de superar este passo estranho em que tudo o que era descoberta no fundo da alma descobre que não descobrirá mais.
Onde tudo se põe a reconhecer."
-"Vida Secreta" - Pascal Quignard
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Dúvidas
E o amor? É como o mar, com marés que vão e voltam ou como um rio em que a mesma água não volta a passar nunca?
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
"Ontem fiquei à tua espera desde manhã,
Eles sabiam que não virias, eles adivinhavam.
Lembras como o dia estava lindo?
Um feriado! Eu não precisava de casaco.
Vieste hoje, e aconteceu
Que o dia foi cinzento, sombrio,
E chovia, e era tarde,
E ramos frios com gotas escorrendo.
Palavras não podem consolar, nem lenços enxugar."
- Arseni Tarkovski -
Eles sabiam que não virias, eles adivinhavam.
Lembras como o dia estava lindo?
Um feriado! Eu não precisava de casaco.
Vieste hoje, e aconteceu
Que o dia foi cinzento, sombrio,
E chovia, e era tarde,
E ramos frios com gotas escorrendo.
Palavras não podem consolar, nem lenços enxugar."
- Arseni Tarkovski -
Colecção
É inevitável. Não há volta a dar ou tentar explicar o que de fora não se explica porque só dentro são sentidos.
A única diferença é que antes ardia de urgência de te levar e deitar numa prenda e agora espero os minutos necessários para te dizer de hoje. O dia será sempre o dia. Lembrado aqui ou em Coimbra.
A única diferença é que antes ardia de urgência de te levar e deitar numa prenda e agora espero os minutos necessários para te dizer de hoje. O dia será sempre o dia. Lembrado aqui ou em Coimbra.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Ask me
Posso dar-te tudo, menos amor.
Repara, é que apaixono-me demasiado fácil e rápido e já quebrei demasiadas vezes. Conheci o que o amor não deve à loucura, ou à morte como acto.
Tudo se paga? Já não pergunto baixinho ou a medo, mas afirmo “Tudo se paga!” e de paixão em paixão fui gastando os poucos cêntimos que ainda trazia no bolso.
Por isso pede-me o que quiseres menos amor que é a única coisa que
não posso dar.
Ou então, faz precisamente o contrário e pede-me de todas as maneiras. Quem sabe, no meio da confusão, não encontro uma nota num bolso...
Repara, é que apaixono-me demasiado fácil e rápido e já quebrei demasiadas vezes. Conheci o que o amor não deve à loucura, ou à morte como acto.
Tudo se paga? Já não pergunto baixinho ou a medo, mas afirmo “Tudo se paga!” e de paixão em paixão fui gastando os poucos cêntimos que ainda trazia no bolso.
Por isso pede-me o que quiseres menos amor que é a única coisa que
não posso dar.
Ou então, faz precisamente o contrário e pede-me de todas as maneiras. Quem sabe, no meio da confusão, não encontro uma nota num bolso...
A praga de Praga :)
Foram quatro dias que podiam ter sido muito frios, mas não foram! O vinho aquecido fez pulsar as veias e a cidade é bonita. Respirá-la é bom, tão bom que tudo o que é o resto da vidinha estava armazenado num cantinho para depois ir buscar.
E isso fez com que no primeiro dia, de volta, me esquecesse de metade da agenda que estava programada.
Creio que parte de mim estava congelada na Praça S. Venscelau :)
E isso fez com que no primeiro dia, de volta, me esquecesse de metade da agenda que estava programada.
Creio que parte de mim estava congelada na Praça S. Venscelau :)
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Pés ao alto
Podia ser como um conto infantil. Mas este estava ao contrário.
Começava nos felizes para sempre e acabava no ponto em que (ainda/já) eram desconhecidos.
Começava nos felizes para sempre e acabava no ponto em que (ainda/já) eram desconhecidos.
Praga
É um trabalho duro, eu sei, mas alguém tem de o fazer. Eu faço, eu faço! Eu vou, eu vou...Manhãzinha e lá vou eu para Praga!
Se não ouvirem falar de mim, por favor mandem os cães, posso estar debaixo da neve que por lá cai!
Se não ouvirem falar de mim, por favor mandem os cães, posso estar debaixo da neve que por lá cai!
"Que eu não seja para ti, ó minha luz, um tormento tão ardente
como parece que o fui há uns dias atrás,
se, inflamada pela juventude, cometi algum erro,
confesso de que me penitencio muito mais
por ter-te deixado sozinho a noite passada
ao desejar que a minha paixão fosse ocultada."
Sulpícia - Elegia III, 18
Poemas de Amor - Antologia Poética Latina (I a.C - III)
Relógio D'Água, 2009
como parece que o fui há uns dias atrás,
se, inflamada pela juventude, cometi algum erro,
confesso de que me penitencio muito mais
por ter-te deixado sozinho a noite passada
ao desejar que a minha paixão fosse ocultada."
Sulpícia - Elegia III, 18
Poemas de Amor - Antologia Poética Latina (I a.C - III)
Relógio D'Água, 2009
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Aos molhos!
Parece que este fim-de-semana há dia dos namorados! Pois parece…
Comecemos, então:
Durante um beijo o ritmo cardíaco aumenta, podendo ultrapassar os 100 batimentos por minuto, as pupilas dilatam, a respiração torna-se mais profunda e os vasos sanguíneos expandem-se, permitindo ao organismo receber mais oxigénio.
A saliva contém substâncias antibacterianas. Como um beijo profundo aumenta a secreção salivar, pode ajudá-lo a manter a boca saudável.
A saliva contém substâncias antibacterianas. Durante um beijo está a trocar bactérias com o seu parceiro, o que estimula o seu sistema imunitário a criar anticorpos para bactérias estranhas.
É isto! Pela vossa saúde, ofereçam beijos! Molhos de beijos!
Comecemos, então:
Durante um beijo o ritmo cardíaco aumenta, podendo ultrapassar os 100 batimentos por minuto, as pupilas dilatam, a respiração torna-se mais profunda e os vasos sanguíneos expandem-se, permitindo ao organismo receber mais oxigénio.
A saliva contém substâncias antibacterianas. Como um beijo profundo aumenta a secreção salivar, pode ajudá-lo a manter a boca saudável.
A saliva contém substâncias antibacterianas. Durante um beijo está a trocar bactérias com o seu parceiro, o que estimula o seu sistema imunitário a criar anticorpos para bactérias estranhas.
É isto! Pela vossa saúde, ofereçam beijos! Molhos de beijos!
Tasmanices XXXVIII
Ontem, enquanto fazíamos a capa do próximo livro a ser escrito, a televisão ligada mostrava um anúncio a um shampoo (que por acaso eu uso)
Diaba- Isto é tudo mentira o que eles estão a dizer.
Mãe- Então porque filha?
Diaba- Tu usas aquele shampoo e por acaso tens um cabelo muito brilhante e sedoso? Não tens!
( Obrigada filha, por trazeres o meu ego para a realidade!!!!)
Diaba- Isto é tudo mentira o que eles estão a dizer.
Mãe- Então porque filha?
Diaba- Tu usas aquele shampoo e por acaso tens um cabelo muito brilhante e sedoso? Não tens!
( Obrigada filha, por trazeres o meu ego para a realidade!!!!)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Sala de Baile
Dançamos? A música já está a tocar e é a mesma. Dançamos?
Depressa passa o teu braço pela minha cintura e aperta-me. A ti cabe a honra castigadora de conduzir e a mim a de ser reflexo em marioneta que de vez em quando solta o fio para dar um toque de anca que embale levemente para outro lado.
Dançamos? Na boca está a rosa, que ganha na surpresa, ainda tem os espinhos. Cuidado, que farpas a rasgar os lábios não são necessárias pois que eles estão em sangue.
Suave, com cetim nos ombros onde a outra mão pousa até sacudir o pescoço numa volta. Suave.
Dançamos? Uma dança de roda e doçura que vai mais dentro e toda a dança depende desses olhos que com o calor embaciam e onde se podem fazer desenhos.
Dançamos?
Depressa passa o teu braço pela minha cintura e aperta-me. A ti cabe a honra castigadora de conduzir e a mim a de ser reflexo em marioneta que de vez em quando solta o fio para dar um toque de anca que embale levemente para outro lado.
Dançamos? Na boca está a rosa, que ganha na surpresa, ainda tem os espinhos. Cuidado, que farpas a rasgar os lábios não são necessárias pois que eles estão em sangue.
Suave, com cetim nos ombros onde a outra mão pousa até sacudir o pescoço numa volta. Suave.
Dançamos? Uma dança de roda e doçura que vai mais dentro e toda a dança depende desses olhos que com o calor embaciam e onde se podem fazer desenhos.
Dançamos?
(In)compatibilidades
Sentaram-se lado a lado e falaram longamente. Sobre o que eram e o que desejavam. No final perceberam que cada uma queria um pedaço da vida da outra, precisamente nos mesmo sítios. Só tiveram de arrancar os braços e o transplante foi feito ali mesmo, manchando a calçada de sangue. Não fazia mal, era o mesmo tipo O Rh D positivo
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Abro la ventana
Fiz um voto de castidade. Eu não estou para ninguém.
Apontadas ao meu coração, ou mais abaixo onde palpita vida, estão as mãos vazias que pedem que retirem o medo que as congelaram.
"Que grán silencio
Todo en suspenso
Que vértigo de no verte
Retumbo
Como una campana
Abro la ventana
Y entras tú
Entras tú…"
Apontadas ao meu coração, ou mais abaixo onde palpita vida, estão as mãos vazias que pedem que retirem o medo que as congelaram.
"Que grán silencio
Todo en suspenso
Que vértigo de no verte
Retumbo
Como una campana
Abro la ventana
Y entras tú
Entras tú…"
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Perguntas ardentes
Dizem as normas que caso se sinta um incêndio se deve permanecer calmo, não gritar e não correr. Que se deve tentar descobrir o fogo e tentar apagá-lo e caso não se consiga, dirigirmo-nos a uma saída de cabeça baixa.
E se o incêndio for dentro de nós? Tentamos apagar?
Também há normas de procedimento?
E se o incêndio for dentro de nós? Tentamos apagar?
Também há normas de procedimento?
Tasmanices XXVII
A ir para casa, dentro do elevador, fecho os olhos por um momentos.
Diaba- Que se passa, Mãe?
Mãe- Doi-me um bocado a cabeça, filha
Diaba- Mãe, se estás preocupada diz que eu ajudo-te!
(soubesses tu, filha, das vezes que sim, que só tu, me livras das preocupações :))
Diaba- Que se passa, Mãe?
Mãe- Doi-me um bocado a cabeça, filha
Diaba- Mãe, se estás preocupada diz que eu ajudo-te!
(soubesses tu, filha, das vezes que sim, que só tu, me livras das preocupações :))
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Cartas da Tasmania
Disseste que querias ter asas. E eu ri-me muito e disse-te que já tinhas.
- Não, não, asas a sério. Para poder voar e tocar no céu.
E eu continuava a rir, o riso a transbordar por todo o lado, porque já não cabia em mim.
- É dessas que eu falo também, filha, as asas de verdade. Que tens quando fechas os olhos e podes estar em todo o lado, em qualquer sítio a tocar qualquer coisa.
E tu outra vez, que querias voar e depois a rir também, com os olhos, a brilhar.
Deitamo-nos as duas, olhos fechados e eu a dizer-te o que via.
Foi a tua vez. Que estavas num campo cheio de flores e duas eram cor-de-rosa e quando se abriram, saímos nós, feitas fadas e voávamos por todo o lado.
Dei-te a mão e ainda de olhos fechados disse que te amava. Deste-me a mão e disseste que sou o teu mundo.
Deitadas, barriga para cima, olhos fechados e mão dada. O céu está mesmo aqui.
- Não, não, asas a sério. Para poder voar e tocar no céu.
E eu continuava a rir, o riso a transbordar por todo o lado, porque já não cabia em mim.
- É dessas que eu falo também, filha, as asas de verdade. Que tens quando fechas os olhos e podes estar em todo o lado, em qualquer sítio a tocar qualquer coisa.
E tu outra vez, que querias voar e depois a rir também, com os olhos, a brilhar.
Deitamo-nos as duas, olhos fechados e eu a dizer-te o que via.
Foi a tua vez. Que estavas num campo cheio de flores e duas eram cor-de-rosa e quando se abriram, saímos nós, feitas fadas e voávamos por todo o lado.
Dei-te a mão e ainda de olhos fechados disse que te amava. Deste-me a mão e disseste que sou o teu mundo.
Deitadas, barriga para cima, olhos fechados e mão dada. O céu está mesmo aqui.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Lua
Vem cá ler-me.
Lembras-te da minha voz? Lê-me como se estivesse ao teu lado a falar.
A dizer-te " E a ilusão? Tem de haver espaço para a ilusão?".
Chegaste ao meu.
Sê bem vindo.
Lembras-te da minha voz? Lê-me como se estivesse ao teu lado a falar.
A dizer-te " E a ilusão? Tem de haver espaço para a ilusão?".
Chegaste ao meu.
Sê bem vindo.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
To an old friend
"Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."
Fernando Pessoa
É isto. Os olhos são os mesmos, brilhantemente os mesmos. Serão sempre.
Mas, às vezes, de olhos fechados somos mais livres, porque não estamos sempre a anteceder em que rocha pomos os pés e nesta “cegueira” descobrimos pontes onde voamos. É neste momento que existe o espaço onde tudo pode acontecer.
Vamos conceder umas férias à intranquilidade dos corpos e às formatações ancestrais.
Começamos de novo? Diz-me de que gostas tu?
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."
Fernando Pessoa
É isto. Os olhos são os mesmos, brilhantemente os mesmos. Serão sempre.
Mas, às vezes, de olhos fechados somos mais livres, porque não estamos sempre a anteceder em que rocha pomos os pés e nesta “cegueira” descobrimos pontes onde voamos. É neste momento que existe o espaço onde tudo pode acontecer.
Vamos conceder umas férias à intranquilidade dos corpos e às formatações ancestrais.
Começamos de novo? Diz-me de que gostas tu?
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Final solution
Acordei-te de novo.
Tudo porque a minha mão não conseguia parar de desenhar espirais nas tuas costas, de pele morena, dobradas do tempo e de dormires debruçado sobre os sonhos.
Fecha os olhos. Fecha só mais um bocadinho e imagina. Deixa-te ir na suave confusão entre sonho e a realidade. Aquele pequeno momento do sonho dentro do sonho, em que nenhum sentido despertou completamente. Comete esse erro e sonha-nos.
Acordei-te de novo.
Tudo porque te deixei um beijo na face quando me inclinei para te sentir respirar tão tranquilamente.
Fecha os olhos. Fecha só mais um bocadinho. Podemos sobreviver ao depois do vazio e de outro vazio que nos atirou para um canto, espiões do Amor, que a nós não nos pertence, mas que olhamos gulosos de tanto quere-lo. Podias, por momentos, inventar-nos amantes, quase enfadonhos, da possibilidade do sossego da mão dada.
Mas
Acordei-te de novo. Despertei-te lascivamente, puxando-te para mim e fazendo-te baloiçar entre as minhas pernas. Acordei-te no desejo, que de manhã se torna fácil, pelo calor que os lençóis escondem.
É tarde demais…nada nos salva de outras ausências.
Tudo porque a minha mão não conseguia parar de desenhar espirais nas tuas costas, de pele morena, dobradas do tempo e de dormires debruçado sobre os sonhos.
Fecha os olhos. Fecha só mais um bocadinho e imagina. Deixa-te ir na suave confusão entre sonho e a realidade. Aquele pequeno momento do sonho dentro do sonho, em que nenhum sentido despertou completamente. Comete esse erro e sonha-nos.
Acordei-te de novo.
Tudo porque te deixei um beijo na face quando me inclinei para te sentir respirar tão tranquilamente.
Fecha os olhos. Fecha só mais um bocadinho. Podemos sobreviver ao depois do vazio e de outro vazio que nos atirou para um canto, espiões do Amor, que a nós não nos pertence, mas que olhamos gulosos de tanto quere-lo. Podias, por momentos, inventar-nos amantes, quase enfadonhos, da possibilidade do sossego da mão dada.
Mas
Acordei-te de novo. Despertei-te lascivamente, puxando-te para mim e fazendo-te baloiçar entre as minhas pernas. Acordei-te no desejo, que de manhã se torna fácil, pelo calor que os lençóis escondem.
É tarde demais…nada nos salva de outras ausências.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Tasmanices XXXVII
Aproveitando uns kilometros de viagem, fomos conversando sobre alguns assuntos da actualidade. Acerca do casamento homossexual:
Diaba- Mas antes não se podiam casar todos?
Mãe - Não filha, só era permitido o casamento entre homens e mulheres.
Diaba- Mas então e o Amor? É isso que interessa para casar!
(pois é filha, é mesmo isso :))
A propósito do nascimento do primo, a Diaba, pela primeira vez, pediu-me um irmão. Estes foram os argumentos:
Argumento 1- Tu gostas muito de crianças e já te fazia falta um bebé
Argumento 2- Eu preciso de um irmão para partilhar, que é o que tu me ensinas a fazer
Argumento final- Não tens de te preocupar com nada, eu trato de tudo!
(errrrr...bem argumentado, mas a parte do "eu trato de tudo" assusta-me!! LOL. Lamento, filha, mas não vais ter sorte...)
Diaba- Mas antes não se podiam casar todos?
Mãe - Não filha, só era permitido o casamento entre homens e mulheres.
Diaba- Mas então e o Amor? É isso que interessa para casar!
(pois é filha, é mesmo isso :))
A propósito do nascimento do primo, a Diaba, pela primeira vez, pediu-me um irmão. Estes foram os argumentos:
Argumento 1- Tu gostas muito de crianças e já te fazia falta um bebé
Argumento 2- Eu preciso de um irmão para partilhar, que é o que tu me ensinas a fazer
Argumento final- Não tens de te preocupar com nada, eu trato de tudo!
(errrrr...bem argumentado, mas a parte do "eu trato de tudo" assusta-me!! LOL. Lamento, filha, mas não vais ter sorte...)
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Água
Por favor, leva-me a ver o mar.
Como se fosse uma peça de teatro
Feita em dois actos.
Riríamos. Abraçados na espuma.
Afastavas-me os fantasmas de piratas com perna de pau
Que vêm sempre tentar saquear o momento.
Só tens de me levar, que eu vou
Devias saber…
Como se fosse uma peça de teatro
Feita em dois actos.
Riríamos. Abraçados na espuma.
Afastavas-me os fantasmas de piratas com perna de pau
Que vêm sempre tentar saquear o momento.
Só tens de me levar, que eu vou
Devias saber…
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Mais verde do que nunca!
O Sporting apresentou ontem, internamente, a sua mais recente modalidade: boxe de balneário.
Liedson e Sá Pinto concordaram numa demonstração aos colegas, prevendo-se que já na próxima semana todo o plantel esteja apto para a grande exibição pública.
P.S (num tom mais sério)- Eu percebo-vos! A sério! Também tenho tanta vontade, mas eu é mais partir rótulas! A única coisa chata é que parece que a violência não leva a lado nenhum e cenas assim...a não ser à porta da saída para o Sr. Sá Pinto.
Liedson e Sá Pinto concordaram numa demonstração aos colegas, prevendo-se que já na próxima semana todo o plantel esteja apto para a grande exibição pública.
P.S (num tom mais sério)- Eu percebo-vos! A sério! Também tenho tanta vontade, mas eu é mais partir rótulas! A única coisa chata é que parece que a violência não leva a lado nenhum e cenas assim...a não ser à porta da saída para o Sr. Sá Pinto.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Dreamer
"Outside my head, I cast a shadow.
I'm not someone who's seen this side of me,
but it drifts across the ground so down I look.
I could spend my time wondering who I was.
and I could count the times that I had lost or won.
And I could turn toward you and ask you what you saw.
But what do these feelings mean?
Come meet me on this path of wonder.
Take my hand I'd like to share with you."*
Nos minutos em que o tempo passa demasiado devagar para morrer, vagueio nos caminhos onde gostava de te levar, mão na mão. Nos caminhos onde, nus, nos riríamos dos erros que somos.
*Dreamer
I'm not someone who's seen this side of me,
but it drifts across the ground so down I look.
I could spend my time wondering who I was.
and I could count the times that I had lost or won.
And I could turn toward you and ask you what you saw.
But what do these feelings mean?
Come meet me on this path of wonder.
Take my hand I'd like to share with you."*
Nos minutos em que o tempo passa demasiado devagar para morrer, vagueio nos caminhos onde gostava de te levar, mão na mão. Nos caminhos onde, nus, nos riríamos dos erros que somos.
*Dreamer
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Inteligente Sedução
" És o meu Sol,
És o meu Brilho
O meu Ar
És a minha água
És o meu vodka!"
Direitinho para o coração do ASA! Isto era o conto de fadas, não era??
P.S - Foi dito... pena ter sido com muita galhofada e nada sério! LOL
És o meu Brilho
O meu Ar
És a minha água
És o meu vodka!"
Direitinho para o coração do ASA! Isto era o conto de fadas, não era??
P.S - Foi dito... pena ter sido com muita galhofada e nada sério! LOL
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
Conversas com chá
Sentaram-se frente a frente. Como se tivessem acabado de se conhecer e no meio havia uma mesa de distância para impor as mãos no sítio.
Reparou como era engraçado a expressão do corpo que não mente. “É ai que te quero até que me ouças e queiras vir aqui.”
Sentaram-se frente a frente como se não tivessem já partilhado uma cama e não houvesse a confiança dos cheiros.
Lá fora ouvia-se o vendaval, talvez o Demo andasse à solta, mandando chuva para servir de banda sonora às palavras que se queriam ter. Era absolutamente necessário – dizia ela - que ele percebesse que do acto físico não nascia nenhuma prisão para além da vontade. Não queria nada que fosse desenhado numa claridade qualquer que não existia em nenhum dos dois. A vivenda com cerca branca não era o imóvel perfeito para rasgos de tensão física que se queriam rebentar por anos de clausura.
E dizia-lhe isso, em suaves e treinados trejeitos de lábios, som por som, que dali só deveria vir o grau zero de não haver nenhuma ideia de amanhã. Nem obediência, que do que se passava em noite escura não interessava se ao sol os passos eram todos de outras direcções.
Tinha de lhe dizer que de lhe beber o corpo era a alma em estado puro, sem enganos dos jogos de xadrez a que os outros chamavam de sedução, que lhe vinha à memória como dois bons amigos que se conhecem por dentro e por fora.
Que de ser sua, por baixo de si, apenas abria portas ao momento da vontade e não firmava contrato a termo ou incerto, que sabe-se lá onde se assinaria, e por isso não valia a pena pensar se fazia bem em tocar-lhe, pois que o fazia tão bem quando a apertava.
Sentava-se à sua frente para lhe dizer que lhe queria conhecer dos gestos e dos gostos, do bater do coração e das asneiras que dizia quando se entalava. Que dos hábitos da rotina lhe ouviria o que quisesse dizer e que o total mensal não era contabilizado no dia a dia como se fosse um picar de ponto. Que lhe queria da inocência, da pureza do que eram, duas crianças frente a frente, e que só por isso era obrigatório o rasgar do corpo para que nada impedisse.
Quando voltaram a olhar a mesa tinha caído e à frente estava um campo que se fundia no mar.
Reparou como era engraçado a expressão do corpo que não mente. “É ai que te quero até que me ouças e queiras vir aqui.”
Sentaram-se frente a frente como se não tivessem já partilhado uma cama e não houvesse a confiança dos cheiros.
Lá fora ouvia-se o vendaval, talvez o Demo andasse à solta, mandando chuva para servir de banda sonora às palavras que se queriam ter. Era absolutamente necessário – dizia ela - que ele percebesse que do acto físico não nascia nenhuma prisão para além da vontade. Não queria nada que fosse desenhado numa claridade qualquer que não existia em nenhum dos dois. A vivenda com cerca branca não era o imóvel perfeito para rasgos de tensão física que se queriam rebentar por anos de clausura.
E dizia-lhe isso, em suaves e treinados trejeitos de lábios, som por som, que dali só deveria vir o grau zero de não haver nenhuma ideia de amanhã. Nem obediência, que do que se passava em noite escura não interessava se ao sol os passos eram todos de outras direcções.
Tinha de lhe dizer que de lhe beber o corpo era a alma em estado puro, sem enganos dos jogos de xadrez a que os outros chamavam de sedução, que lhe vinha à memória como dois bons amigos que se conhecem por dentro e por fora.
Que de ser sua, por baixo de si, apenas abria portas ao momento da vontade e não firmava contrato a termo ou incerto, que sabe-se lá onde se assinaria, e por isso não valia a pena pensar se fazia bem em tocar-lhe, pois que o fazia tão bem quando a apertava.
Sentava-se à sua frente para lhe dizer que lhe queria conhecer dos gestos e dos gostos, do bater do coração e das asneiras que dizia quando se entalava. Que dos hábitos da rotina lhe ouviria o que quisesse dizer e que o total mensal não era contabilizado no dia a dia como se fosse um picar de ponto. Que lhe queria da inocência, da pureza do que eram, duas crianças frente a frente, e que só por isso era obrigatório o rasgar do corpo para que nada impedisse.
Quando voltaram a olhar a mesa tinha caído e à frente estava um campo que se fundia no mar.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Contracções Musculares
Dói-me o corpo. Como se tivesse passado a noite toda a fazer amor.
Os braços estão cansados das flexões obrigatórias para sustentar o meu corpo a olhar o teu e depois descer em voo picado sobre os teus lábios.
No peito nasceu uma marca com contornos de boca e sinto-os mexidos até ao ponto de endurecerem sob as tuas mãos em descontrolo.
As pernas estão bambas da força que fizeram para se dobrarem ou esticarem, ajudando na impulsão dos ossos do quadril contra ti. O interior das coxas tem duas nódoas negras no sítio onde encaixaste e me rodaste em todos os graus que tem 360. Onde te encaixaste depois da vontade me abrir a ti.
Todos os meus músculos estão doridos das máximas contracções do orgasmo e os pés doem das cãibras que por vezes acontecem na altura de tudo explodir. Várias vezes. A noite toda.
Dói-me o corpo. Como se tivesse passado a noite toda a fazer amor.
Mais do que tudo dói-me o que não é palpável por não doer o corpo por amor.
Os braços estão cansados das flexões obrigatórias para sustentar o meu corpo a olhar o teu e depois descer em voo picado sobre os teus lábios.
No peito nasceu uma marca com contornos de boca e sinto-os mexidos até ao ponto de endurecerem sob as tuas mãos em descontrolo.
As pernas estão bambas da força que fizeram para se dobrarem ou esticarem, ajudando na impulsão dos ossos do quadril contra ti. O interior das coxas tem duas nódoas negras no sítio onde encaixaste e me rodaste em todos os graus que tem 360. Onde te encaixaste depois da vontade me abrir a ti.
Todos os meus músculos estão doridos das máximas contracções do orgasmo e os pés doem das cãibras que por vezes acontecem na altura de tudo explodir. Várias vezes. A noite toda.
Dói-me o corpo. Como se tivesse passado a noite toda a fazer amor.
Mais do que tudo dói-me o que não é palpável por não doer o corpo por amor.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Anexo
Sabes qual é o problema de acumular cicatrizes? É de nunca saber se dá e se se der, o passo que se deu nos levou para a frente ou, se pelo contrário, vieste ontem mas já não virás amanhã. É a porra do medo da história se repetir e de se abrir mais uma cicatriz. Medo puro.
Deixou de ser simples… and yet, everything must be love or leave
Deixou de ser simples… and yet, everything must be love or leave
Arquivos XI
Odeio-te. Assim de boca cheia. Odeio-te!
Odeio-te tanto quanto te amo, porque, sabes, o amor e o ódio andam juntos, juntos, e até se alimentam das mesmas hormonas.
Odeio-te como te amo, violenta e intensamente. Muito.
E é por isso que quero que morras lentamente, várias vezes, à mercê dos beijos meus!
Odeio-te tanto quanto te amo, porque, sabes, o amor e o ódio andam juntos, juntos, e até se alimentam das mesmas hormonas.
Odeio-te como te amo, violenta e intensamente. Muito.
E é por isso que quero que morras lentamente, várias vezes, à mercê dos beijos meus!
Tasmanices XXXVI
A Diaba estava num daqueles "estados" mimentos em dose dupla.
Ajudou-me a fazer o jantar e ao por a mesa resolveu fazer tudo bonitinho (expressão dela!). Usou os marcadores, bases de copes, argolas para os guardanapos que enrolou cuidadosamente. Depois pediu-me que pusesse música calma e acendesse uma vela.
A meio do jantar:
Diaba- Está tudo tão bonito Mãe. Este é que é um jantar romântico!
Depois de comermos, enquanto eu lavava a loiça e ela lentava a mesa, a música continuava a tocar. Ouvia-se "...I don't want you sad and blue, i just wanna make love with you.."
Diaba- Dança comigo Mãe, que esta é uma música sexy!
(Errrrrr filha, pois tudo muito bonito, mas....)
Ajudou-me a fazer o jantar e ao por a mesa resolveu fazer tudo bonitinho (expressão dela!). Usou os marcadores, bases de copes, argolas para os guardanapos que enrolou cuidadosamente. Depois pediu-me que pusesse música calma e acendesse uma vela.
A meio do jantar:
Diaba- Está tudo tão bonito Mãe. Este é que é um jantar romântico!
Depois de comermos, enquanto eu lavava a loiça e ela lentava a mesa, a música continuava a tocar. Ouvia-se "...I don't want you sad and blue, i just wanna make love with you.."
Diaba- Dança comigo Mãe, que esta é uma música sexy!
(Errrrrr filha, pois tudo muito bonito, mas....)
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Ponto
Pois… eu sei… é a atracção pelo abismo e isso faz de mim tão louca como os que se cruzam.
Não tenho problemas em desempenhar muito bem a responsabilidade da vidinha, mas não me queiram reduzir. Preciso de sentir mais que o quotidiano. Nem sequer é preciso muito ou grandes aparatos. Coisas simples.
E este é um ponto que não voltará a estar aberto a discussão.
Não tenho problemas em desempenhar muito bem a responsabilidade da vidinha, mas não me queiram reduzir. Preciso de sentir mais que o quotidiano. Nem sequer é preciso muito ou grandes aparatos. Coisas simples.
E este é um ponto que não voltará a estar aberto a discussão.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Ventos
Um verbo é muito maior que um substantivo. Um nome é um nome, um verbo é um movimento.
Amor é grande e abarca o mundo, mas Amar é uma acção, faz girar e sentir.
- Vim aqui Amor (fechado na própria frase)
- Vim aqui Amar (tudo pode e está a acontecer)
Subtilezas que fazem do Amor algo que se tenta definir num universo criado e numa realidade física, e do Amar uma corrida cheia de possibilidades, de cores, montanhas e vales e sempre, sempre, sempre a acontecer.
E esta podia ser uma verdade tão universal como outra qualquer...
Amor é grande e abarca o mundo, mas Amar é uma acção, faz girar e sentir.
- Vim aqui Amor (fechado na própria frase)
- Vim aqui Amar (tudo pode e está a acontecer)
Subtilezas que fazem do Amor algo que se tenta definir num universo criado e numa realidade física, e do Amar uma corrida cheia de possibilidades, de cores, montanhas e vales e sempre, sempre, sempre a acontecer.
E esta podia ser uma verdade tão universal como outra qualquer...
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Português
Se te disser "Sou tua"
Reviras-me as entranhas no meio de uma montanha russa
pronta a vomitar os restos que não são de ninguém, porque hoje sou só tua?
Se te disser “ Sou tua”
Rebentas-me a luz cheia de cores, como se fosse sempre a primeira vez?
Se te disser “Sou tua”
Desmembras-me como se fosse um poema, sílaba a sílaba?
Se te disser " Sou tua"
Matas-me devagar, no meio dos teus braços?
Sou tua
Reviras-me as entranhas no meio de uma montanha russa
pronta a vomitar os restos que não são de ninguém, porque hoje sou só tua?
Se te disser “ Sou tua”
Rebentas-me a luz cheia de cores, como se fosse sempre a primeira vez?
Se te disser “Sou tua”
Desmembras-me como se fosse um poema, sílaba a sílaba?
Se te disser " Sou tua"
Matas-me devagar, no meio dos teus braços?
Sou tua
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Tasmanices XXXVI
O vizinho do lado, o M., com dois anos e meio, é o mais parecido possivel com o anão zangado. Rezingão, ontem ainda estava mais porque estava um pouco adoentado. Ao jantar, para o fazer comer, comecei com conversinhas:
Mãe - M. diz-me lá o nome dos teus amigos
M- Não gosto dos meus amigos. Não quero brincar com eles.
Mãe - Não gostas dos amigos? Mas porque?
M- Não gosto e bato-lhes!
Diaba- Achas que vais a algum lado com esse tipo de atitude? Seres assim não te leva a lado nenhum, meu menino!
( Ó filha, a sério, tens muita razão, mas não consigo parar de rir...tu, pequenita, a falar como se fosses Mãe ou professora dele!)
Quando foi para a cama, a Diaba resolveu levar uma almofada do sofá.
Mãe- Para que queres tu essa almofada?
Diaba- Ó Mãe é para por debaixo das pernas por causa da circulação!
(Certo filha, começa já a prevenir as varizes!)
Mãe - M. diz-me lá o nome dos teus amigos
M- Não gosto dos meus amigos. Não quero brincar com eles.
Mãe - Não gostas dos amigos? Mas porque?
M- Não gosto e bato-lhes!
Diaba- Achas que vais a algum lado com esse tipo de atitude? Seres assim não te leva a lado nenhum, meu menino!
( Ó filha, a sério, tens muita razão, mas não consigo parar de rir...tu, pequenita, a falar como se fosses Mãe ou professora dele!)
Quando foi para a cama, a Diaba resolveu levar uma almofada do sofá.
Mãe- Para que queres tu essa almofada?
Diaba- Ó Mãe é para por debaixo das pernas por causa da circulação!
(Certo filha, começa já a prevenir as varizes!)
7º ano
Chama-se B. N.
Foi a minha primeira paixão. Paixão nos termos básicos em que a reconheço hoje, com muito fogo a queimar cá dentro e uma vontade incrível de correr.
Foi a minha primeira paixão. Éramos jovens, eu um pouco mais jovem que ele… tão jovens que gostar dele valeu-me grandes castigos parentais!
Não nos separávamos. Nem quando nas aulas nos obrigavam a carteiras separadas e o tempo enchia-se a escrever bilhetes que passávamos, às vezes presos nos atacadores dos ténis, pernas esticadas para o outro.
Os nossos pais foram chamados ao Conselho Directivo e no ano a seguir separaram-nos de turma.
Não fazia mal. Encontrávamo-nos nas esquinas, nos caminhos, na janela dele. Qualquer lado.
Fomos crescendo, mudámos de escola, mudámos de mundos, mas continuamos a partilhar a janela dele como porta de entrada para um outro mundo, nosso. Connosco o Leão, cão rafeiro de grande porte, que, satisfeito, saltava pela janela para logo correr para dentro de casa atrás de nós.
Foi ele que me mostrou erva e pastilhas. Explicou-me o que eram e o que provocavam. Acho que foi por isso que nunca tive curiosidade em experimentar. Ele já me tinha mostrado.
Foi com ele que aprendi a gostar de andar de mota. Era louco a acelerar e muitas vezes os capacetes foram substituídos por bonés, para podermos falar melhor enquanto andávamos. Inconscientes? Sim, mas de uma simplicidade que não se voltou a repetir.
Passaram muitos anos desde que nos vimos pela última vez. Muitos.
Hoje ele encontrou-me virtualmente e ainda não parámos de falar. E continua a ser tão simples! Hoje parece que estou no sétimo ano, no primeiro dia de aulas, parece que o vi entrar e pensei “ É pá, este gajo é novo na escola! Quero conhece-lo!”
E isto é o que o mundo virtual, as redes sociais, têm de bom. Voltar a encontrar
Só não consigo dedicar-me à agricultura…falta-me o cheiro a terra nas mãos!
Foi a minha primeira paixão. Paixão nos termos básicos em que a reconheço hoje, com muito fogo a queimar cá dentro e uma vontade incrível de correr.
Foi a minha primeira paixão. Éramos jovens, eu um pouco mais jovem que ele… tão jovens que gostar dele valeu-me grandes castigos parentais!
Não nos separávamos. Nem quando nas aulas nos obrigavam a carteiras separadas e o tempo enchia-se a escrever bilhetes que passávamos, às vezes presos nos atacadores dos ténis, pernas esticadas para o outro.
Os nossos pais foram chamados ao Conselho Directivo e no ano a seguir separaram-nos de turma.
Não fazia mal. Encontrávamo-nos nas esquinas, nos caminhos, na janela dele. Qualquer lado.
Fomos crescendo, mudámos de escola, mudámos de mundos, mas continuamos a partilhar a janela dele como porta de entrada para um outro mundo, nosso. Connosco o Leão, cão rafeiro de grande porte, que, satisfeito, saltava pela janela para logo correr para dentro de casa atrás de nós.
Foi ele que me mostrou erva e pastilhas. Explicou-me o que eram e o que provocavam. Acho que foi por isso que nunca tive curiosidade em experimentar. Ele já me tinha mostrado.
Foi com ele que aprendi a gostar de andar de mota. Era louco a acelerar e muitas vezes os capacetes foram substituídos por bonés, para podermos falar melhor enquanto andávamos. Inconscientes? Sim, mas de uma simplicidade que não se voltou a repetir.
Passaram muitos anos desde que nos vimos pela última vez. Muitos.
Hoje ele encontrou-me virtualmente e ainda não parámos de falar. E continua a ser tão simples! Hoje parece que estou no sétimo ano, no primeiro dia de aulas, parece que o vi entrar e pensei “ É pá, este gajo é novo na escola! Quero conhece-lo!”
E isto é o que o mundo virtual, as redes sociais, têm de bom. Voltar a encontrar
Só não consigo dedicar-me à agricultura…falta-me o cheiro a terra nas mãos!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Lhasa de Sela
Morreu na passada sexta-feira.
Mas quem canta assim, na realidade nunca morre. Como hoje aqui, que, viva, canta
Já fui muito feliz ao som desta música...
"Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia
Me acerco al agua
Bebiendo tu beso
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo
Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo
Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma
Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia
Me acerco al fuego
Que todo lo quema
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo
Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo
Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma"
Mas quem canta assim, na realidade nunca morre. Como hoje aqui, que, viva, canta
Já fui muito feliz ao som desta música...
"Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia
Me acerco al agua
Bebiendo tu beso
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo
Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo
Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma
Con toda palabra
Con toda sonrisa
Con toda mirada
Con toda caricia
Me acerco al fuego
Que todo lo quema
La luz de tu cara
La luz de tu cuerpo
Es ruego el quererte
Es canto de mudo
Mirada de ciego
Secreto desnudo
Me entrego a tus brazos
Con miedo y con calma
Y un ruego en la boca
Y un ruego en el alma"
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
13
Eu sinto. Como se fosse uma respiração calma e controlada no meu pescoço. Estou de olhos fechados e sinto. Como se estivesses ali, como se me quisesses a tremer com um sopro quente que afugentasse o frio que se cruza lá fora.
O hálito, que acompanha os meus sonhos vestindo-me de uma camisa permanente nos botões fechados por ti, denuncia-te.
Adivinho-te aqui, tão próximo quanto possível. Gostava de me surpreender ao saber pensares em mim da mesma maneira que eu penso em ti, contrariando a má sorte a que nos destinámos.
O hálito, que acompanha os meus sonhos vestindo-me de uma camisa permanente nos botões fechados por ti, denuncia-te.
Adivinho-te aqui, tão próximo quanto possível. Gostava de me surpreender ao saber pensares em mim da mesma maneira que eu penso em ti, contrariando a má sorte a que nos destinámos.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Feliz 2010
"...a todos nós, os errants, que acreditamos que o Amor domina. Levantemo-nos e deixemos que ele brilhe."
WM. Paul Young A Cabana
WM. Paul Young A Cabana
Subscrever:
Mensagens (Atom)